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O uso da internet

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Ivan Maciel de Andrade                                                         
Advogado                                       

A internet surgiu nos meios acadêmicos e militares. Depois se tornou de domínio público, através da exploração comercial. As mudanças trazidas por esse meio revolucionário de informação e comunicação estenderam-se progressivamente a todos os setores da vida humana, transformando de maneira radical e definitiva o dia a dia das pessoas em todo o planeta. Um fenômeno que adquiriu maior significação e impacto a partir de maio de 2000, quando a banda larga passou a ser amplamente utilizada. Evidencia-se até mesmo inconcebível pensar o mundo atual sem levar em conta as múltiplas, importantes e decisivas mudanças originárias do uso intensivo da internet. Devemos reconhecer que não temos sequer condições de avaliar o rumo e os desdobramentos desse turbilhão de inovações.

No mundo cultural, os e-books estão ganhando espaço, vencendo resistências preconceituosas, se aprimorando cada vez mais e, sobretudo, ampliando significativamente o acervo de ofertas. Estão disponíveis obras clássicas e ao mesmo tempo os últimos lançamentos. Há vantagens evidentes no livro digital: os preços são mais baratos do que os dos livros impressos, é possível armazenar uma grande quantidade de publicações no tablet ou no celular (o iBooks) e pode-se conduzir toda essa biblioteca – com obras selecionadas – da forma mais simples possível, para o escritório ou seja lá para onde for (durante uma viagem), isto é, para perto ou para longe. Algo inimaginável há algum tempo.

A leitura dos e-books é agradável – conversa fiada de quem diz o contrário – e permite qualquer tipo de marcação. É um sistema prático, eficiente, útil, que não pode ser, sensatamente, desconhecido e muito menos descartado. Quem começar a usá-lo, se vicia. Até porque, hoje, todas as grandes obras nacionais e estrangeiras (traduzidas) estão acessíveis logo que sai a edição impressa. E é facílimo de comprar. Mas nada disso que acabei de dizer pode ser interpretado como previsão do fim do livro impresso. Longe de mim essa ideia. Os dois – o impresso e o digital – estão destinados a conviver pacificamente: uma relação de mútua e proveitosa complementação, que beneficia a indústria editorial, os autores, os leitores e, em última análise, a própria cultura. O livro digital é até mais compatível com a vida moderna que se passa, predominantemente, em ambientes inadequados às boas bibliotecas.

Mas há coisas detestáveis nesse mundo virtual: a simples e cotidiana conversa entre amigos e familiares se tornou difícil ou inviável pelo uso obsessivo de celulares. Sei que é grande perda de tempo criticar e censurar o uso exagerado e inoportuno desses equipamentos, o que acontece frequentemente em circunstâncias surrealistas – quando, por exemplo, as pessoas, embora bem próximas, se tornam inacessíveis de tão absortas nos celulares. Ora, essa dependência compulsiva e mal-educada chega a ser irritante e, algumas vezes, insuportável. Por isso é que existem hoje clínicas para reabilitação de dependentes virtuais – pessoas que passaram a viver no ciberespaço-tempo das redes sociais e desprezaram quase totalmente o mundo real. Esqueceram, com isso, o significado transcendental da vida, que, na síntese de Manuel Bandeira, “é santa, apesar de todas as quedas”.  

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