Com uma atuação sensacional de Fumagalli, o Guarani precisou apenas de 50 minutos para pulverizar a vantagem de quatro gol de vantagem e promover um verdadeiro milagre no estádio Brinco de Ouro da Princesa. O veterano jogador do Bugre, marcou três gols e deu o passe para o de Leandro Amaro, escrevendo definitivamente seu nome na história do clube de Campinas. Os jogadores do Bugre acreditaram piamente nas palavras do treinador Marcelo Chamusca: “A questão do possível e do impossível é só uma questão de opinião”. O time conquistou o milagre com juros e correção e bateu o ABC por 6 a 0, com mais dois gols de Alex Santana e Pipico. O Guarani escreveu a história de uma das maiores viradas do futebol nacional na noite deste domingo e está na final.
O clima no estádio Brinco de Ouro da Princesa não era de pressão, ao contrário daquilo que ocorreu diante do ASA, poucos torcedores compareceram acreditando que o Guarani pudesse conquistar o milagre da classificação diante do ABC, que no primeiro jogo, em Natal, abriu uma vantagem de quatro gols na briga pela vaga na final da série C, contra o Boa Esporte.
Quando a bola começou a rolar, o que se viu foi um ABC disposto a fazer o tempo passar, mas sem demonstrar temor ao Guarani, a equipe alvinegra tentava se aproveitar do desespero dos paulistas, marcava forte e também procurava dar velocidade. Mas foi numa jogada de bola parada, que os donos da casa abriram o placar aos 8 minutos, com Leandro Amaro. Tudo que eles precisavam para aumentar a fé da torcida e dos próprios jogadores dentro de campo, que para buscar a classificação e, ao menos, descontar a goleada sofrida em no primeiro confronto, teriam de marcar um gol a cada 15 minutos.
O gol não foi suficiente para fazer o Alvinegro modificar a postura dentro de campo, a equipe continuou apostando na marcação atrás da linha do meio-campo, dificultando as ações ofensivas do Bugre e rondou a área adversária com algum perigo em algumas estocadas. A precisão na tentativa dos passes longos é que não ajudava, os natalenses erravam muitos passes.
Mas o sinal de alerta dos potiguares acendeu aos 25, quando em outra falta cobrada por Fumagalli, o veterano que estava completando 250 jogos com a camisa do Guarani, acertou o ângulo do goleiro Edson e fez 2 a 0. Em seguida Erivélton escapou pela direita, cruzou, Jones, livre, desviou e acertou a trave dando sinal de que o “santo de Campinas” estava de plantão e agindo para tornar possível uma causa, antes, considerada impossível.
Em dia inspirado, em nova cobrança de falta aos 30, Fumagalli disparou uma bomba e acertou o travessão alvinegro. Logo depois Jones se mete em confusão com um adversário e recebe cartão vermelho. Tudo o que o time não precisava, tornando a missão da equipe: de evitar uma virada, ainda mais difícil. A essa altura, atônitos, o pequeno número de torcedores potiguares que foram ao estádio, já começavam a pensar no pior.
Do lado de fora, Geninho assistia o descontrole do seu grupo de maneira incrédula. Para tentar modificar a situação, ele trocou Lúcio Flávio por Marcelo Passos, no final da etapa inicial. O ABC sentiu muito o fato de ter sofrido os dois gols, a equipe sem Lúcio e Jones passou a sentir bastante dificuldade em sair da defesa para o ataque tocando a bola, lhe faltava excelência. Já o Guarani ganhou a tranquilidade para continuar aterrorizando a defesa abecedista.
O segundo tempo começou com uma inversão de expectativas, o ABC visivelmente bem mais preocupado com a situação, que antes dos primeiros 45 minutos eram até consideradas cômoda. E logo no minuto inicial, numa bola cruzada na área, a defesa alvinegra falha e Pipico desperdiça a oportunidade de marcar o terceiro gol e deixar o milagre da classificação ainda mais próximo.
Sentindo a forte pressão dos donos da casa, aos três Fumagalli recebe bola na entrada da área, bate e faz o terceiro gol. A essa altura tornando a situação do ABC em termos de sustentar a classificação uma tarefa quase impossível.
O time potiguar não se encontrava em campo, batido, não conseguia realizar uma troca de passes objetiva, ao contrário disso, os jogadores procuravam apenas se livrar da bola, facilitando a tarefa dos paulistas. Aos 8 o milagre ocorreu de vez no Brinco de Ouro, quando Fumagalli aproveitou cruzamento da direita e empurrou a bola para o fundo da rede do goleiro Edson.
Depois de ver toda vantagem conquistada pulverizada, o ABC passou a buscar mais o ataque, atrás de um golzinho que naquela altura poderia ser salvador, uma vez que obrigaria o Guarani a fazer seis gols e eliminaria a possibilidade de decisão por pênaltis.
Mas a sorte também premiou o ABC, aos 24 minutos, Pipico arriscou um chute da entrada da área e o goleiro Edson viu a bola explodir no travessão. A essa altura a torcida e o próprio Guarani não se contentavam mais nem com a decisão por pênaltis, queriam a classificação de forma direta para aumentar a amplitude do milagre que todos estavam presenciando numa partida de futebol.
E as preces dos torceoeres foram atendidas aos 33 minutos e de uma forma espetacular. Alex Santana disparou um chutaço de fora da área e acertou o ângulo de Edson e mostrou que, no futebol, não existem causas impossíveis. Existem trabalho, fé e perseverança. No desespero o ABC tentou evitar o vexame, mas esbarrou na segurança do goleiro. A certeza da classificação veio aos 34, quando Pipico aproveitou o cruzamento e fez 6 a 0 Guarani.
Depois disso, que precisava fazer um milagre para conseguir a vaga na final era o ABC, que teria de fazer dois gols, sendo totalmente dominado pelo adversário e com um homem a menos.
Ficha Técnica – Guarani 6 x 0 ABC
Guarani: Leandro Santos; Lenon, Ferreira, Leandro Amaro e Gilton; Auremir (Maurício)e Evandro (Alex Santana); Pipico, Fumagalli e Deivid (Régis); Eliandro. Técnico: Marcelo Chamusca.
ABC: Edson; F. Sousa, Léo Fortunato, Cleiton e Alex Ruan; Pedra, Guedes (Michel) e Lúcio Flávio (Márcio Passos); Erivélton, Jones Carioca e Caio Mancha (Echeverria). Técnico: Geninho.
Árbitro: Rodrigo Carvalhares de Miranda (RJ)
Gol: Leandro Amaro/GUA (8’/1ºT), Fumagalli/GUA (24”/1ºT 5’ e 8’/2ºT) e Alex Santana/GUA (33’/2ºT)
Local: Estádio Brinco de Ouro da Princesa (SP)
