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O vapor Bahia

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Mesmo nas coisas simples a memória tem sempre um velho encontro marcado. Outro dia, a televisão contou a história de alguns naufrágios de navios. Lá pras tantas, ouvi quando a voz citou o Vapor Bahia. Velho e romântico navio de passageiros que acabou tragado pelo mar na noite clara e calma de 25 de março de 1887, ao colidir com o navio Pirapama, ao largo da Ponta das Pedras, águas de Recife. Lá onde dorme até hoje no silêncio profundo de vinte e cinco metros. 
Na rede, entre o sono e a vigília, a memória saiu procurando um sinal arquivado da crônica de Austregésilo de Athayde. Claro, bastava ir ao seu velho ‘Conversas da Barbearia Sol’, edição O Cruzeiro, 1971. No dia seguinte, não encontrei no sumário referência ao ‘Vapor Bahia’. Fui então à antologia das suas melhores crônicas, selecionadas e organizadas por Murilo Melo Filho, em 2008, numa edição da Global. Estava lá grifada a citação na crônica ‘Leota dos Cantadores’.    
A busca acabou reunindo Athayde a três outros norte-rio-grandenses – Murilo Melo Filho, que organizou a antologia; Câmara Cascudo, pelo detalhe de ser seu o belíssimo prefácio de ‘Cantadores’, na primeira edição após a morte de ‘Leota’, de quem foi amigo nos tempos da velha Faculdade de Direito do Recife; e pela citação que Athayde faz do poema ‘O Naufrágio do Vapor Bahia’, de Segundo Wanderley, que correu de boca em boca e venceu o chão da sua aldeia. 
É dele, de Athayde, página 326, indo buscar no fundo da memória afetiva, sua lembrança velha da infância: “Lembrei-me também de algumas figuras, inclusive de um cego que tocava num chapéu de couro e, segundo diziam, se tinha salvo, agarrado numa tábua, do naufrágio famoso do Vapor Bahia. Desastre celebrado pelo poeta Segundo Wanderley, num poema que começava assim: ‘Corria a noite a meio…”, e que eu soube inteirinho de cor, quando menino”. 
“O Naufrágio do Valor Bahia’, teria sido publicado inicialmente em ‘A República’ e ‘Diário de Pernambuco’, o que só uma pesquisa pode atestar. O que há de certo é que faz parte da edição preparada por Manoel Dantas, Henrique Castriciano, Moysés Soares, José Pinto e Ezequiel Wanderley, comissão que preparou a reunião de sua poesia, um belo gesto de ajuda e amparo da viúva e os seus filhos, lançada em 1910, com longo prefácio do poeta Gothardo Neto.
E se registro, é só para festejar a memória que resiste ao risco traiçoeiro do esquecimento. E mostrar, sem glória e sem prêmio, tantos anos depois, que Austregésilo de Athayde tinha razão ao citar o começo do poema, na sua crônica selecionada por Murilo Melo Filho, no encontro com Leonardo Mota. É verdade, o poema ‘O Naufrágio do Vapor Bahia’, começa assim: “Corria a noite a meio, / ia um barco a vogar, qual célere gaivota / por sobre o dorso azul da vaga boreal…”. 
PERTO – São só dez os degraus que, na escadaria de Mossoró, separam o poder e o desejo de conquistá-lo. Será sobre esses degraus a luta renhida a ser travada nas ruas e praças de Mossoró. 
REFORMA – A contribuição de 18% nos salários além de R$ 25 mil é uma evolução da reforma, mas não deixa de esconder o medo de mexer com os deuses, os que ganham mais de R$ 35 mil. 
E… – Esse medo levou a manter reduzida a faixa de isenção em até 3,5 mínimos, quando era de seis. Significa, na prática, abrigar a redução de salário líquido de quem não teve nem a inflação
 
LOUVOR – Uma missa na Igreja de São Pedro, no Alecrim, marca, sábado próximo, às 16h, os 50 anos de ordenação do Monsenhor Lucas Batista, esse bom pastor do povo de Deus até hoje. 
SAUDAÇÃO – Lucas será saudado por seu colega de seminário, o também padre José Mário, que foi ordenado também há cinquenta anos, em dezembro de 1970. Um dia de festa para a Igreja.
DETALHE – Caicoense, Lucas foi ordenado pelo Monsenhor Walfredo Gurgel, e é um dos três padre da mesma turma: José Mário e o Monsenhor Raimundo Silva, o pároco emérito de Acari.
DESAFIO – O problema não é implantar e cumprir os 50% de redução do ISS para as empresas de ônibus. Fez bem o prefeito Álvaro Dias. É o usuário sentir, de fato, o bom efeito da decisão. 

CUPIM – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, sobre o jornalismo quando aceita ser íntimo do poder: “Vira cúmplice do silêncio, o cupim que ferozmente rói e corrói a verdade”. 
PERDA – Só o presidente do MDB, Walter Alves, não viu o que os números do partido revelam nas eleições deste ano: o MDB perdeu a pujança, reduzido a apenas 68 candidatos a prefeitos no Estado, quando chegou a disputar com 101 (em 2012), e 114 (em 2016), depois de uma derrota.
MAIS – O MDB não errou ao reconhecer a atuação inegável do ex-senador Garibaldi Filho, mas foi injusto ao omitir o papel de Henrique Alves ao longo de vinte anos na presidência. O MDB sabe o preço que paga por não ter um líder capaz de unir as suas forças acima das questiúnculas.  
PIOR – A nota do partido, festejando a perda de espaço, reduzido a um terço do que representou no passado, desprezou o gesto de Henrique na convenção do partido, em Angicos, quando saudou Garibaldi como seu líder e Walter como presidente do seu partido. O mesmo a vida inteira. Triste. 
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