terça-feira, 23 de abril, 2024
29.1 C
Natal
terça-feira, 23 de abril, 2024

O voo solo de Lucy Alves

- Publicidade -

Cinthia Lopes
Editora

Quando interpretou o medley “Gostoso Demais/ Isso aqui tá bom demais” (Dominguinhos/Nando Cordel) ao lado da potiguar Khrystal em uma das eliminatórias do The Voice Brasil de 2013, a cantora e instrumentista paraibana Lucy Alves assinalava ali seu lugar na final do reality show musical da Rede Globo. Fortalecida pela apresentação impecável com o acordeon e em dueto com Khrystal, representava uma espécie de brisa renovada entre as vozes femininas da nação nordestina. Mas como quase tudo na Tv tende ao efêmero, Khrystal acabou sendo eliminada logo depois, mesmo mostrando uma postura mais visceral na interpretação de A Carne, e Lucy Alves foi mais longe e chegou quase lá, não venceu a competição.
Com CD lançado neste mês pela gravadora Universal, paraibana Lucy Alves prepara turnê, com show em Natal (dia 17, no TAM) e reencontra Khrystal dois anos após o The Voice
Passados dois anos do programa de televisão, a paraibana ex-Clã Brasil segue na construção de sua carreira solo, capitalizada pelo sucesso pós The Voice, em que fez apresentações no Carnaval de Recife + São João, passando por shows nacionais e duas viagens internacionais. Foi primeiro para os Estados Unidos onde se apresentou em Miami e na Semana do Brasil em Nova Iorque, e em fevereiro deste ano a Londres para um festival de forró. Também assinou o contrato com a multinacional Universal para a gravação do primeiro CD, que acaba de ser lançado tendo a direção artística de Alexandre Castilho.  Agora em abril, Lucy Alves está iniciando sua turnê para mostrar ao vivo o novo trabalho.

 Natal está na agenda da cantora para apresentação no próximo dia 17, no Teatro Alberto Maranhão, às 20h. Uma novidade neste show será o reencontro  com a cantora Khrystal, interpretando, claro,  “Gostoso Demais/Isso Aqui tá bom Demais”, música também inserida no CD de Lucy. Outros potiguares também farão participações especiais, entre eles Carlos Zens e a jovem sanfoneira Carol Benigno.

O pai de Lucy Alves, José Hilton Alves, o Badú, adiantou que a apresentação em Natal será uma prévia para a gravação do DVD ao vivo em Recife, marcado para os dias 27 e 28 de maio no Teatro Boa Vista, que contará com participações de Carlinhos de Jesus e Chico César.  “Como vamos gravar em um teatro, esse show no Alberto Maranhão será um piloto para o registro ao vivo no palco do Boa Vista”, comentou em uma conversa aqui na redação da TN. Badú é parceiro da filha em uma das músicas do CD – “Amor a perder de vista” – uma das duas inéditas do disco.

Quatro músicos vão acompanhar a cantora nesta apresentação, mas ela também pretende mostrar seu talento de multinstrumentista, habilidade desenvolvida ao longo de sua graduação em música na Universidade Federal da Paraíba e quando integrou o grupo Clã Brasil. “Neste show ela vai tocar oito instrumentos! acordeon, piano, violão, bandolim, violino, escaleta, contrabaixo e fole de oito baixos. Conte aí, foram oito?” brinca Badú, orgulhoso.

Em busca da identidade

O CD que chega às prateleiras e é base do show em Natal, revela dois lados distintos. Tem a intérprete ainda com resquícios do The Voice, e boas canções/releituras onde a artista deixa sua marca.

Nas quatro primeiras faixas as semelhanças com a conterrânea Elba Ramalho são nítidas e a comparação é inevitável, muito mais pelas regravações similares de “De Volta pro Aconchego” (Dominguinhos /Nando Cordel), “Frevo Mulher” (Zé Ramalho), “Ai que Saudade De ocê” (Vital Farias), Qui nem Jiló (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira) e “Gostoso Demais” (Dominguinhos/Nando Cordel).
O disco evolui ao ouvir a toada “Se você vai eu vou”, canção inédita de Marisa Monte e Carlinhos Brown, que parece ter sido feita para o estilo de Lucy Alves. Música e letra passeiam na voz delicada da cantora:   “… descobri que voar longe/Traz esse lugar/ Eu vou, se você vai/ Eu vou, se você vem/ Eu vou, amor, se é bom pro nosso bem…”.  Na mesma linha autoral é   “Amor a perder de vista”, desta vez parceria de Lucy e seu pai Badú, um forrozinho romântico como aqueles que se costumava dançar nos arrasta-pés de antigamente. Um pouco de ousadia surge no (ótimo) arranjo regueado de “Tropicana” (Alceu Valença/Vicente Barreto) faixa que conta com a participação do próprio Alceu Valença, amigo de Lucy, com quem já tocou e fez algumas participações em clipes e shows.

Ainda gostei da versão de “Olhos nos Olhos”, música de Chico Buarque que virou um xote – combinou com a cantora, ainda que os fãs de Chico possam não apreciar. 

As demais escolhas ficam na média se comparadas a intérpretes antecessores. São elas: “Segue o seco” (Carlinhos Brown), “Festa do Interior” (Moraes Moreira/Abel Silva) e “Disparada” (Geraldo Vandré/ Theo de Barros).

Levando-se em conta a formação e a experiência da artista, espera-se no futuro um repertório melhor garimpado que revele mais preciosidades de suas raízes e não caia em armadilhas genéricas.

Retomo às anotações da conversa com Badú e lembro de ter-lhe perguntado se o  Clã Brasil ainda faria parte dos planos de Lucy Alves. “Está parado, pois esse desejo de seguir em carreira solo era antigo, aos poucos ela quer experimentar outras  ritmos”.   E ela ainda tem muito mais a mostrar.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas