Jornal de WM
No andar da semana caiu na minha bacia das almas imeio de Berilo de Castro agora enveredando pelo rico folclore da política do Rio Grande do Norte. O “causo” certamente está incluído em seu novo livro. Os originais já foram enviados à editora Offset, vizinha parede-meia com sua clínica médica que fica no final da avenida Rio Branco, olhando para o oitão da igreja matriz do Bom Jesus das Dores, da velha Ribeira de tantas histórias/estórias e que, num passado não muito remoto, foi o cantão mais rico da política do Estado. Vamos, então, ler Berilo:
“Nesse pedaço de Nordeste, com tantas manobras esquisitas e cheio de maracutaias na política, um causo a mais e é lembrado.
Em uma cidade do interior do Estado, época festiva de campanha eleitoral, momento do tudo ou nada para galgar uma cadeira na Câmara Municipal, tempo caracterizado pelas tentativas mais circenses na busca de votos, os candidatos se debatem, correm de um lado para outro, na caça incessante de eleitores. Nessa caçada humana, promessas e mais promessas são feitas; algumas inusitadas.
São ofertas de tudo o que não se imaginam, em troca por votos: milheiros de telhas de cerâmica, de telhas de brasilit, de tijolos de oito furos, pagamento de contas de luz em atraso, taxas de água e esgoto, IPTU, dentaduras, saco de cimento, cadeiras de rodas, vestidos de noiva, exames de sangue, RXs, internamentos em hospital na Capital, óculos de grau e, por aí segue a infindável lista.
Diante de tudo isso, surge um pedido inusitado. Um bom eleitor, muito bem conhecido na cidade, o único cidadão mudo na região, prestes a se casar, fez o seguinte pedido ao candidato: uma aliança. Joia, que seria usada tão loo o vereador fosse eleito.
O candidato acatou o pedido e seguiu caminho na sua vitoriosa empreitada.
Terminado o pleito, o vereador foi eleito. Cumpriu os seus compromissos de campanha, que foram muitos, com um detalhe todo especial: esqueceu completamente do clamor do eleitor mudo (prática corriqueira no meio).
O votante, se sentido desprezado no seu justo e sonhado pedido, foi até ao vitorioso edil e pediu explicações pelo não cumprimento da entrega da sua aliança. Com a sua linguagem gesticular, lembrou a promessa, fazendo uma imagem circular com o dedo polegar da mão esquerda e, com o dedo indicador da mão direita, apontou e penetrou no orifício com o movimento de entra e sai: an? an? an? O vereador no seu esquecimento soberbo, vendo aquela cena gesticulada, com espanto e bastante curioso, nada entendeu e se questionou: “Eu já prometi e já fiz doações e mais doações, as mais diferentes e imagináveis, só não me recordo em momento algum ter prometido dar o c. caso ganhasse a eleição. Será? ”
Na trilha do boi
Começou ontem em Uberaba a 85ª Expozebu, comemorando os 100 anos de fundação da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), que tem sede naquela cidade mineira. É a maior exposição da pecuária bovina brasileira reunindo também criadores de vários países, começando pela Índia, de onde veio o gado zebuíno.
No meio da festa, montada no Parque Fernando Costa, que se estenderá até o dia 5 de maio, estarão criadores do Rio Grande do Norte, até porque dois potiguares estão entre os agraciados com o Mérito ABCZ-2019: o empresário Kleber Bezerra, criador das raças Guzerá e Nelore, e o engenheiro agrônomo com mestrado em Produção Animal, Rodrigo Madruga, que também dirige o escritório da ABCZ em nosso Estado.
Bolsa família
Falando sobre o VII Fórum Jurídico de Lisboa (o ministro Sérgio Moro foi um dos palestrantes) entre os dias 22 e 24, o cronista Ancelmo Gois, em sua coluna de O Globo, deu a seguinte nota:
– Nesse Fórum, o economista José Roberto Afonso traçou um quadro sombrio com o fato de que só 40% dos trabalhadores brasileiros têm emprego formal e previdência contratados. Da maioria informal, 65% preferem continuar como empreendedores, só 48% contribuem para o INSS, 16% se preparam para se aposentar de outra forma e 12% têm previdência privada. “No futuro, viverão de quê? Bolsa família? ”
Livro
Anote em sua agenda: dia 8 de maio, coisa das 18 horas, na sede do América Futebol Clube, haverá o lançamento do livro Doutor no Futebol e na Vida. É a biografia de Maeterlinck Rêgo, escrita pelo jornalista Rubens Lemos Filho, a partir de vários depoimentos do querido médico e desportista.
Tem prefácio do advogado Carlos Roberto de Miranda Gomes e orelha assinada pelo jornalista Cassiano Arruda.
Esquecido
E por falar em livro, a passagem do Dia Nacional do Livro Infantil, 18 de abril (homenagem a Monteiro Lobato que nasceu nesse dia, Taubaté, SP, 1889), foi totalmente esquecida nas rodas literárias (ou não) desta aldeia de Natal. Nenhum autógrafo.
Saudades da patota do Sítio do Picapau Amarelo.
Cidadão
O Padre e escritor João Medeiros Filho recebeusexta-feira, 26, em sessão realizada na Câmara Municipal de Parnamirim, o título de Cidadão Honorário Parnamirinense “por relevantes serviços prestados a Parnamirim”.
Justíssima homenagem. Seridoense nascido em Jucurutu, de onde nunca perdeu o sotaque apesar dos tempos vividos na Bélgica e no Rio de Janeiro (sempre estudando), o padre mora há muitos anos em Parnamirim, sua extensão de Natal.
Teatro
O Teatro Alberto Maranhão, inaugurado em 1904, permanece fechado. São quase quatro anos de cortinas cerradas. O fechamento aconteceu durante o governo Robson Faria e prossegue no atual, sem sinal nenhum de quando seus portões de ferro, vindos de Paris, serão reabertos.
Mercado do livro
Deu na Folha de S. Paulo com o título “Mercado de livros perdeu um quarto do tamanho no primeiro trimestre’:
– A retração do mercado editorial, com as duas principais livrarias do país em crise, continua. No primeiro trimestre deste ano, o faturamento com as vendas encolheu 25% na comparação com o mesmo período do ano passado. Em número de exemplares, a queda é de30% – ou 1,2 milhão de livros a menos. ”
O faturamento total foi de R$ 134 milhões, contra os R$ 180 milhões do ano passado.
