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Objetos provocativos

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Maria Betânia Monteiro – repórter

Em 1950 quando o potiguar Abraham Palatnik concluiu o aparelho cinecromático e deu a ele o nome de “Azul e Roxo em Primeiro Movimento”, estava  iniciando uma revolução nas artes. Experimentalista, Palatinik juntou tecnologia e sensibilidade e conquistou o mundo. Suas obras são vivas, ricas em movimento, poesia e fundamentos tecnológicos. Em Natal, o público terá a oportunidade de conhecer quatro trabalhos, predecessores do aparelho cinecromático durante o Salão de Arte Tecnológica, promovido pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte – Fapern. O salão será aberto hoje, às 19h, na Pinacoteca do Estado e ficará à disposição do público a partir de amanhã até 2 de setembro.

Salão de Arte Tecnológica abre hoje na Pinacoteca do Estado, com obras de Palatnik, novos premiados e aquisições do SalãoDurante o salão também acontece a Mostra dos prêmios aquisições do Salão Abraham Palatnik de Artes Visuais, edições 2007, 2008 e 2009. Paralelo à exposição, no horário das 19h às 22h serão realizadas no DEART/UFRN, oficinas de Arte Tecnológica e Workshop Multimídia, sob a orientação dos coordenadores dos projetos apresentados. “Domínio e aplicações da técnica Biofeedart”, “Criação e reflexão em arte e tecnologia – Captas”, “Controle interativo digital” “Objetos interativos com arduíno” são os nomes das oficinas ministradas. Segundo consta no edital da Fapern, o objetivo do salão é apoiar a produção e a divulgação das artes visuais em novos suportes tecnológicos.

Um dos trabalhos em exposição é o Biofeedart, orientado pelo engenheiro de computação Desnes Rosário. Segundo ele, o Biofeedart visa a criação de arte digital geométrica de Fractal (sistemas matemáticos que levam a resultados gráficos caóticos), através de biopotenciais do corpo humano alimentados a um software que desenha a arte abstrata matemática.

Outro trabalho é o projeto Captas — Intervenção artística móvel-urbana, orientado pelo artista multimídia Fábio Oliveira. Captas é uma intervenção urbana em que chamativas capas alaranjadas começam a tagarelar ruidosamente quando percebem o uso de telefones celulares, em trânsito pela cidade.  Essa ação faz uso de performers e capas plásticas constituídas de um sistema capaz de disparar conversas perturbadoras de telefone celular pré-gravadas, quando percebem o uso de algum telefone celular por perto, emitindo sons de conversas intrusivas de outros falantes em locais públicos. O objetivo do projeto é discutir, com certa ironia, implicações sociais da telefonia móvel no espaço urbano. “Objetos artísticos interativos com Arduino”, também estará em exposição, orientado pelo professor, Dr. em Neurociências, Antonio Pereira.

Professor expõe obra interativa no Salão

Além dos artistas participantes, o professor-doutor Marcos Andruchak, que também é artista plástico e professor do Departamento de Artes da UFRN, apresenta o “Controle Interativo Digital”, uma instalação artística cuja composição é visual e interativa. “A parte visual está definida com um cenário absolutamente geometricista produzido com pintura. A interativa possui elementos que permitem a interatividade do público com uma projeção digital”, disse Andruchak.

Segundo o artista, o visitante tem a opção de controlar o cursor da tela projetada através da movimentação de objetos diversos em substituição ao mouse. A aplicação oferecida ao público é o controle de vídeos embora as possibilidades ultrapassem todas as fronteiras. “Criar artisticamente novas funções para as tecnologias que estão aí ou o desdobramento destas, pode ser mais do que apenas algo curioso, podemos talvez chegar à solução de questões da vida cotidiana e muitas vezes à melhoria da qualidade de vida das pessoas”, revelou Andruchak.

Arte e banalização

Para ele é preciso um olhar apurado quando se pretende determinar o que realmente é arte, face ao que é apresentado como arte. “Esta palavra está passando por um período de banalização onde quem quer polemizar determina que algo é arte e defende a idéia com o maior número possível de argumentos”, disse.

Andruchak explica que arte tecnológica ainda é uma novidade para o público em geral e que o termo continua sendo forjado através de pesquisas e produções diversas. “Iniciativas como esta da Fapern, de lançar editais fomentando a produção, devem ajudar a determinar o foco desta nova fonte de possibilidades praticamente ilimitadas”.

Serviço

Salão de Arte Tecnológica. De sexta até 2 de setembro, das 8h30 às 17h30, de 3ª a dom, na Pinacoteca do  Palácio Potengi, na praça Sete de Setembro – Cidade Alta.

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