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Ofensiva policial reduz movimento em Ponta Negra

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AGITO - Garotas cercam carro oferecendo programa

Itaércio Porpino e Augusto César Bezerra – Repórteres

Turistas brasileiros e estrangeiros circulando e também consumindo nos bares e restaurantes. Ambulantes vendendo praticamente de tudo — de bebidas a comidas e artesanato. Crianças fazendo bico e pedindo trocado. Garotas em trajes mínimos, oferecendo sexo em troca de dinheiro. Movimentações, conversas e negociações escusas. Aparentemente, a noite na avenida Erivan França, na orla da praia de Ponta Negra, continua como antes da ofensiva policial realizada há pouco mais de uma semana.

Mas não é bem assim. Em meio ao movimento, que diminuiu — essa é uma unanimidade no local —, há um clima de tensão no ar. A inesperada presença de mais de 200 policiais armados nos bares e restaurantes, junto com representantes diversos órgãos municipais, estaduais e federais, na madrugada do dia 6, teve impacto sim e foi sentido como um grande choque. A operação, que resultou na interdição de três bares, na detenção temporária de 78 estrangeiros, na retirara de nove crianças em situação de risco e uma em exploração sexual, assustou. 

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE circulou pela Erivan França na noite da última quarta-feira para observar o movimento e pôde constatar o clima de tensão, como se a polícia fosse voltar a qualquer momento. E, de fato, os rumores de que iria haver um novo “arrastão policial” acabou se confirmando, só que muito depois da reportagem deixar o local, já de madrugada.

Até a meia-noite, o cenário era o mesmo de sempre, inclusive com uma grande quantidade de garotas de programa. Pessoas que freqüentam e trabalham no local, em pontos fixos ou como ambulantes, são da opinião de que a operação trouxe alguma mudança, mas nada definitivo.

“Acho que agora temos menos tudo. Menos prostitutas, menos movimento, menos estrangeiros”, disse Edna Guedes, gerente de uma loja de artesanato na Erivan França. Ela observa que as pessoas, principalmente os turistas de fora, ficaram assustados. Alguns sumiram. “Talvez seja também por motivo da baixa estação”, pondera.

O taxista Robson Bezerra mede as conseqüências da operação policial pelo taxímetro do carro. “O movimento caiu bastante. Muitas garotas foram embora, pois grande parte vinha de outros estados para fazer ponto aqui. Sei disso porque fazia a condução de muitas”, justificou.

Um funcionário de um restaurante disse que a ofensiva policial serviu apenas para esvaziar os estabelecimentos. O rapaz, que não se identificou, falou que o restante continuava igual. “Você continua vendo prostituição, meninos de rua pedindo dinheiro, e comércio de drogas. Acho que a polícia só fez tumulto, assustou as pessoas e não resolveu nada. O correto é fazer um trabalho de investigação para chegar ao foco”, disse.

Polícia faz mais uma blitz surpresa na orla

A polícia, dando continuidade a “Operação Ponta Negra Livre”, fez na noite de quarta-feira e madrugada do dia seguinte a terceira ofensiva de prevenção e combate ao sexo turismo. Foram abordados 100 estrangeiros. Destes, 20 acabaram conduzidos para o setor de triagem da operação e cinco holandeses foram notificados a deixar o País porque não portavam o passaporte. Cinco crianças em situação de risco foram retiradas das ruas e o dono de uma boate foi detido porque vendia produtos com prazo de validade vencido. A ação, segundo a polícia, tem o objetivo de incomodar e constranger os exploradores do turismo sexual.

A Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social coordenou a terceira operação contra a prática do turismo sexual em Ponta Negra em menos de 15 dias. O trabalho em conjunto envolveu as polícias Militar, Civil e Federal, Corpo de Bombeiros, Ministério Público Estadual, Covisa Municipal, Procon de Natal, Guarda Municipal, Prefeitura de Natal e, pela primeira vez, a Delegacia Regional do Trabalho e o Ibama. 

A fiscalização teve como alvo bares e boates do bairro. Os turistas estrangeiros eram revistados e aqueles que não apresentavam o passaporte – de uso obrigatório para turistas de outras nacionalidades – eram multados (em R$ 165,00) e autuados. A maioria voltou aos hotéis e apresentou o passaporte depois de ser detido, mas cinco holandeses que não tiveram como apresentar o documento foram notificados a deixar o País em três dias.

A polícia avaliou a ação como positiva, sobretudo, porque desde o início da fiscalização o número de crianças em situação de risco encontradas na rua tem diminuído. A ação ostensiva, segundo a polícia, inibe os exploradores sexuais.

Durante a ação, a força-tarefa deteve o italiano Marco Garau, proprietário da Boate Mambo. Ele foi conduzido até a Delegacia de Plantão da Zona Sul, na avenida Ayrton Senna, para ser autuado em crime contra o consumidor, previsto no artigo 18, parágrafo 6o da lei 8.078/90 e o artigo 7º da lei 8.137/90. O empresário, segundo a polícia, tinha alguns refrigerantes vencidos no estoque da boate. Ele foi liberado logo após o auto de infração.

O Corpo de Bombeiros Militar notificou o Acqua Marina, a Amiça e o Mambo. Cada um apresentou irregularidades de engenharia. Fiscais do Ibama apreenderam 26 quilos de lago sta que estavam no estoque do restaurante  Beterraba, na Avenida Erivan França.

A Delegacia Regional do Trabalho notificou os estabelecimentos Praia Hotel Acqua Marina, a boate Amiça e bar Salsa, por falha na apresentação dos documentos dos empregados. Fiscais da Superintendência de Trânsito e Transportes Urbanos (STTU) abordaram 60 taxistas. Todos estavam com os documentos em dia e sem nenhuma irregularidade.

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