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O presidente responde

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Em uma entrevista o senhor disse que o Brasil iria se surpreender com o governo da Dilma Rousseff. Em que sentido serão as surpresas?

Rafael Soares, 26 anos, administrador de Cuiabá (MT)

Presidente Lula – Acho que a principal surpresa vai ser em relação à sua capacidade de comandar, de produzir, de fazer as coisas andarem, de fazer acontecer. Ela já demonstrou isso ao longo de meus dois mandatos e, se o governo tem hoje altíssimos índices de popularidade, uma boa parcela dessa aceitação se deve ao que ela nos ajudou a realizar. Aliás, Dilma já surpreendeu muita gente ao participar de um processo que nunca tinha vivido antes – a disputa eleitoral – e se tornar vitoriosa. Era um campo absolutamente novo, pelo qual ela nunca tinha passado e, no entanto, superou concorrentes de grande experiência, que tinham se dedicado a fazer política durante toda a vida. Ela tem uma grande capacidade de aprender e de se adaptar a situações novas e extraordinárias. Sua fibra é impressionante. Ainda jovem, enquanto muita gente se recolhia ou se dobrava, ela teve a coragem de colocar a vida em risco e enfrentar a ditadura e as torturas. Mais recentemente enfrentou e venceu um inimigo ainda mais perigoso e traiçoeiro, o câncer. Nós temos, felizmente, à frente dos destinos do nosso país uma pessoa preparada para vencer os mais diferentes desafios. Inclusive o principal, que é fazer mais e melhor do que foi feito nestes últimos oito anos.  

Ao deixar a presidência, ano que vem, o senhor vai deixar de fazer política também?

Valdivino de Almeida, 49 anos, autônomo de Goiânia (GO)

Presidente Lula – Deixar de fazer política, para mim, seria o mesmo que deixar de me alimentar ou respirar. Não, essa hipótese de abandonar a política não existe. Eu não posso jogar pela janela a experiência acumulada de fazer um governo que é considerado muito bem-sucedido. Quero levar a países pobres, da América Latina e da África, os modelos que nós construímos de combinar o crescimento econômico com políticas eficazes de transferência de renda. Sinto-me com bastante energia para continuar atuando no sentido de contribuir para a construção de nações prósperas, com povos que vivam em liberdade e com justiça social. Pretendo também atuar dentro do meu partido e em aliança com vários outros para viabilizar as reformas Política e Tributária. Essas são questões urgentes e mais afetas aos partidos e ao Congresso do que ao governo federal. Pretendo ainda viajar por esse país, repetindo, de certa maneira, as caravanas da cidadania realizadas entre 1991 e 1994, quando percorri 91 mil quilômetros de Brasil. Quero verificar o que nós construímos nestes oito anos de mandato, divulgar o que é pouco divulgado, mostrar esse novo Brasil pujante, de gente que passou a se alimentar, que foi integrada à cidadania, esse Brasil que acredita no amanhã.

Em Santos, no início dos anos 1950, Luiz Inácio da Silva, menino pobre que veio do Nordeste num pau-de-arara, tinha o sonho de ser motorista de caminhão. Acabou dirigindo o Brasil, um enorme caminhão carregado de abacaxis que ele vem descascando com jeito e felicidade. É isso mesmo, presidente?

Jacinto Guerra, 75 anos, professor de Brasília (DF)

Presidente Lula – Gostei muito da comparação. Porque o abacaxi é uma das frutas mais saborosa que eu conheço. Pois é, o Brasil é isso, um caminhão carregado de coisas muito boas, positivas, cercadas de outras negativas. Felizmente, nós estamos conseguindo iniciar o processo de retirada das cascas e dos espinhos, ou seja, de começar a eliminar as desigualdades sociais e regionais, de acabar com o complexo de vira-latas, de retirar da situação de pobreza dezenas de milhões de pessoas. Estamos impulsionando o que é bom, que é o crescimento econômico e a geração de empregos, e eliminando o que é ruim, que é a exclusão de milhões de pessoas dos benefícios do progresso. E meu governo conseguiu avançar porque contou com o apoio, paciência e aprovação do povo brasileiro. E contei com as críticas construtivas também. Isso foi muito importante. Por isso, quero agradecer a todo brasileiro e, em especial, a leitores como você, Jacinto, que me acompanharam neste espaço semanalmente. Em um ano e meio respondi a 234 perguntas, sobre os mais diversos assuntos, em 78 colunas. Foram muitos os abacaxis e só posso agradecer a cada um de vocês. E podem ficar certos: o Brasil encontrou o seu rumo, aprendeu a tratar o povo com respeito e a se dar ao respeito. E não vamos andar para trás. Se seguirmos no bom caminho, de combinar crescimento econômico com inclusão social, em menos de 10 anos seremos a quinta economia do mundo e não teremos mais miséria no País. Para isso, lutei minha vida toda.

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