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O velho trapiche

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Augusto Coelho Leal 
Sócio do IHGRN 
Certo dia do mês de setembro do ano de 2015, Céu aberto, poucas nuvens, noite de lua cheia. Diziam que seria a maior lua dos últimos dezoito anos. Só, nos meus pensamentos, resolvi voltar no passado. Comecei a dirigir meu carro em direção a Redinha, que quando eu era menino, chamávamos de Ridinha, pois era o nome que estava escrito no velho clube construído de pedras do mar – RIDINHA CLUBE.
Passei a ponte nova, com uma bela vista das praias, trânsito ruim – não é novidade, mas consegui chegar ao velho mercado público. Olhei meio desolado a paisagem, já não via o meu passado, mas tinha muito bem na memória, as passagens da minha vida vivida naquela praia.
Procurei um lugar para acomodar-me e refletir sobre a vida, tirei os sapatos, fui até abeira do Rio Potengí. Abri a camisa para sentir melhor a brisa da maré, olhei para o velho Clube, senti a desolação da idade. Lembrei-me de uma música, gravada por Demetrius, que eu cantava muito quando era jovem – eu gostava de cantar, até virei compositor bissexto.
Voltei-me para o rio, lembrei-me do velho trapiche – um pequeno cais de madeira, onde eu ia esperar meu pai quando retornava do trabalho. O velho trapiche já não existe, mas as lembranças ainda muito vivas. De lá a meninada mergulhava no rio. Ali passava a procissão com a imagem de N. S. dos Navegantes. Era um ponto de encontro de veranistas   amigos de meu pai: Dante de Melo Lima, Antonio Barra Maia, Wilson Maranhão, José Emerenciano, João Ferreira, José Herôncio, Limarujo, Etiene Reis, Túlio Fernandes, Leonel Leite, Mirabeau Pereira, Humberto Teixeira, Aldair Vilar… Era ponto de encontro entre rapazes e moças. Entre as moças, Tereza e Lurdinha Maranhão, Gilda Maia, Regina e Nininha Emerenciano, Mônica e Virgínia Lima, as irmãs Dóris, Auxiliadora e Ângela Fernandes, Sonia e Olga Severo, Ana Maria Cabral, Tásia Sá, e os rapazes, Neilson e Wilson Maranhão, Carlos, Eduardo e Maurício Maia, Aécio e Gotardo Emerenciano, Bochechinha, Carlinhos e Roberto Limarujo, Roberto, Etiene, Túlio, Sebastião e Caio Flávio Fernandes, Ivanaldo, Expedito, Ivanilson e Leonel Leite Filho, João e Antônio Ferreira, Sérgio e André Lima, de  Jovelino Marques, Gerson Dumaresq e Eduardo Moura, companheiros da nossa pequena “república”, e outros. Olhei para o mercado e me lembrei da barraquinha de Dona Severina, irmã de um guarda de trânsito apelidado de “Ridinha”, onde a gente passava as madrugadas tomando umas e outras pois, a luz se apagava as vinte e duas horas, de Geraldo e Dalila, onde se comia ginga com tapioca – minha primeira refeição na lua de mel, da venda de Francisquinho a onde a gente comprava Martini e Cinzano, dos “boteiros” Janjão, Gonzaga e Ferrinho, da lancha de Luiz Romão. Lembrei-me de William Cantídio e Tota Zerôncio, de Paulo Balá, Breno Fernandes, Zé Luiz Leal, Jahyr Navarro, Conceição e Tatá Emerenciano, minha irmã Niris e meu cunhado Raimundo Jovino, João Bolão. Algumas dessas pessoas não estão mais entre nós, mas as suas presenças, muito vivas em meu coração.
A lua resplandecendo, vinha surgindo por cima do Forte dos Reis Magos… era hora de partir, mas antes lembrei-me da imagem do meu pai, andando no velho trapiche ao som dos versos da música de Demétrius. 
O vento estava frio, começou a cair alguns pingos de chuva, talvez o céu me fazendo companhia para que eu não chorasse sozinho. As lembranças eram muito fortes, uma época que ficou gravada nas minhas retinas e no meu imaginário.
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