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O que será?

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Vicente Serejo
Mais que o verso célebre da canção popular – ‘O que será que será que andam sussurrando pelas alcovas’ – a política tem o dom de aceitar tudo na sua tão rica capacidade de operar os artifícios da especulação nas entranhas da verdade. Especular é um atributo da política e seu único ponto de apoio é a plausibilidade. Só pode ser verdade o que é plausível, assim como é falso tudo quanto parecer improvável aos olhos do vasto sentimento coletivo. Só o voto na urna é definitivo. 
Daí não ser justo pôr no cesto das afirmações risíveis a candidatura do deputado federal Rafael Motta a senador. Antes de tudo, porque ser ou não ser candidato são movimentos legítimos. Depois, a negociação é um atributo da política e, para exercê-lo, precisa ter capacidade de barganha e negociação. Neste instante, tanto pode ser para valer a sua candidatura a senador, como pode significar, numa antevisão mais aguda, uma forma habilidosa e certeira de sentar à mesa de 2022.   
Na política, só há um erro fatal: ser dispensável no jogo. E nisto, convenhamos, o deputado não permitiu que se jogasse sobre ele o manto da indiferença. Poderia ter apenas mantido a sua candidatura e tentar a renovação do seu mandato. Já estaria de bom tamanho e legitimidade. Mas, foi além: lançou-se a senador com a bandeira da oposição, abrindo uma fenda de especulação no centro com efeito abrasivo que poderá causar a Carlos Eduardo, proclamado o preferido do PT. 
Dono de partido próprio, Motta não precisa mais do que suportar, com indiferença e frieza, as grosserias que pode sofrer aqui e ali, da cúpula ou dos acólitos petistas, mas mantendo-se como a variável não controlável. Ele sabe que sendo antibolsonarista não atinge a colheita de votos do ex-ministro Rogério Marinho, e paga o preço da acusação subliminar de servir ao adversário da governadora. Certamente um incômodo muito menor do que seria não existir no campo de jogo. 
A essa altura, por suposto, ninguém precisa avisar a Motta que diante dele há apenas dois caminhos: ir até o fim, e este ele diz ser o seu caminho; ou esperar que sobre a sua mesa o fruto maduro de uma proposta de negociação para a retirada da candidatura. Com o compromisso em favor de sua reeleição e o pacto de ser o candidato a prefeito do PT e do PDT, dentro de dois anos. O que parece improvável em política não deve ser descartado até a decisiva salgadura do tempo.
São dois destinos: a permanência da candidatura ao Senado ou a retirada. Numa campanha majoritária se perde e se ganha por um voto. Nada é irrelevante. O que é cômodo para o candidato a senador Rogério Marinho é incômodo para a candidatura de Carlos Eduardo Alves. Só o PT tem carta na manga para jogar um trunfo na mesa. A única certeza é a de que Rafael não precisa de ninguém para ser candidato a senador. Mas depende de outros para retirar. A sorte está lançada.  
RISCO – Um levantamento feito das pesquisas de um mesmo instituto aplicadas até agora mostra:  a governadora Fátima Bezerra oscila entre três e cinco pontos sobre a soma dos seus concorrentes. 

EFEITO – Significa dizer, na visão de quem analisou os dados, que a governadora não superou o risco real de disputar o segundo turno. Não significa perigo, mas vai enfrentar uma nova eleição. 

FEIO – O que pode levar um plenário a se retirar em massa para não ser votado um projeto que tem ideia de criar um programa de proteção de mulheres agredidas? A velha estupidez humana?

GOLPE – Foi assim, feia e golpista, a posição dos vereadores de Mossoró quando se recusaram a votar o projeto de lei da vereadora Marleide Cunha, do PT. Na terra que festeja a liberdade. Pode?

AMANHÃ – O editor Abimael Silva reúne todas as tribos da cidade e lança, das 9h ao meio-dia de amanhã, sábado, ‘O Recomeço’. É a “trajetória de uma família do Seridó”, de Raimundo Inácio.  

PETS – Dia 13, das 16h até meia-noite, tem o ‘Viva Petrópolis’, com shows, gastronomia e um grande encontro de criadores de cães e gatos. Nenhuma onça tem presença confirmada até agora. 

POESIA – Da poetisa Luiza Mussnich na antologia ‘Correio Amoroso’ que reúne vinte cartas de amor, paixão, encontros e tristes despedidas: “As cartas mais urgentes são as que nunca chegam”.
SEGREDO – De Nino, filósofo melancólico do Beco da Lama, sobre os segredos de amor: “Todo mundo tem no salão da alma uma velha cômoda de família para guardar os seus segredos de amor”.

PESQUISAS – Embora não chegue aos ouvidos da cobertura política, nem mesmo aos ouvidos bisbilhoteiros dos blogs, é muito intensa a aplicação de pesquisas quantitativas e, principalmente, qualitativas, para análise e definição das estratégicas de marketing das candidaturas majoritárias. 
RETRATOS – A pré-campanha veda aos pré-candidatos que peçam o voto, segundo estabelece a legislação eleitoral, o que impõe risco de criminalização. O legalismo, na prática da comunicação, acaba garroteando o princípio da propaganda e, por extensão, da própria liberdade de expressão.  
SEQUELA – Daí as crescentes denúncias do Ministério Público, como se a democracia fosse frágil a ponto de não poder ser exposta ao jogo das ideias no rádio, tevê e redes sociais. Restrição que, a título de regulamentar, distorce o princípio da função persuasiva da propaganda. É uma distorção.    
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