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O sal da economia!

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Luciano Ramos
Procurador-Geral do Ministério Público de Contas do RN

“Quando eu não puder pisar mais na avenida. Quando as minhas pernas não puderem aguentar levar meu corpo…

Junto com meu samba, o meu anel de bamba entrego a quem mereça usar!

Eu vou ficar no meio do povo, espiando. Antes de me despedir, deixo o meu pedido final:

Não deixe o samba morrer!” (Não deixe o samba morrer! Edson Conceição e Aloísio Silva )

Novamente, a sociedade brasileira se vê diante da necessidade de definir o papel do Estado na economia, com influências diretas e indiretas, desejadas e inesperadas. Não se trata de um equilíbrio fácil, sempre premido pela sabedoria popular: “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose!”.

Ao refletir sobre esta nem sempre harmônica relação, encontrei em diálogos com amigos pensadores a melhor definição: o Estado está para a economia, assim como o sal está para o alimento. A justa medida é praticamente imperceptível ao paladar, deixando que os outros sabores desfilem todo o seu protagonismo – econômicos e gastronômicos!

Tal qual o sal, normalmente, notamos o Estado por sua ausência ou excesso. É nítida a sua atuação insossa em áreas como segurança e saúde, com comércios sendo fechados pela violência incontida pelo Poder Público, consumidores restringindo sua circulação pela cidade a determinados horários e locais, além de pessoas outrora economicamente ativas incapacitadas para o trabalho em virtude de inadequado ou inexistente atendimento no momento devido.

Obviamente, é fácil perceber quando o Estado se torna salgado, com a máquina pública retirando da economia mais e mais recursos em tributos, minimamente convertidos em serviços públicos de qualidade. A ponto de o ano novo econômico não mais coincidir com o dia 1º de janeiro, pois os quatro primeiros meses do ano são exclusivamente para satisfazer o Leão e seu voraz apetite, em uma carga tributária asfixiante.

Mas, para não dizer que não falei das flores, registro uma atuação simples do Poder Público e com reflexos extremamente positivos, por deixar a economia seguir a sua vocação e sabores naturais.

Há pouco, inaugurou-se na Av. Campos Sales em Natal uma pista de cooper ao lado do canteiro central, devidamente iluminado e com uma bela arborização. Das 19h às 22h, transforma-se o local em uma grande praça, com uma ocupação do espaço público como há muito não se via. Carros da polícia e de trânsito garantem a ordem local e a paz em uma ilha que deveria se estender por todos os locais e todas as horas.

Como uma pitada mágica de sal, as pessoas começaram a chegar, os comerciantes as seguiram – com food trucks e coisas que tais -, lanchonetes e lojas já ficam abertas até mais tarde, e até uma fundação voltada para a leitura reabriu suas portas à noite.

Mas não adianta concentrar o sal apenas em um canto do prato, pois o desequilíbrio irá certamente desestabilizar a relação a médio e longo prazo, como já se vê com comércios fechando em Petrópolis.

Que venham outras iniciativas tão agradáveis ao paladar, sem excessos nem ausências!

PS: Há pouco mais de três anos iniciei um prazeroso ciclo no caderno de economia da Tribuna do Norte, mas, embora tenha sido eterno enquanto durou, chega-se a hora de passar o meu anel de bamba. E o faço com orgulho, deixando-os na companhia do Movimento Articulado de Combate à Corrupção (MARCCO-RN), doravante responsável pelo espaço que eu até aqui ocupava. Grande abraço!

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