Ramon Ribeiro
Repórter
O acaso move a vida do pescador Zé Maria. Num dia, ao voltar do mar em Baía Formosa, o jovem então com 18 anos avistou um aglomerado de pessoas na praia. Curioso, chegou junto para descobrir do que se tratava. Foi quando o preparador de elenco Sergio Penna (Bicho de Sete Cabeças, dentre outros filmes e novelas) bateu os olhos nele e disse: “você é o cara que eu estava procurando para o filme”. O filme era “Sonhos de Peixe”, mas na época, mesmo sem entender do que se tratava, mergulhou na história com o mesmo ímpeto desbravador que vinha se lançando ao mar. Esse mergulho foi dar em Cannes em 2006, onde o rapaz marcou presença no festival francês como protagonista do longa-metragem “Sonhos de Peixe”, do diretor russo Kirill Mikhanovsky. Depois da primeira experiência na sétima arte, outros convites para atuar vieram e atualmente ele está gravando seu quinto filme, na Paraíba.
Mas aí o acaso, de novo, empurrou Zé Maria para outra maré, a música. E apadrinhado por ninguém menos que Ney Matogrosso, o pescador acaba de gravar seu primeiro disco. Ney Matogrosso conheceu o trabalho de Zé Maria em um barzinho de Baía Formosa, onde além de pescador ator, é cantor e guia turístico. Ele o viu cantar e enxergou nele potencial.
#SAIBAMAIS#“O Zé é uma pessoa muito diferente. Sua música é original. O fato de ser um pescador desperta curiosidade nas pessoas. Mas sua música não é regional. Seu disco é pop”, diz Ney em vídeo gravado durante a produção de “Pescador”, álbum de estreia de Zé Maria, cuja direção artística é do próprio Ney, com produção musical de Rodrigo Campello – produtor, dentre outros artistas, dos discos da potiguar Roberta Sá.
Zé Maria conheceu Ney em Baía Formosa quando o amigo cineasta Tavinho Teixeira o avisou que estava chegando na cidade com o cantor. Como, além de pescador e ator, Zé também se vira como guia turístico, Tavinho pediu para ele dar uns passeios na cidade com o Ney. “Convidei o Ney para ir na pousada em que trabalho, onde eu iria fazer uma apresentação. Cantei algumas canções conhecidas e composições minhas. Dias depois ele me ligou do Rio de Janeiro perguntando se eu estava afim de gravar um disco. Claro que topei. Ele me pediu os documentos e horas depois me mandou a cópia das passagens compradas”, lembra Zé Maria em conversa ao VIVER.
Foram 20 dias de gravação no Rio de Janeiro, sob os cuidados de Ney, que, além de ter emprestado sua voz para duas das 11 faixas do disco, contratou os músicos que formaram a banda no estúdio. Segundo Ney, os arranjos foram pensados a partir do trabalho voz e violão do Zé Maria. “Não inventamos nada. Tudo que fizemos estava embutido no violão dele”, disse o cantor mato-grossense.
No estúdio com Rodrigo Campello e Ney Matogrosso: letras com sabor de mar e arranjos para violão
As gravações foram em fevereiro deste ano. Agora no começo de junho o disco pronto chegou às mãos de Zé Maria para ser divulgado e comercializado. O potiguar vai começar a buscar lugares para se apresentar. Mas não pára por ai. A Som Livre se mostrou interessada no trabalho e no momento está em negociação a possibilidade do álbum entrar no catálogo da gravadora para lançamento nacional.
Colaborou Cinthia Lopes