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O que Da Vinci tem a nos ensinar?

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Ricart César Coelho dos Santos
Procurador-Geral Adjunto do Ministério Público de Contas do RN 
Lendo a biografia de Leonardo da Vinci, cujo falecimento completou 500 anos em 2019, vieram à mente algumas ideias sobre o conhecimento. A obra foi escrita por Walter Isaacson, norte-americano autor de excelente biografia de outra grande personalidade que conseguiu unir o saber científico com as artes, Steve Jobs, co-fundador da empresa de tecnologia Apple.
Da Vinci foi um gênio não apenas em razão da sua insaciável curiosidade, mas, principalmente, por unir com sucesso conhecimentos de diversas áreas. Aliado à pintura, desenvolveu estudos de ótica e anatomia do corpo humano. Pesquisou a fundo como o olho enxerga os objetos, como consegue ter a noção da sua tridimensionalidade e como as coisas vão ficando menos nítidas à medida que se afastam do observador. Isso lhe permitiu pintar dando a impressão de profundidade em seus quadros, bem como reproduzir objetos mais distantes usando a sua técnica do “sfumato”, que o permitia deixar com contornos menos marcados aqueles objetos que gostaria que parecessem mais distantes, dando a impressão de que, de fato, assim se encontravam. 
Exemplo disso ocorre na Monalisa, sua obra mais conhecida. 
A curiosidade em conhecer a natureza foi a maior marca do gênio italiano. Procurou estudar as formas geométricas como manifestação das criações do planeta Terra e a matemática como a própria linguagem da natureza. Nesta, contou com a colaboração do seu amigo Luca Pacioli, pai do método de “partilha dobrada” usado na contabilidade.  
Na minha época da escola, tivessem os alunos sido apresentados às ciências exatas dessa maneira, talvez tivessem tido um maior interesse por elas. Ao contrário, as diversas fórmulas de matemática, química e física eram repassadas como algo pronto e acabado, que deveria ser simplesmente memorizado. Muitas vezes faltavam informações sobre a sua origem e, principalmente, sobre a sua utilidade prática, o que, pelo menos para mim, diminuía o seu interesse.
Os estudos de Da Vinci sobre anatomia das aves e de como realizavam o seu voo ajudaram-no a projetar máquinas que impressionam até hoje pelo tempo em que foram desenhadas, cinco séculos atrás. Ao estudar o corpo humano, inclusive dissecando cadáveres, pôde saber como cada músculo, tendão e osso do corpo funciona, o que lhe proporcionou pintar os seus personagens dotados de vida e movimento, muito embora estivessem em quadros, a rigor, estáticos. O estudo dos músculos da face, inclusive, permitiu-lhe pintar o sorriso enigmático da já mencionada Monalisa. 
Em suma, o que Da Vinci tem a ensinar são muitas coisas. Porém, o principal para nós é a maneira como devemos tratar o saber: como algo que sempre procura entender o mundo. Por isso, seus diversos ramos devem sempre estar correlacionados, pois todos visam ao mesmo fim. Ao agir assim, conseguimos melhores resultados, ao unir diversas ciências, conforme nos prova o legado de Leonardo Da Vinci cinco séculos depois.  Quem sabe não é o caso de apresentar os conteúdos aos alunos dessa maneira, de forma inter-relacionada, de modo a torná-los mais interessantes na volta às aulas deste ano?  
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