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O perigo de amar

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Vicente Serejo
Tenho muito medo das psicólogas, Senhor Redator. Das psiquiatras, então, nem pensar. A sensação é que elas nos devassam com os olhos. Percebem, no salão mais escondido na alma, o quanto somos frágeis e como nossos medos tão recônditos, feito verso de soneto parnasiano. Melhor é não tê-las diante dos olhos. Sobretudo, e principalmente, é bom não desafiar os seus longos e calados silêncios que lançam sobre nós e nos cobrem de uma terrível e dura compaixão.  
Ainda assim, e talvez por isso, afinal o medo é uma forma de paixão, não deixo de arriscar o olho na fresta de alguns dos seus livros e artigos. Devagar, pé ante pé, como quem pisa no chão falso da areia movediça. Algumas vezes, confesso, faço pequenas descobertas do que certamente não encontraria nos que imaginam a humana verdade como algo tão conhecido da ciência. Gosto das dúvidas, se erguidas com aquele olhar de quem sabe do perigo que é ter certezas absolutas. 
Outro dia – no passeio pelas páginas da Folha de S. Paulo que por conta da irregularidade dos vôos só chega para os assinantes velhos de dois em dois dias, ou até mais – dei de cara com um título inesperado no artigo de Vera Iaconelli, doutora em psicologia, titular da Universidade de São Paulo e autora de vários livros: “O amor cobra sua fatura”. E logo abaixo, antes do texto, a frase de realce, como se não bastasse e que já começa assim: “Do amor ninguém sai ileso…”.   
Dito por um cronista, sem-título, como este, não seria mais que uma tolice intelectualoide. Mas não é o caso. Todos sabem que o amor é mesmo uma das mais fortes sensações humanas. Não é muito advertir, e Iaconelli é a primeira a lembrar que os franceses chamam o orgasmo de ‘petit mort’, ou ‘pequena morte’, tal a sensação de vertigem. É que o prazer, informa a professora, passa bem ali, perigosamente muito perto da sensação de morte, como diante do grande abismo. 
Ora, se você pensa que saiu ileso dos amores que viveu, e se amou muito, é bom pôr os olhos no texto de Iaconelli: “A jura de amor tem sempre algo de despedida, pois cada segundo no qual se desfruta da presença do outro é um segundo a menos do tempo que resta. O desejo se renova na exata medida do temor”. E depois: “Nos casais o amor é o que pode sobrar quando acaba o chantilly da paixão”. Até que se alcance, casto e puro, o amor sem sexo, se é que existe. 
As delongas, Senhor Redator, exigiriam muitas linhas e laudas, bem mais do que o espaço da crônica permite. Tudo isto é apenas para informar que a professora Vera Iaconelli não acredita muito que a vida ficará sem graça com a morte do amor romântico que para alguns parece tão verdadeiro. O homem e a mulher – diz ela – encontrarão outras formas. Mas preconiza, agora que vivemos sob a foice da peste: os heróis do nosso tempo serão aqueles capazes de amar os outros. 
AÇÃO – Os proprietários das áreas desapropriadas e não indenizadas do aeroporto Aluízio Alves vão impetrar uma ação popular contestando o parecer que impõe ao RN a dívida que é da União.
LUTA– Há mais de vinte anos que três quartos dos proprietários lutam pela indenização justa de suas propriedades, compromisso que a União assumiu por escrito e quer transferir para o Estado.
REAÇÃO – Como o Estado do Rio Grande do Norte não contesta, a saída jurídica para manter a responsabilidade da União é impetrar uma ação popular. Ação que vale mais de R$ 20 milhões.

SORTE – A governadora Fátima Bezerra tem sorte duas vezes: não tem dado razões para sofrer críticas contundentes; e tem uma oposição que apesar de raivosa é de uma incompetência total.   
SELO – O ministro Fábio Faria, das comunicações, acatou a ideia de lançamento, ainda este ano, de um selo comemorativo dos 150 anos de nascimento de Tonheca Dantas. Ele e seu bombardino.
RISCO – “Os sociopatas genocidas estão exterminando os brasileiros e transformando o Brasil em uma ameaça sanitária global”. Quem escreve, na Folha, é a antropóloga Mirian Goldenberg.
SINAIS – O Brasil, sem líder, varado pela peste e a fome, mobiliza-se. E adverte, numa palavra de ordem nunca vista que revela um estado de desespero: ‘Quando a favela fala é melhor ouvir”. 
FORÇA – O manifesto ocupa a página inteira dos principais jornais no lançamento da campanha ‘Fome Mata’. É o grito ‘de 11,4 milhões de pobres, pretos e pardos espalhados em 7 mil favelas’. 
AVISO – A quem, por erro ou má fé, acha que na disputa Bolsonaro versus Lula há resultado ideal: a polarização separa populismos extremados e inconsequentes. Enquanto os brasileiros, sem um líder e, muito menos, um estadista, lutam para manter a democracia já reconquistada.     
AMOR – A novela ‘Amor de Mãe’ chega ao final retomando sua forma eterna de amor que é o amor materno. E chega aos dois mil e vinte e um da era cristã com sua mesma vitalidade quase bíblica. Mais do que um tema da dramaturgia, ontem e hoje, o amor materno é transcendental.  

SONHOS – Do poeta Horácio Paiva, abertura do poema Alhambra, do alto das pirâmides de sal que se erguem no azul, a catedral da infância sempre terna: “Não vim em busca de teu passado / mas de teu sonho / eis que o sonho é sempre maior /e se ergue acima do entendimento”. 
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