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O som tropical nublado do Mahmed

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Ramon Ribeiro
Repórter

O guitarrista Walter Nazário fala da banda estar mais preocupada em atender as próprias expectativas do que em se encaixar no que as pessoas esperam: “sinto muito, posso fazer nada”. Já o baixista Leandro Menezes prefere apontar para outra direção: “também pode ser sobre sentir demais”. A verdade é que o título do mais novo disco da banda potiguar Mahmed, “Sinto Muito” (Balaclava Records, 2018), é aberto para às mais diversas interpretações. “Sinto muito, mas é isso mesmo”, complementa irônico o baterista Ian Medeiros.

Walter Nazário, Leandro, Ian e o novo integrante Rodolfo Almeida, guitarrista que chegou após saída de Dimétrius, seguem alheios a estilos definidos


Walter Nazário, Leandro, Ian e o novo integrante Rodolfo Almeida,
guitarrista que chegou após saída de Dimétrius, seguem alheios a estilos
definidos

Walter, Leandro, Ian e o guitarrista Rodolfo Almeida – que entrou na banda após a saída de Dimétrius Ferreira – estavam prestes a iniciar mais um ensaio no Estúdio Cantilena quando conversaram com a reportagem do VIVER sobre o disco novo, o quarto da banda, cujo show de lançamento vai acontecer neste sábado (15), a partir das 15h, no Espaço Moara (Ponta Negra).

“O show do ‘Ciao, Inércia’ (disco anterior da banda) tinha momentos bem pra baixo por ele ser bem lento e aéreo. Com o disco novo a gente quis fazer algo mais pra cima. Deixar o show mais dinâmico. Que é um lado que a gente curte. Ficou uma mistura: tropical nublado, com ventania, mar de ressaca. É a imagem que eu tenho. E casou com o momento que a gente está vivendo”, comenta Walter, que aponta as faixas “Otra Cancion” e “La Disciplina” com algumas das marés mais agitadas do álbum.

“Sinto Muito” reúne 11 músicas. Uma novidade é a presença marcante de vocais – algo que já apareceu em outros discos, mas que nesse ganhou mais espaço. Participam cantando e recitando frases os integrantes Walter e Ian; além da cantora Luísa Nascim (da banda Luísa e Os Alquimistas), na faixa “Lo Siento”; e Molly Hamilton, do grupo americano Widowspeak, em “Leli”. Outra participação é a do Santiago Mazzoli, da banda paulista Raça, tocando clarinete em “Perdi”.

Segundo Leandro, embora a banda seja definida por muitos simplesmente como instrumental, o grupo nunca disse não para as letras ou vocais. “Foi por acaso que a gente se tornou instrumental. Foi por acaso que apareceram as letras. A ideia é ficar aberto e continuar brincado nesse laboratório que é o estúdio”, diz. Ian acrescenta: “a letra vem quando a gente sente que falta algo”.

Outra característica do som da banda, a mudança de direção no meio das músicas, quando um ritmo é quebrado para o surgimento de outro, aparece novamente em algumas faixas, mas de maneira mais suave, como em “Vazia” e “Bosque”, por exemplo.

Para Ian, essa possibilidade de mudar de direção no meio da música é uma das características que justifica a música ser instrumental. “A gente está contando uma história. Mas como é que ela vai terminar? Não vai ter uma reviravolta? Ai a gente dá um desfecho”, explica. Walter endossa a opinião do amigo baterista com uma analogia: “A  gente faz a música com pecinhas de Lego diferentes mas que no final a casinha tá lá montada. Sendo que ela não será simétrica. Isso é o que justifica ser instrumental, ter uma montagem não convencional. Os pedaços parecem que são colados, mas também fazem sentido como uma peça única”.

Quieto durante a maior parte da conversa, Rodolfo é acionado para falar de como tem sido a experiência de tocar com o Mahmed depois da saída de Dimétrius – que aconteceu após a gravação do disco. “Há anos tenho um adesivo do Mahmed colado na minha guitarra. Rolou um convite do Walter e aceitei na hora. Definimos quem ia fazer o que nas guitarras e agora tá rolando”, comenta o músico que também toca no Fukai, sua banda de origem – que inclusive entrará em estúdio em breve para gravar novo disco. Para o músico há uma leve semelhança entre o som das duas bandas. “Tem uns temas de guitarra que se aproximam. Mas acho o som do Fukai um pouco mais certinho. O Mahmed é empenado, menos linear. E as duas bandas tem uma relação tropical também”.

Depois da roda de conversa na entrada do estúdio, outra roda de conversa na esquina pra observar o movimento da rua. Um cheiro bom de mato verde, pronto. A banda pode entrar na sala Cantilena pra ensaiar. O clima é de concentração com algumas poucas piadas. O som atinge as paredes do estúdio feito maré alta. Todos sentem. Eu sinto muito.

Show de lançamento e turnê no verão
A festa de lançamento do disco “Sinto Muito” será, segundo os organizadores, no melhor estilo tropical chill out, com show da banda, projeções e cenografia de palco assinadas por Augusto Serquiz, exposição do artista plástico Flávio Grão – autor de todas as capas dos disco do Mahmed –, show do duo eletrônico Triptapes (Mateus Tinôco e Dante Augusto), cenografias da GGArtespaciais e dj set’s de Walter Nazário e Marília Lins. O evento começa às 15h e vai acontecer num lugarzinho bem astral, o Espaço Moara (Ponta Negra).

Depois de show, o Mahmed se prepara para pegar a estrada na Kombilena, a Kombi do Ian Medeiros. A turnê começa na primeira semana de janeiro. A banda vai até a Chapada Diamantina, na Bahia, onde tocaram no festival Mahaldeia. No caminho vão tocando nas cidades interessadas.
Serviço
Show de lançamento

do disco “Sinto Muito”,

do Mahmed

Dia 15 de dezembro, às 15h

Espaço Moara (Rua das Conchas, 2199, Ponta Negra)

Ingressos: R$ 20 (na hora)

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