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O Teatro Riachuelo e seus primeiros cinco anos

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Por Pedro Siqueira*
Especial para o Viver

Essa imagem ao lado é emblemática, eu sei. Estava presente no exato momento em que ela foi feita. Estávamos em fase de conclusão de um marco dos mais relevantes para a cultura do Estado do Rio Grande do Norte. Havia mais de cem anos desde o último acontecimento desse gênero em Natal, na romântica Ribeira. De uma das poltronas, no meio da plateia, ele admirava sua mais nova criação… assim como se tivesse a projetar o poder transformador que ela proporcionaria a uma cidade carente desse tipo de incentivo, assim como se tivesse a imaginar os bons frutos que dela (criação) brotariam, para delírio de quem se deleita com um bom espetáculo de arte: estou me referindo, com certa obviedade e com o orgulho de quem colaborou com esse feito magistral, ao seu Nevaldo Rocha, único responsável pela criação do Teatro Riachuelo, que nesse 9 de dezembro, completa seus primeiros cinco anos de existência. É notória a inclusão de Natal no circuito dos bons espetáculos que viajam pelo Brasil, é notória a satisfação do público potiguar, que o adotou como o espaço cultural mais espetacular do Estado. Uma satisfação que não se restringe apenas ao seu público fiel, podemos encontrar nos seus registros internos, depoimentos emocionantes dos grandes artistas que por ele já passaram, ao se referirem à qualidade dos seus atributos.
Show do cantor Roberto Carlos marcou a inauguração oficial do Teatro Riachuelo há cinco anos. Com plateia lotada, a noite ficou na memória do público convidado para o evento
Recordo muito bem que, pouco depois da sua inauguração, escrevi, nessa mesma Tribuna, um artigo sobre o fantástico show de Roberto Carlos, evento marcante da abertura oficial do seu palco, logo após a belíssima solenidade de inauguração, que teve a participação de estrelas nacionais de primeira grandeza do teatro, da dança, da música, com destaque especial para a estrela de brilho maior da dramaturgia brasileira, Bibi Ferreira. No momento seguinte, ainda tomado pela emoção do que havia sido aquele intenso final de semana, prognostiquei como tinha sido valioso o presente que Natal acabara de receber.

Quero voltar ao personagem dessa imagem. Ele não é afeito a louros. Sempre preferiu o anonimato e a tranquilidade da sua privacidade. Foi sempre assim nesses mais de 35 anos de convívio com ele. Empreendedor nato, determinado, arrojado e visionário, pautou sua vida pela dedicação ao negócio que criou e desenvolveu com extrema maestria. Recluso socialmente, mas muito próximo aos seus inúmeros colaboradores, por mais de uma vez, chegou a me dizer que o seu sucesso não era fruto de genialidade, mas sim da sua dedicação e do seu poder de concentração. Reconheço a força desses valores para ele, mas não concordo quando diminui o peso da sua genialidade para negócios.

Quando fizemos o projeto do Midway, cerca de 12 anos atrás, destinei uma área generosa para abrigar o cinema. Ele questionou-me sobre um espaço para teatro. Ok, seu Nevaldo, vou crescer ainda mais essa área e deixá-la reservada. Assim o fiz. E confesso, de forma um tanto despretensiosa. Os shoppings não costumavam abrigar teatro no seu mix: era caro para construir e manter, de retorno simbólico, tinha gestão complexa e quase não havia operadores especializados no Brasil. Realmente, teatro não era importante à luz do que compunha um centro de compras. Já o cinema, esse sim, com investimento e operação de organizações bem estruturadas, fazia grande diferença para ancorar um empreendimento vitorioso. Era a peça fundamental geradora de fluxo no quesito entretenimento, cultura e lazer.

O Midway Mall seguia crescendo. Com tantas ofertas especiais em um ambiente confortável, de qualidade e ainda servido por um estacionamento amplo, coberto e gratuito (até hoje), tornara-se um destino inquestionável quando o assunto era passear, comprar, comer ou, simplesmente, divertir-se. Mas, para seu Nevaldo, faltava a “cereja do bolo” como costuma referir-se ao teatro.

No final de 2007, numa das minhas viagens de São Paulo para Natal, rotina que cumpro até hoje, desde a pedra fundamental do empreendimento, seu Nevaldo chamou-me e disse: “Pedrinho, está na hora de iniciarmos o projeto do teatro.” O desafio estava lançado. Essa era uma matéria que não fazia parte da minha experiência. Nas primeiras abordagens com a agenda do programa para o teatro, confesso que fiquei preocupado com a complexidade do tema e me penitenciei por não ter sido mais cuidadoso com a área que havia reservado para abrigá-lo. O desafio seria ainda mais difícil. Um teatro de porte relevante, sobre a laje do terceiro piso do shopping e com limitação de pé-direito, seguramente, não constituía a melhor receita para o que se fazia necessário. Precisávamos de grandes vãos livres que garantissem completa visibilidade e flexibilidade. A estrutura metálica resultante mostrava-se muito complexa para atender a esses princípios básicos exigidos pelo projeto. O fato é que não teria sido possível ser projetado e muito menos executado não fosse, além do apoio incondicional do seu Nevaldo, o brilhante time de profissionais com o qual me envolvi e que se envolveu com a causa. A trajetória desses três anos que se seguiram até a inauguração foi muito rica de conteúdo. Esse artigo não a comportaria.

O resultado, porém, é o que todos já conhecem e desfrutam: um teatro multiuso (como exigia sua viabilidade), moderno, que recepciona através de um amplo foyer, que é capaz de abrigar grande público (entre 1.500 e 2.500 pessoas) através dos seus formatos variados, e o que é mais importante, contempla as principais características exigidas pelos melhores teatros, tanto para o público como para o artista: conforto, segurança, perfeita visibilidade de qualquer dos seus vários setores, infraestrutura cênica e destaque especial para a qualidade acústica, requisito fundamental para uma boa reprodução de qualquer espetáculo.

Por todos esses valores inquestionáveis, pela inclusão que o Teatro Riachuelo promoveu, pode-se afirmar com segurança que foi a cultura do Rio Grande do Norte a grande beneficiária dessa verdadeira obra de arte. E o seu criador é tão merecedor de parabéns quanto a sua criatura. Como não enaltecê-lo? Como não reverenciá-lo? Como não elevá-lo a um patamar de distinção? Tenho plena convicção que a grande maioria dos potiguares, assim como eu, não poupam aplausos quando o assunto é reconhecer o valor desse senhor. Não apenas por esse feito genial pelo qual o homenageio através desse artigo, mas também por todos os outros que realizou e ainda realiza, beneficiando econômico e socialmente o seu Estado de origem, o Rio Grande do Norte.

Parabéns, Teatro Riachuelo! Parabéns, seu Nevaldo!

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