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Oito décadas de imagens e memórias

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Jornalista e deputado agnelo alves completa 80 anos, nesta segunda, e ganha homenagem em forma de narrativa biográfica. Lançamento será no Palácio da Cultura.Tádzio França – repórter

O deputado estadual Agnelo Alves está prestes a completar 80 anos de vida. Será na próxima segunda-feira, dia 16 de julho, mesma ocasião em que será lançado o livro que conta em palavras e imagens boa parte de sua trajetória como jornalista, político, empresário e pessoa: “Agnelo Alves – Oito décadas”, escrito por Antônio Nahud Júnior, sob a coordenação de Jorge Cunha, é a princípio uma homenagem de amigos em forma de narrativa biográfica. Porém, em suas entrelinhas, conta trechos importantes da história potiguar das últimas cinco décadas do século passado. “Tenho lembranças que fazem não a glória de uma biografia, mas a certeza de que eu consegui transmitir tudo que aprendi”, diz Agnelo, em entrevista ao VIVER. O lançamento será no Palácio da Cultura, às 19h, na Cidade Alta.

“A história da política e do jornalismo do século XX no Rio Grande do Norte se confunde com a de Agnelo. Mas procuramos rechear a narrativa com fatos inéditos, curiosos, histórias que a maioria das pessoas não conhece – algumas dramáticas, outras divertidas”, diz Antônio Nahud. O livro é dividido por décadas da vida do biografado, com a orelha escrita por José Sarney, prefácio do advogado e escritor Diógenes da Cunha Lima, e apresentação do jornalista Cassiano Arruda. Traz depoimentos de pessoas que conviveram de perto com Agnelo, como Ticiano Duarte, Bira Rocha, Osair Vasconcelos, Rubens Lemos Filho, Luís Antônio Porpino, entre outros. As fotos trazem imagens importantes, a maioria de acervo pessoal, ao lado de outras do arquivo da TRIBUNA DO NORTE.

Agnelo ressalta que ainda não terminou de ler o livro. “Estou tendo o cuidado de ler devagar, para me emocionar aos poucos”, brinca. Apesar de os capítulos percorrerem da infância aos dias de hoje, o período da ditadura militar ocupa um espaço de destaque nas páginas – e na memória do deputado. Agnelo foi cassado em 1969, e sofreu as habituais perseguições e desventuras proporcionadas pelos chamados “anos de chumbo”. “Foi  algo terrível ter sido preso naquela época, sem direito a defesa alguma, mas aquilo pra mim hoje é um troféu. Não sei o que diria aos meus filhos se tivesse escapado da punição da ditadura. Hoje estou na condição de achar que tudo foi uma vitória”, afirma.

A relação conflituosa com a ditadura rendeu momentos de teores diversos na vida do deputado. Agnelo lembra da mágoa de sua mãe por ver o filho atrás das grades. Também recorda das restrições, quando foi proibido de embarcar em uma viagem por estar sem a carteira de identidade. “Disseram que eu só poderia embarcar com a declaração de dois oficiais da Aeronáutica, confirmando que eu era mesmo Agnelo. Um oficial que era amigo meu disse que não podia ajudar”, conta.

O jornalista e deputado lembra de quando Garibaldi Alves – o pai – foi cassado em seu lugar, em outra ocasião. “O presidente Costa e Silva viu que meu nome estava novamente na lista dos cassados e e, curiosamente, dirigiu a ordem para outro parente meu, só para não repetir meu nome na lista”, conta. No ano em que foi cassado, Agnelo convocou os vereadores e correligionários e deu a eles a opção de votarem contra ele, a fim de serem liberados da prisão.

Em outra ocasião mais prosaica, Agnelo era padrinho de um casamento que seria realizado na base naval. Militares parentes da noiva não queriam que ele participasse da cerimônia. Os noivos, para amenizar o caso, transferiram o enlace para a Igreja Santa Terezinha, sem abrir mão do padrinho. “Quando fez 40 anos de minha prisão, eu nem sabia. Os amigos de confraria da qual faço parte, e que se reúne todas as sextas no Buongustaio, é que me lembraram. Procuro guardar no coração só as boas lembranças”, ressalta.

Está tudo no livro: fatos, histórias da época mais emocionante de sua vida, que foi os anos da Ditadura Militar, e curiosidades de sua trajetória de ex-prefeito e deputado, e no dia a dia jornalístico. Estou lendo aos poucos, para não me emocionar, revelou.As perseguições do período ditatorial não impediram que Agnelo construísse uma ativa carreira política. Já foi prefeito de Natal, senador da república, prefeito de Parnamirim por duas vezes, e atualmente, deputado estadual. “O Brasil vive hoje um momento bem próximo do que sonhei. A valorização do judiciário e do Ministério Público é um grande avanço. Uma pena que as novas gerações estejam tão descontentes com a política. Meu conselho é que eles não precisam acreditar em todos os políticos, mas não podem deixar de acreditar na política”, afirma.

O homem de imprensa também é destaque no livro. Agnelo estava de camarote na fundação da TRIBUNA DO NORTE, e percorreu algumas das mais importantes redações de sua época, como a Tribuna da Imprensa. “Eu tive a sorte de grande de atuar numa época de grandes jornalistas, a oportunidade de aprender mais com gente como Carlos Lacerda e Vilas Boas Correia, entre vários outros. O período de redemocratização do país foi marcante para nós”, diz. Agnelo lembra de grandes momentos, como na campanha de Jânio Quadros, e de outro trágico e ao mesmo tempo engraçado: quando perdeu a fita de duas horas de entrevista com Fidel Castro.

No momento, Agnelo suspendeu a atividade jornalística, por motivos de força maior. “Nunca procurei meu adaptar ao computador, fiquei sempre na máquina de datilografar. Como estou em tratamento e perdi a sensibilidade dos dedos, por hora não posso usar a máquina. Sempre me ponho a rir quando olho para a minha velha amiga e ela me desafia: ‘Venha, estou esperando’. E eu respondo: ‘Espere mais um pouco que eu chego lá’”, afirma, com humor. “Agnelo Alves – Oito décadas” em breve terá um lançamento em Parnamirim.

Serviço: Lançamento do livro  “Agnelo Alves –  Oito Décadas”. Segunda-feira, às 19h, no Palácio da Cultura, Cidade Alta.

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