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O spleen dos malditos

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Alex Medeiros 
Quando Baudelaire despetalou esperanças com o livro “As Flores do Mal” e resgatou um termo anglo-saxão já então esquecido naquele tuberculoso século XIX, os poetas de todo o mundo descobriram que todo aquele que se preza tem enraizado na alma o seu próprio “spleen”. E foi com o seu “O Spleen de Paris – Pequenos Poemas em Prosa”, de 1875, que a literatura passou a parir, em ritmo perpétuo, seus poetas decadentes, tristes e tétricos. O niilismo e o tédio se incorporaram aos perfis chamados malditos, como tatuagens infinitas.
Homens de sensibilidade e talento burilados pelo sofrimento pessoal e uma espécie de náusea do mundo, os portadores de “spleen” se multiplicaram pela Europa, Américas e África e continuam a surgir, a conta-gotas é bem verdade, no meio de um contexto pós-moderno que de modernidade aguda já morreu. Tais figuras controversas no espírito maldito uno, são até hoje – é só pesquisar suas parcas obras – entrelaçadas, linkadas entre si como se o “spleen” coletivo fosse uma rede de internet orgânica e plasmática. 
As “Flores do Mal” de Baudelaire ganham forma singular na “Flor do Mal” do brasileiro Cruz e Sousa. Na mesma melancolia sem fim o “Corvo” do americano Alan Poe voa em versões pelo Brasil com o “Urubu” a pousar na sorte de Augusto dos Anjos.
E o “Corvo” lusitano de José Duro, talvez o mais representativo na tristeza histórica desses portadores da poética especial do carrasco “spleen”. A desesperança com a vida tanto em Verlaine quanto em Mallarmé encontra eco nos textos do português Cesário Verde.
É a mesma “inefável vida” de Cruz e Sousa que carrega a tristeza em Ferreira Gullar, a perdição de Rimbaud no coração de Florbela Espanca, a hemoptise torturante de Noel Rosa rolando nas veias moribundas do condenado Cazuza. 
O que é a declaração de amor do africano José Caveirinha em suas “raízes de uma canção negreira”, senão a dor lancinante a gritar emudecida nos porões dos navios de Castro Alves? O que dizer das flores de olhar falso no verso de Artaud?
O mesmo “spleen” de Baudelaire é o de Alberto Osório, uivando na primavera de Coimbra em 1890, enquanto as diatomáceas da lagoa afundavam o grito augusto de anjos caídos, aqueles mesmos de Plínio Marcos na contemporaneidade da melancolia de Gonzaguinha. 
O choro dos séculos que falava o angolano Agostinho Neto não é só da África, é do mundo. O mundo duro de José Duro, esse poeta que descobri na travessia, com dois pequenos grandes livros, de títulos definitivos, “Flores” e “Fel”. 
Seus versos de amargura penetram na gente com as agulhas sangrentas da reflexão. Vejo nele uma fossa abissal a concentrar a mais melancólica carga do “spleen” que ainda pulsa por aí. É dele, morto aos 23 anos pela turberculose, os versos que seguem:
Cada vez que me estudo encontro-me diferente, Quando olham para mim é certo que estremeço; E vai, pensando bem, sou, como toda a gente, O contrário talvez daquilo que pareço…
Espírito irrequieto, fantasia ardente Adoro como Poe as doidas criações, E se não bebo absinto é porque estou doente, Que eu tenho como ele horror às multidões.
Ainda sobre o Rei
“Caro Alex Medeiros, expresso meu contentamento pelo excelente escrito sobre o aniversário de Roberto Carlos. Como sempre, graças ao seu expressivo conhecimento, sempre é possível acrescentar alguma coisa ao que já sabemos, a partir da leitura dos seus textos. No caso específico, a história da música Aparências, que eu não conhecia, e ainda mais, a história, ainda que sintética, do seu autor, José de Ribamar Cury Heluy, meu conterrâneo. Seus textos são elucidativos e de muito conteúdo, nós leitores da nossa velha e necessária TN somos muito gratos”. Ailton T Castro.
Vacinas 
“A Prefeitura de Natal precisa de quantas vacinas para resolver o problema de falta da segunda dose? O que pode ocorrer com quem não tomar a segunda dose até o 28º dia depois da primeira?”. Perguntas do jornalista Jânio Vidal.
Turismo 
Ter sido o segundo destino turístico do País em 2020, o ano da pandemia, como teria sido a procura por Natal se o turismo não tivesse tido tanto descaso nos protocolos dos ditos comitês científicos a serviço dos governadores?
Nobel 
Pela primeira vez na história o Brasil tem um nome candidato ao Nobel e com trabalho devidamente aferido para merecer a indicação. Com o ex-ministro Alysson Paolinelli, o agronegócio poderá nos inserir no seleto clube mundial.
Engajados 
O relatório da Ong Repórteres sem Fronteiras, colocando o Brasil no mapa da violência contra jornalistas, é uma falácia. Ignora o fato de um jornalista ter sido preso por crime de opinião e a mando do STF. Além de preso, foi espancado.
No Twitter 
Do jornalista Ricardo Roveran em seu perfil na rede blue bird: “Parece que o Danilo Gentili será candidato pelo Partido Novo, o que eu acho muito justo. Danilo é um humorista e o partido é uma piada. Foram feitos um pro outro”.
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