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O vinho ontem, hoje e amanhã – III

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Dando continuação a terceira edição deste tema, finalizado na semana passada com o termo: “vinho placebo”, retomo agora explicando o porquê do emprego de uma palavra tão forte, se considerarmos sua aplicação ao vinho, algo cujo objetivo maior é dar prazer sensorial. Na terminologia científica, placebo é um fármaco cuja eficácia, eventual, é meramente psicológica. Mas placebo aplicado ao vinho eu suponho seja uma palavra inusitada a despeito do seu cabimento literal. A terminologia vinho placebo refere um vinho maquiado, quimicamente modificado, através de aditivos (melhoradores artificiais), como acontece com a maioria dos pães que comemos, com objetivo de garantir um nível de prazer satisfatório a custa de reparos sintéticos, e que agrade a grande maioria dos consumidores como um vinho coringa. Tudo respaldado por um apelo midiático e por uma imagem que o convença aos olhos dos apreciadores inadvertidos ou afeito a estética. Nessa categoria enquadram-se os vinhos cuja estrutura fora forjada pelo uso de engaços de baixa qualidade, e por douelles (aduelas), que supõem estrutura fenólica e maturação em barrica respectivamente, quando o correto seria que as substâncias e extratos da pele das uvas o façam naturalmente, juntamente com os taninos gálicos (da barrica de carvalho). Vinhos cujo frescor é simulado pela adição (correção) de ácido tartárico ao mosto, e vinhos nos quais os aromas e sabores sugerem o aporte da madeira (vinho no carvalho), quando tudo não passou de chipagem (carvalho no vinho), sem o benefício mais importante da micro-oxidação. Convém acrescentar que esses artifícios são apenas alguns dos quais se valem produtores inidôneos, que buscam apenas vantagem comercial imediata, através de preços prá lá de acessíveis em vinhos cuja qualidade está pra cá de aqui, tudo validado por um marketing infundado, tendo como alvo, consumidores que, desprovidos de um julgamento pessoal mais crítico, valem-se apenas do apelo de preço dos vinhos.

Nos vinhos placebos, os artifíciosusados por produtores buscam vantagem comercial imediata
Nos vinhos placebos, os artifícios usados por produtores buscam vantagem comercial imediata

Por esta razão é importante conhecer o essencial sobre o produtor que você elegeu. Saber como a crítica especializada séria o enxerga, qual o seu nível de compromisso com o consumidor, etc. Da mesma forma como você faria com qualquer outro produto do qual espera algo compatível com o seu investimento, você deverá fazer com o vinho que irá consumir. Só assim é possível separar o joio do trigo, nesse mar de ofertas fraudulentas, sem incorrer em naufrágios nem ficar a deriva ou a mercê de validar um placebo. Vinhos maravilhosos, bons, honestos e medíocres sempre existiram e sempre existirão, mas a farta oferta, existente no planeta e crescente a cada ano, exigirá ainda mais sensibilidade e discernimento do consumidor que terá de instrumentalizar os sentidos para separar o joio do trigo.

Vinhos de Portugal no Rio de janeiro
Nos dias 02, 03 e 04 de junho, no Casa Shopping, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, terá início a 4ª Edição do: “Vinhos de Portugal no Rio de Janeiro”, o maior evento de vinhos português do Brasil, que este ano se estenderá também a São Paulo onde acontecerá nos dias 09, 10 e 11/06, no Shopping JK Iguatemi. Organizado pelos Jornais Publico e O Globo, em parceria com a ViniPortugal, o ponto alto desta gigantesca mostra de vinhos lusitana, será realizado através de 9 seções de provas com duração de 2 horas cada, e contará com um gigantesco número de expositores, especialistas, produtores, profissionais e o público apreciador. A edição 2016 contou com a presença de 8 mil participantes e 66 produtores de diversas regiões vinícolas de Portugal, e a edição 2017 promete ser ainda mais expressiva. A Quinta de São Sebastião, vinícola de Lisboa para a qual dou consultoria em todo Brasil, estará participando do evento sob o meu comando no Rio de janeiro e em São Paulo. Os interessados devem acessar o site: vinhosdeportugal2017.com.br

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