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O tombo do tombo

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Vicente Serejo
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Hotel Reis Magos

Afastemos as questões e querelas paroquianas e paroquiais em torno da preservação ou não do Hotel Reis Magos – onde uns se deixam levar pela emoção e outros pela força velada da construção civil – e fiquemos diante do foco histórico: o Rio Grande do Norte não tem mais  referência para tombamento histórico. Teve no passado, com Oswaldo de Souza, conservador do patrimônio histórico nacional que veio por solicitação do então governador Aluizio Alves. 

A idéia fundadora da consciência de tombamento e preservação é da primeira metade dos anos quarenta, quando Mário de Andrade, demitido da direção do Departamento de Cultura de São Paulo, é convidado por Rodrigo Melo Franco, então assessor do Ministro da Educação e Cultura, Gustavo Capanema, e vai morar no Rio. Nomeado e instalado, recebe a nova missão de propor o projeto de criação do então Serviço do Patrimônio. Há livro com toda essa história.

No Rio Grande do Norte a primeira escola, por assim dizer, se faz em torno de Oswaldo de Souza, então conservador do quadro permanente do Iphan, com a sua sede no Rio. Oswaldo é filho de Cícero de Souza e sobrinho de Antônio de Souza, o Policarpo Feitosa, duas vezes governador. Pseudônimo que usava para assinar seus livros, como o romance ‘Gozinha’ o mais consagrado, e o regionalista ‘Gente Arrancada’, entre outros da nossa pequena ficção literária.

Oswaldo vinha de uma escola de absoluta rigidez que só aceitava tombar patrimônio de valor nacional. Aqui, tombou inicialmente a Fortaleza dos Reis Magos, o Palácio Potengi, o Sobradinho, a Casa da Câmara e Cadeia de Vila Flor, a Casa da Câmara e Cadeia de Acari e a sua igrejinha. Oswaldo não mais deixou Natal, fixando-se como o representante do Iphan e vinculado ao então quarto distrito, com sede em Recife. Tudo passava antes por Lúcio Costa.

A segunda escola, informal, mas referencial, pode ser apontada a partir dos dois livros de João Maurício de Miranda, arquiteto, professor da UFRN, e o maior conhecedor hoje do acervo arquitetônico do Estado. E veio o patrimônio histórico estadual, sem corpo técnico, sem foro e sem fórum, pressionado pelas ondas políticas e midiáticas dos que se arvoram donos da História.  Restou essa barafunda de amadorísticos improvisos sem lastro e sem saber firme.

Nunca criamos um patrimônio estadual de verdade. Com leis preservando a toponímia dos lugares da tradição. Não definimos os ícones da história local. Não preservamos os traços paisagísticos da nossa identidade. Não fixamos os marcos da nossa modernidade, como fez a Unesco tombando o Plano Piloto, de Brasília. Daí esse velho e requentado baião de dois que de vez em quando aferventa, resfolega e soçobra, no fogão de lenha desta aldeia inculta e bela.

CRISE
Além dos sinais de colapso na saúde estadual, como esta coluna noticiou na edição de ontem, não é bom o estado geral da saúde municipal. O segundo semestre será bem desafiador.

CONTA

Dentro do governo tem gente fazendo previsões negras. O salário em dia pode ser levado até dezembro, para os otimistas. Os pessimistas apontam para uma crise em setembro.

CASCUDO

O segundo semestre começa com mais um ensaio acadêmico sobre a obra de Câmara Cascudo. Desta vez analisando o valor de seus diários memorialísticos e confessionais.

VELHICE

O livro é da professora Regina Lúcia de Medeiros – Diário e Velhice em Luís da Câmara Cascudo – edição Caravela. Estuda o sentido de suas últimas anotações intelectuais.

SÉCULO

Aviso ao editor Abimael Silva: dia 17 próximo são cem anos de Otacílio Lopes Cardoso. Vale homenagear um dos mais importantes memorialistas da nossa história literária.

PAUTA

A Fundação José Augusto será responsável pelo parque modernoso que querem construir em torno da Fortaleza dos Reis Magos. Monumento colonial não é adorno turístico.

EXEMPLO

Foi desastrosa a reforma nos jardins do Teatro Alberto Maranhão: com piso de ardósia em edifício clássico. O Conselho de Cultura aprovou com o voto contra deste cronista. 

FEIO

Não deve ser verdade que o TCE retira o pedido de aumento da AL e aumenta por decisão sua. Um aumento igual. Fiscal assim não fiscaliza nada, ninguém, nem coisa nenhuma. 

PARÁBOLA
O prefeito Álvaro Dias parece convencido de que um confronto em 2020 com o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves pode ser o caminho mais tortuoso para a renovação do seu mandato. Teria nas mãos avaliações que demonstram o peso, em Natal, do apoio de Carlos.

FRENTE

Não está descartada a possibilidade de uma frente capaz de reunir pelo menos três siglas: Verde, PPS e PTB. Além da força que seria posta em torno de um nome que pode ser  Hermano Morais, é também a união de recursos do fundo partidário e de tempos de televisão.

PAVIO

As fontes asseguram que até este momento não há pavio aceso nas relações do prefeito e ex-prefeito. Até pela presença de Andréia Ramalho Alves no primeiro escalão. Nem há previsão de movimentação mais forte nos próximos seis meses. É cedo. Muito. Dizem eles.
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