A administração e ação pastoral de dom Nivaldo Monte na Arquidiocese de Natal foi revestida de incansável e fecunda atividade no campo da ação social, marcada por grande fidelidade ao papa, profundo amor à Igreja e total dedicação, exercendo o múnus episcopal numa linha de serviço, diálogo e co-responsabilidade com seus auxiliares. Por ele, foram constituídos o Conselho de Pastoral e o Secretariado de Pastoral, com representatividade dos agentes pastorais.
Também fez criar um programa de bolsa de estudos para sustento e manutenção dos seminaristas e esteve atento ao aperfeiçoamento do clero, dando continuidade à realização dos encontros pastorais mensais em Ponta Negra e promovendo cursos especializados, fazendo funcionar o Conselho Presbiteral e a Casa de Campo do Clero.
Dom Nivaldo também instalou novas casas de formação para religiosas, expandindo no interior, a experiência das pequenas comunidades, criando o Vicariato Episcopal. Além disso, fundou o Instituto de Teologia Pastoral (Itepan) em 1955 e incentivou o processo de Educação Política como melhor participação do leigo na sociedade e no desenvolvimento de sua comunidade.
O tino administrativo lhe possibilitou a gerência dos bens econômicos e financeiros como suporte material para o desenvolvimento do trabalho pastoral e social, sem prejuízo de sua expansão. Fez funcionar o Conselho de Administração, hoje denominado Conselho de Assuntos Econômicos, sendo seu presidente nato.
A vida inteira Dom Nivaldo se dedicou a atividades que ultrapassavam os limites de sua carreira eclesiástica. Realizou atividades nos mais variados campos. Foi professor de Latim, Grego, História Natural, Psicologia, História, Filosofia, Administração de Obras, Moral Geral e Ética Profissional. Também chegou a ministrar cursos gerais e de extensão universitária, além de palestras para leigos e para sacerdotes em âmbito local, nacional e internacional. Foi membro da Associação de Professores do Rio Grande do Norte e presidente da Sociedade Norte-rio-grandense de Ensino.
A preocupação com o social foi outra característica que marcou sua trajetória. Em 1945, o religioso fundou a Escola de Serviço Social – quarta do país e segunda do Nordeste – com o objetivo de preparar profissionais que pudessem, com formação humanística e técnica adequada, ser agentes do desenvolvimento com ênfase ao trabalho comunitário. Um pouco depois, de 1946 a 1955, fundou diversos Centros Sociais na área urbana e periférica da cidade, e em paróquias do interior, visando um trabalho integrado na linha sócio educativa e mais endereçado às camadas mais empobrecidas. Daí surgiram o Centro Social Cônego Monte, em Natal, o Centro Social Leão XIII, no bairro das Rocas, dentre outros.
Em 1947, junto a Dom Eugênio de Araújo Sales, foi co-fundador da Obra do Bom Pastor, em uma ação preventiva à prostituição de jovens e melhor qualidade de vida para as mesmos. Também fundou a Casa da Empregada Santa Zita, para a profissionalização da empregada doméstica e melhor formação de sua personalidade, ampliando outras áreas de atuação das pastorais: da Terra, do Trabalho, Operária, Carcerária, da Mulher Marginalizada e a Frente de Alfabetização Popular (FAP).
Paralelo ao trabalho de construção da Nova Catedral, o arcebispo iniciou, no mesmo dia do lançamento de sua pedra fundamental, a realização do projeto de erradicação da favela do Passo da Pátria e sua urbanização com construção de casas, escolas, centro social, capela, dando melhores condições de vida aos seus habitantes e à realização de um trabalho sócio-pastoral.
Em 1966 o Serviço de Ação Urbana –SAUR, órgão responsável pela supervisão do trabalho e capacitação de seus dirigentes, na área urbana e suburbana da cidade. E em 1978, instalou a Comissão Pontifícia de Justiça e Paz com atenção voltada à prática da justiça social. À época também criou o Vicariato da Pastoral Social.
Atento às dificuldades dos mais desfavorecidos, esteve presente nas bases, junto aos flagelados das secas ou das enchentes, levando solidariedade e ajuda material, além de promover a montagem de projetos visando uma ação mais continuada no combate aos problemas advindos das diferentes realidades.
Como grande entusiasta da cultura, e preocupado com os interesses do saber e do desenvolvimento intelectual das pessoas, Dom Nivaldo chegou a escrever mais de 20 livros e até ser internado por quadro grave de hipertensão arterial e insuficiência renal, ainda estava por concluir três obras: Enciclopédia do Rio Grande do Norte; Contos; e Trovas. Dentre seus principais livros, estão o ‘Fome – Por quê?’, publicado em 2003; ‘Minha cidade Natal e eu’, publicado em 2000; e ‘Três Temas para Reflexão’, publicado no ano passado.