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O poeta bailarino

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Woden Madruga
São João sem fogueira, sem buscapé, sem balão, sem forró, sem Luiz Gonzaga, que não se ouve mais por estas bandas: “Olha pro céu, meu amor/ Vê como ele está lindo/ Olha pra aquele balão multicor/ Como no céu vai sumindo // Foi numa noite igual a esta/ Que tu me deste o coração/ O céu estava assim em festa/ Porque era noite de São João”. Não houve festa nem balão. Semana também sem chuva nos agrestes daqui.   Notícias ruins como as que chegam de Brasília, toda hora. Mas houve uma brecha boa nesta aldeia cascudiana: lançamento de novos livros. Entre eles, “A morte sem bússola”, que reúne poemas de dois livros de Antônio Pinto de Medeiros: “Um poeta à toa” e “Rio do Vento”. Momentos de boa leitura
O título completo do livro é “A morte sem bússola – Antônio Pinto de Medeiros (Poesia reunida) ”, que sai com o selo da editora Sol Negro. Tem orelha assinada pelo poeta e editor Márcio Simões e posfácio do poeta e ilustrador Victor A. Azevedo, organizadores do livro. Destaque especial para o prefácio ou apresentação de Tarcísio Gurgel, com o título “Conversa sobre Antônio Pinto”. Tarcísio conhece muito bem a vida e obra de Antônio Pinto, já registada no seu livro “Informação da Literatura Potiguar”, publicado em 2001.
O prefácio é um ensaio que enriquece a nossa literatura, da qual Tarcísio é doutor de mesmo. São vinte páginas. Se APM  ainda andasse por estas bandas daqui, ele, que também foi professor,  jornalista, cronista esportivo e agitador cultural,  certamente daria nota dez  para Tarcísio e concordaria com o retrato três por quatro  que o autor de “Os de Macatuba”  (acaba de sair numa quinta edição) lhe traçou: “Jamais se afastou de uma boa polêmica; e que agitando o meio jornalístico e literário da capital, proporcionou ganhos à Vida Literária e Literatura Potiguares, além de também produzir poesia de ótima qualidade, de estranha e rica concepção”.
Tarcísio também confirma que o historiador Claudio Galvão está escrevendo a biografia de Antônio Pinto de Medeiros. Tomara que o livro saia ainda este ano, quando o poeta faria 102 anos. Nasceu em 9 de novembro de 1919, encantou-se em 02 de fevereiro de 1970 aos 50 anos de idade.
O livro é ilustrado com oito fotos de APM ao lado de outras pessoas. Pena que faltaram legendas com detalhes dos flagrantes. Acho que as fotografias são do tempo em que o poeta se mudou para o Rio de Janeiro (final dos anos de 1950), trabalhando em “O Jornal”, dos Diários Associados.
Depois de ler “A morte sem bússola”, pego   na estante aposentada o livro “Basta de Amargura”, que reúne 200 crônicas de Arthur Carvalho, imortal da Academia Pernambucana de Letras.  Uma delas fala sobre Antônio Pinto. Arthur, cronista do Jornal do Commércio de Recife por mais de 40 anos, morou em Natal no final dos anos de 1940 começo dos 50. Foi aluno de Antônio Pinto. A crônica tem o título de “O preço do pirulito”. Destaco alguns trechos:
– Em fins 1948, aos 13 anos de idade, cheguei em Natal, com meus pais e irmãos (…). Em 1951 ingressei no Atheneu, no pico da Avenida Junqueira Aires, ladeira que liga a cidade baixa à alta. Aí passei temporada maravilhosa, tendo como mestres, entre os melhores, Esmeraldo Siqueira e Antônio Pinto.
– Além de intelectual famoso nas rodas boêmias natalenses, Antônio Pinto era exímio bailarino, não perdendo a matinê dançante, domingueira, do Aero Clube. Cabelos negros, desalinhados, desfilava pelo salão do simpático clube do Tirol, ao compasso de boleros e baiões, muito em moda à época. Um dia, em plena aula, disse que os economistas eram arrogantes, falando em economês, para impressionar os otários. E que certa vez perguntou a um deles por que todos os gêneros alimentícios, guloseimas e “brebotes” aumentavam de preço, e o pirulito, de garapa ou de mel de abelha, tão apreciado no Nordeste, não sofra reajuste há mais de 40 anos, e o economista não soube responder. E completou, diante dos alunos perplexos: “O tema da redação de hoje é o pirulito. Se virem…”.  Acendeu um cigarro e se picou, dentro de seu costumeiro terno branco. Está dando trabalho a São Pedro, que apesar de santo e porteiro do céu, assim como os economistas, nada deve entender de pirulito. ”
Mais livro
Outra boa notícia é a chegada do novo livro de Ivan Maciel de Andrade, “Fios da Meada”, que sai com o selo da editora Caravela. Reúne 113 crônicas-artigos-ensaios que o autor publica, cada sábado, nesta Tribuna do Norte, há muitos anos.
A literatura, que é o grande oceano (navegar é preciso) de Ivan, é o mote de suas crônicas. Rica e saborosa leitura. O livro tem prefácio de Vicente Serejo e orelha de Sheila Azevedo.

Palatnik

Deu na coluna de Ancelmo Gois, de O Globo:
– Nova geração Palatnik nas artes plásticas, Bernardo Palatnik é neto do artista Abraham Palatnik, referência da arte cinética no Brasil – e mais uma vítima-19 em maio do ano passado. Formado em desenho industrial na PUC-Rio, trabalhou como design de joias, mas se viu impelido a seguir os passos do avô que, ao lado dos americanos Jackson Pollock e Frank Stella, é uma de suas maiores inspirações. Ele participa da 2ª Mostra Rio Arquitetura Design Garden que começa dia 26 (ontem), no Shopping Metropolitano Barra, com três quadros”.
Notinha de WM: Abraham Palatnik nasceu em Natal em 1928, filho de um casal de judeus-russos, que chegou por aqui nos idos de 1912 (eram cinco irmãos). É doutor honoris causa da UFRN, agraciado em 2012, e o seu nome foi dado à Galeria (no mezanino) do Mercado de Petrópolis.

Boiada

Título do artigo do advogado e professor de Direito Internacional e Direito Humano da FGV, Thiago Amparo, publicado na Folha de S. Paulo, de quinta-feira, 24 sobre a demissão do ministro Ricardo Salles: “Salles sai, boiada fica”.
Da analista política Miram Leitão, de O Globo, sobre o mesmo mote: “Salles não foi apenas o pior ministro do meio ambiente: foi o ministro contra o meio ambiente. Fez uma demolição de tudo: atacou Ibama, ICMBio, Fundo da Amazônia, em que conseguiu brigar com investidores. ”

Política

Deu em todos os jornais com chamadas de capa: Pesquisa do instituto IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), ex-Ibope, anunciada essa semana, aponta que 68% dos brasileiros não confiam no governo do presidente Bolsonaro. Apenas, 30% confiam. A mesma pesquisa revela que 66% desaprovam o governo Bolsonaro. Com relação a última pesquisa, a queda do capitão foi de 10 pontos. A avaliação do governo ficou assim: Ótimo e Bom, 24%; ruim e péssimo, 49%; regular, 24%.
Na corrida presidencial do ano que vem o IPEC mostra Lula na frente com 49% das intenções de voto, seguido de Bolsonaro com 26 pontos percentuais, Ciro Gomes, 7%, João Dória, 5%.
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