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O publicitário que virou romancista

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André Laurentino participa hoje do debate “Novas narrativas: do blog ao livro”, ao lado de Antônio Prata

André Laurentino é pernambucano, radicado em São Paulo. Nasceu em 1972, na carnavalesca Olinda. Durante dez anos foi um premiado diretor de arte da publicidade brasileira. Em 2003, no auge da carreira, largou a direção de arte em nome de sua paixão pela palavra. Uma jogada de alto risco que lhe custou ao contrário do que os riscos ameaçam, uma respeitada carreira de escritor.

Desde então, é roteirista de TV, redator de propaganda e colunista do Guia do jornal O Estado de S. Paulo. Participou da Oficina Literária FLIP 2004, na qual trabalhou em seu primeiro romance, A paixão de Amâncio Amaro (2005). O livro, ambientado no sertão pernambucano, teve ótima recepção da crítica.

Com uma linguagem carregada de lirismo, conta a história de três heróis tragicômicos em busca da própria identidade. Foi considerado naquele ano o escritor revelação da feira literária mais importante do país, no caso a FLIP. André participa hoje do debate “Novas narrativas: do blog ao livro”, ao lado dos autores Antônio Prata, e Marcelino Freire, a partir das 17h30. Veja trechos da entrevista, concedida por email:

Você, a uma certa altura da vida migrou da publicidade para a literatura. Até então era um diretor de arte premiado e resolveu dar voz à palavras, tornando-se um romancista desde “A paixão de Amâncio Amaro”. Em que medida esses movimentos foram determinantes na sua obra?

André Laurentino: Só consegui escrever o livro depois que mudei de carreira. Tive mais energia para me dedicar a ele. Isto não significa apenas a escrita em si, mas também o estudo. Não queria fazer algo como diletante. Por isso, promovi uma reviravolta em minha vida. Podemos dizer que foi a clássica “virada de 360 graus”, pois ainda trabalho em publicidade. Mas escrevendo.

E a influência regionalista, em que medida foi importante na sua escrita?

AL: Procurei a lição de grandes autores, antes de tudo. Guimarães Rosa e Graciliano foram alguns destes. Ambos abordaram o mesmo espaço (o sertão brasileiro) mas não foi isto que os fez grandes. O segredo não é o assunto. E, sendo segredo, não garanto que descobri.

A literatura deve existir por si só ou ainda existe uma cobrança de engajamento político da sua geração?

AL: Não acho que um escritor deva ser cobrado por outra coisa que não por bons livros. Livros que transcendam seu próprio assunto, seja ele qual for. Pois acredito que, no fundo, mesmo os livros engajados estão falando de outra coisa. Senão, não é literatura. É panfleto.

E as novas ferramentas de diluição da literatura, vide blogs, sites, e-livros etc, são uma forma de melhorar o acesso ou dificultar mais ainda um filtro do que realmente é importante na nova literatura?

AL: É uma contradição do tipo: “ninguém vai mais ao bar porque ele vive lotado”. Ou seja, o excesso também dificulta o acesso. As boas obras acabam ganhando um pouco mais de espaço, resenhas aqui e ali, boca a boca. Assim, existe alguma espécie de filtro. Uma idéia como a dos Jovens Escribas é um jeito maravilhoso de vencer este mar. Principalmente porque mostra talento, paixão, determinação e persistência.

Qual conselho daria a um jovem escritor?

AL: Leia, leia mais, leia mais ainda. E não desista. Como disse Hemingway: “a primeira versão de qualquer coisa é uma porcaria”.

“A vida é prosaica. A graça esta em extrair poesia daí”

 Se os escritores trabalhassem em serviços burocráticos, cercados de colegas enfadonhos, talvez sua labuta literária fosse muito mais leve. Ele escreveria com mais honestidade, aproveitando o tempo e se vendo serenamente na presença de si mesmo. É o que parece acontecer com o contista e poeta Antônio Mariano, autor de “Gozo Insólito” (1991), “Te Odeio com Doçura” (1995), “Imensa Asa do Dia” (2005) e “Guarda-Chuvas Esquecidos” (2005), além de funcionário do INSS.  De semblante dócil, olhar agudo,o paraibano desfruta de uma boa reputação crítica, sendo elogiado tanto pela prosa como pela poesia.Ele é um dos convidados do I Encontro Natalense de Escritores:

Você escreve para responder perguntas que às vezes não têm respostas?

Antônio Mariano: Eu diria que escrevo mais para ter perguntas do que respostas. Escrevo para descobrir que tenho perguntas, muitas para as quais não tenho a menor vontade de respondê-las pois no dia que tiver mais respostas que perguntas paro de escrever. Os questionamentos é que são os combustíveis da boa literatura. Não convém ao escritor responder nada diretamente, mas provocar o leitor a encontrar essas respostas.

Vale a pena escrever poesia?

AM: A vida via de regra é prosaica. A graça está exatamente em extrair poesia daí, dessa matéria bruta que são as coisas que nos rodeiam. A poesia tem que ser exceção para que as pessoas dêem conta da sua importância. Se o contrário prevalecer perderemos a noção do que é poesia, tudo se tornará muito chato. Então nos deixem na nossa eterna busca de poesia.

Qual o diferencial da poesia paraibana?

AM: O diferencial é representado por vozes contemporâneas como Sérgio de Castro Pinto, Jomar Morais Souto, Lúcio Lins, José Antônio Assunção, Lau Siqueira, André Ricardo Aguiar, Braulio Tavares, José Neummane Pinto, Astier Basílio, Águia Mendes, Lenilde Freitas, Amneres e Saulo Mendonça, para citar os primeiros nomes que me ocorrem e correndo o risco das prováveis injustiças que acontecem quando citamos.

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