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O pouso de Renato Terra

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Yuno Silva
repórter

A busca por um pouco mais de tranquilidade e qualidade de vida motivou o músico carioca Renato Terra a trocar o glamour do bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, por Natal. Cantor de sucesso no início dos anos 1980, quando estourou com a música “Bem-te-vi” (Dalto/Cláudio Rabello), com a qual recebeu disco de ouro, Terra mudou-se para a Cidade do Sol ‘de mala e cuia’. Compositor, arranjador e produtor musical, desde o início do mês de maio Renato vem buscando espaço no mercado local com o Bem-te-vi Estúdio — localizado em Morro Branco.

Inquieto, Renato Terra conversou com a reportagem enquanto experimentava instrumentos, testava equipamentos e mandava e-mails“No Leblon era vizinho da Miúcha, do Oswaldo Montenegro, Leo Gandelman. João Gilberto e Bebel Gilberto também moraram no prédio onde ainda mantenho um apartamento, a (atriz) Cléo Pires está sempre por lá. Estava há 40 anos no Leblon e não aguentava mais o caos urbano do Rio de Janeiro: muito trânsito, a água do mar gelada e o clima muito úmido que me atacava uma sinusite três vezes por mês”, disse ele.

Renato começou a pensar seriamente em vir morar no Nordeste quando esteve em Aracaju (SE), em 2006, para gravar o DVD “Renato Terra e Amigos”. Foi parar na capital sergipana convidado por um amigo que conheceu nos tempos que trabalhou na TV Globo como produtor de jingles e trilhas sonoras. “Circulei por várias capitais e fiquei fascinado por Aracaju, João Pessoa (PB) e Natal, vi que aqui teria mais possibilidades profissionais”, garante.

Bateu o martelo depois de participar do projeto Seis e Meia em 2008. “Logo que cheguei fui morar em Ponta Negra, mas optei por morar na mesma rua onde o estúdio funciona (bairro de Morro Branco). Venho a pé para o trabalho, é só atravessar a rua”, comemora o artista que freqüenta as praias urbanas do centro.

Terra trouxe 700 quilos de equipamentos e lembra que quando os amigos souberam da decisão deram força: “Disseram que se pudessem viriam também!”

Trabalhando com estúdio desde 1998, ele acredita que até 2015 a venda de músicas online vai dominar o mercado brasileiro. “Antes da internet e do Napster (primeiro programa a popularizar a troca de arquivos), um artista recebia disco de ouro a cada meio milhão de cópias vendidas, hoje, com a crise da indústria fonográfica, esse número caiu para 50 mil”, explica o carioca, que tem nove discos gravados e dois discos de ouro no currículo. 

Dos estúdios da som livre para sua casa, em morro branco

Terra conta que acompanhou todo o desmonte dos estúdios mantidos pelas grandes gravadoras, no início dos anos 2000, inclusive arrematou algumas caixas de som daSom Livre  — gravadora que era mantida pela Rede Globo e lançou trilhas sonoras de novelas.  São equipamentos da marca JBL, uma das melhores e utilizadas por nomes famosos como Roberto Carlos e Djavan. “Todo mundo gravou com elas de 1988 até 2002”, lembrou ele, já colocando os alto-falantes para funcionar com sons pré-gravados de equipamentos vintages muito utilizados por bandas de rock progressivo como as britânicas Gênesis e Yes.

“Gosto desses timbres mais clássicos, mas trabalho com todo tipo de som”, salienta. Nos planos do Renato arranjador está a “gravação de um forró – de raiz, diga-se de passagem – com uma pegada pop e country”, disse, experimentando a levada na bateria eletrônica montada no estúdio.

“Não sou apenas o engenheiro de som que opera os equipamentos no estúdio, gosto de contribuir musicalmente: se o artista quiser, dou umas dicas nos arranjos, na escolha de repertório.  É interessante oferecer esse diferencial.”

Experiência não falta.  Renato Terra é filho de pai maestro e mãe professora de piano, uma austríaca com quem começou a estudar aos seis anos. Tornou-se profissional da música em 1976 e, 22 anos depois resolve se dedicar ao estúdio: produziu bastante coisa para a TV Globo e Fundação Roberto Marinho, empresas como Coca-cola e Prêmio TIM de Música. Produziu jingles e vinhetas para abertura de programas de TV (Planeta Xuxa), trilhas sonoras de comerciais, novelas e filmes (“Bossa Nova”; “Sonhos e Desejos”; e “Os Desafinados”).

Gravou com grandes nomes da música brasileira como Milton Nascimento, Djavan, Gal , Bethânia, Wagner Tiso, Beto Guedes, Chico Buarque, Tim Maia, Leo Gandelman, Fábio Jr,  Erasmo  e Sandy. Terra é da época em que se compunha canções para trilha de novelas. Dessa leva, além de Bem Te vi em “O amor é Nosso”, gravou “Pena eu não saber”, para a novela “Te Contei” de 1981. Também compôos para as novelas “Final Feliz” (Quebra-Gelo); “Armação Ilimitada” (Coisa de Momento); “Selva de Pedra”  (Toda Madrugada); “Felicidade”  (Descoberta); “Deus nos Acuda” (Paixão Esquecida); “A Viagem” (Meu Grande Amor) e “Estrela Guia”  (Lá em Mauá).

Serviço: para saber mais: Bem te vi
Estúdio. Rua José Ovídio Vale, 1895 – Morro
Branco. Tel. 8118-1227

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