Ramon Ribeiro
Repórter
Walter Nazário, Leandro, Ian e o novo integrante Rodolfo Almeida,
guitarrista que chegou após saída de Dimétrius, seguem alheios a estilos
definidos
Walter, Leandro, Ian e o guitarrista Rodolfo Almeida – que entrou na banda após a saída de Dimétrius Ferreira – estavam prestes a iniciar mais um ensaio no Estúdio Cantilena quando conversaram com a reportagem do VIVER sobre o disco novo, o quarto da banda, cujo show de lançamento vai acontecer neste sábado (15), a partir das 15h, no Espaço Moara (Ponta Negra).
“O show do ‘Ciao, Inércia’ (disco anterior da banda) tinha momentos bem pra baixo por ele ser bem lento e aéreo. Com o disco novo a gente quis fazer algo mais pra cima. Deixar o show mais dinâmico. Que é um lado que a gente curte. Ficou uma mistura: tropical nublado, com ventania, mar de ressaca. É a imagem que eu tenho. E casou com o momento que a gente está vivendo”, comenta Walter, que aponta as faixas “Otra Cancion” e “La Disciplina” com algumas das marés mais agitadas do álbum.
“Sinto Muito” reúne 11 músicas. Uma novidade é a presença marcante de vocais – algo que já apareceu em outros discos, mas que nesse ganhou mais espaço. Participam cantando e recitando frases os integrantes Walter e Ian; além da cantora Luísa Nascim (da banda Luísa e Os Alquimistas), na faixa “Lo Siento”; e Molly Hamilton, do grupo americano Widowspeak, em “Leli”. Outra participação é a do Santiago Mazzoli, da banda paulista Raça, tocando clarinete em “Perdi”.
Segundo Leandro, embora a banda seja definida por muitos simplesmente como instrumental, o grupo nunca disse não para as letras ou vocais. “Foi por acaso que a gente se tornou instrumental. Foi por acaso que apareceram as letras. A ideia é ficar aberto e continuar brincado nesse laboratório que é o estúdio”, diz. Ian acrescenta: “a letra vem quando a gente sente que falta algo”.
Outra característica do som da banda, a mudança de direção no meio das músicas, quando um ritmo é quebrado para o surgimento de outro, aparece novamente em algumas faixas, mas de maneira mais suave, como em “Vazia” e “Bosque”, por exemplo.
Para Ian, essa possibilidade de mudar de direção no meio da música é uma das características que justifica a música ser instrumental. “A gente está contando uma história. Mas como é que ela vai terminar? Não vai ter uma reviravolta? Ai a gente dá um desfecho”, explica. Walter endossa a opinião do amigo baterista com uma analogia: “A gente faz a música com pecinhas de Lego diferentes mas que no final a casinha tá lá montada. Sendo que ela não será simétrica. Isso é o que justifica ser instrumental, ter uma montagem não convencional. Os pedaços parecem que são colados, mas também fazem sentido como uma peça única”.
Quieto durante a maior parte da conversa, Rodolfo é acionado para falar de como tem sido a experiência de tocar com o Mahmed depois da saída de Dimétrius – que aconteceu após a gravação do disco. “Há anos tenho um adesivo do Mahmed colado na minha guitarra. Rolou um convite do Walter e aceitei na hora. Definimos quem ia fazer o que nas guitarras e agora tá rolando”, comenta o músico que também toca no Fukai, sua banda de origem – que inclusive entrará em estúdio em breve para gravar novo disco. Para o músico há uma leve semelhança entre o som das duas bandas. “Tem uns temas de guitarra que se aproximam. Mas acho o som do Fukai um pouco mais certinho. O Mahmed é empenado, menos linear. E as duas bandas tem uma relação tropical também”.
Depois da roda de conversa na entrada do estúdio, outra roda de conversa na esquina pra observar o movimento da rua. Um cheiro bom de mato verde, pronto. A banda pode entrar na sala Cantilena pra ensaiar. O clima é de concentração com algumas poucas piadas. O som atinge as paredes do estúdio feito maré alta. Todos sentem. Eu sinto muito.
Show de lançamento e turnê no verão
A festa de lançamento do disco “Sinto Muito” será, segundo os organizadores, no melhor estilo tropical chill out, com show da banda, projeções e cenografia de palco assinadas por Augusto Serquiz, exposição do artista plástico Flávio Grão – autor de todas as capas dos disco do Mahmed –, show do duo eletrônico Triptapes (Mateus Tinôco e Dante Augusto), cenografias da GGArtespaciais e dj set’s de Walter Nazário e Marília Lins. O evento começa às 15h e vai acontecer num lugarzinho bem astral, o Espaço Moara (Ponta Negra).
Show de lançamento
do disco “Sinto Muito”,
do Mahmed
Dia 15 de dezembro, às 15h
Espaço Moara (Rua das Conchas, 2199, Ponta Negra)
Ingressos: R$ 20 (na hora)