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O “vale tudo” atrás de um sonho

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O que faz um jovem largar a família e sua cidade Natal, bem como escolher sofrer com a saudade da filha? Se essa pergunta for realizada para Ramon Deniê, 26 anos, certamente ele dirá que é um sonho. E o sonho desse potiguar que resolveu abdicar da vida segura que tinha na capital potiguar para ir morar no Rio de Janeiro, dia após dia começa a se tornar realidade. Ele é o atleta mais cotado do RN para integrar a Seleção Brasileira de Luta Olímpica que vai disputar o Pan-americano da categoria, o que pode deixá-lo com um pé na Olimpíada do Rio, em 2016. 
Ramon Deniê, exibe medalha de prata conquistada no Brasileiro. Wagner Wanderley, Sandro Gabriel e Jonatas Augusto foram bronze
Segundo colocado no Ranking Nacional da categoria 130 Kg na luta Greco-Romana, Ramon  acabou de conquistar a medalha de prata no Campeonato Brasileiro Sênior, realizado no quartel de Paraquedistas do Exército, no Rio de Janeiro. Mas agora seu pensamento já está mais adiante: a meta é a disputa do Pan-americano, marcado para iniciar no dia 15 de julho, na Cidade do México.

“A Confederação Brasileira sempre convoca os dois primeiros do ranking para realizar os treinamentos de cada categoria. No meu caso, o primeiro colocado é o curitibano Antônio Rodrigues, que já comunicou de sua impossibilidade de participar da competição, devido as suas ocupações profissionais. Mas independente disso, sempre é destacado para as competições internacionais aquele atleta que se destaca mais no período de treinos e, para mim, daqui por diante, cada treino valerá o mesmo que um combate pela medalha de ouro numa Olimpíada”, disse Ramon.

Dedicação
Como o país ainda engatinha em sua política de esportes, quem tem o sonho de se tornar um atleta olímpico numa modalidade pouco conhecida do público e sem visibilidade, deve ter disposição dobrada para superar os desafios que costumam encontra fora dos tatames, tapetes ou ringues.

Renan, faixa preta de judô, só começou a ter em vista a possibilidade de representar o Brasil numa Olimpíada depois que resolveu aderir a Luta Greco-Romana. “Eu dava aulas de judô quando Carlos Alberto apareceu e me disse que estava criando a Federação de Luta Olímpica e me convidou para realizar um curso de capacitação para técnicos no Rio de Janeiro”, recorda frisando que isso ocorreu em 2012.

“No decorrer do curso apareceu uma competição da Luta Olímpica lá mesmo, no Rio, e me convidaram para participar. Eu enfrentei Antônio Jaú, que sempre foi uma referência na modalidade e, claro, fui derrotado. Só consegui marcar um ponto contra ele, mas muitas pessoas me deram os parabéns. Não entendia o motivo, já que havia perdido por goleada e me disseram que fazia cinco anos que ninguém no Brasil conseguia pontuar numa luta com Jaú”, destacou.

Pronto! Esse foi o incentivo que faltava. Disposto a prosperar na Luta Olímpica, Ramon se mudou para o Rio de Janeiro em 2013 praticamente apenas com uma mala de roupas. O fato de ter de morar no alojamento da Confederação Brasileira, ter de fazer bicos como garçom em bares, trabalhar a noite inteira para acordar cedo no dia seguinte para treinar, não o fizeram desistir, pois essa seria sua única forma de aliar as necessidades básicas a determinação se tornar um atleta.

Os resultados foram aparecendo, com a boa colocação no ranking ele poderá requerer o incentivo do Bolsa Atleta e finalmente realizar o sonho.

HISTÓRIA

A Luta Olímpica é reconhecida como um dos esportes praticados há mais tempo – talvez só perca para o Atletismo. Há registros de combates que datam do ano 3000 antes de Cristo, e o esporte chegou a fazer parte dos chamados Jogos Olímpicos da Antiguidade.

Para os gregos, a Luta Olímpica tinha status de ciência e era o elemento de treinamento mais importante entre os mais jovens. Eles lutavam nus, com seus corpos banhados em azeite e com uma fina camada de areia para protegê-los do calor ou do frio. O primeiro a fazer o adversário cair, não importa como, era considerado vencedor.

A primeira disciplina da Luta no programa olímpico foi a Greco-Romana, presente desde os Jogos de 1896, os primeiros da Era Moderna, em Atenas, na Grécia. Com exceção da edição de 1900, em Paris, o esporte sempre esteve presente. Já o Estilo Livre apareceu no ano de 1904, em Saint Louis, contando apenas com lutadores americanos.

Desde os Jogos de 1920, em Antuérpia, na Bélgica, as duas disciplinas de luta estão presentes no programa olímpico. As categorias femininas foram incluídas na edição de 2004, em Atenas, e apenas na Luta Estilo Livre.

A Luta Greco-Romana e o Estilo Livre têm o mesmo objetivo: imobilizar o adversário de costas para o chão. A diferença é que, na Greco-Romana, só é permitido usar os braços e o tronco para atacar e imobilizar o adversário, enquanto o segundo autoriza o uso das pernas. São proibidos golpes baixos, estrangulamentos, colocar o dedo no olho do rival e puxões de cabelo.

A Luta Estilo Livre tem menos história e popularidade que a Greco-Romana, mas é praticada há mais de um século. No início, a disciplina era mais uma forma de entretenimento, e combates eram atrações em feiras e festivais por todo o território dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.

Como o próprio nome diz, a Luta Estilo Livre é um estilo mais completo, em que não há restrição do uso de partes do corpo para derrubar e imobilizar o adversário – ao contrário da Greco-Romana, na qual os participantes podem usar apenas seus braços e tronco. É permitido utilizar as pernas e segurar o oponente abaixo da cintura.

Realizadas em um tapete octagonal de 12 x 12 metros – a área de combate é um círculo de 9 m de diâmetro -, as lutas são disputadas em melhor de dois rounds, com três minutos cada, com pausa de 30 segundos. O vencedor é declarado a partir da soma da pontuação dos dois rounds. Diferenças de oito pontos na luta Greco-Romana e de 10 pontos na Luta Estilo Livre garantem a vitória. As quedas interrompem as lutas a qualquer momento.

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