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Ondas curtas

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WOLF ALICE – “Visions of a life” (2017, Dirty Hit)
Em mais um caso de nostalgia crescente entre as prováveis bandas em ascensão nos anos recentes, o quarteto bretão mistura quase sem concisão alguma timbragens e paragens de grupos noventistas, ora emulando conterrâneos como Darling Buds ou The Sundays, ora resvalando ainda no ícone mor PJ Harvey nos instantes mais dilacerados dela do começo de carreira. Esta é um exemplo da chamada “retrô-mania”, já esclarecida pelo inteligente jornalista Simon Reynolds (inventor do confuso termo “post-rock” no milênio passado).

A musa dos neo-indies se chama Elly Rowsell (guitarrista/vocalista) e ela resvala na rendição ao pop nos vocais insinuantes dos dois minutos de “Beautifully unconventional”, mas “Heavenward” e “Don’t delete the kisses” (com inflexões à la Bjork) são dois exemplares dream pop total. Por sua vez, a semi-furiosa e também curtinha “Yuk foo” – com letra para lá de adolescente – tenta emular as Savages e se dá mal. A longa faixa título retoma o rock entre acordes flutuantes e riffs sabathianos, mas ainda é pouco. E assim segue o segundo álbum do Wolf Alice, banda que toca ao vivo versões do Green Day e Chris Isaak, não ganhando pontos extras por isto. Estas “visões de uma vida” estão mais para “previsões de uma ida”, mas a imprensa britânica e ianque está achando tudo muito saudável, não condizendo à realidade: é rock-comida-rápida-de-verão. (por Alexandre Alves)

PRIMORDIUM, “Old gods” (2017, Rising Recs./Metal Under Store)
Em sua existência irregular (a banda teve vários hiatos), o quinteto natalense preza em seu segundo álbum por manter viva a descendência metaleira nas terras potiguares, cuja matéria teve em seu berço bandas como Sodoma, Auschwitz e Deadly Fate, entre outros. Abrindo com uma vinheta à la new age (“Pesedjet”, que pode enganar o desatento ouvinte), a pauleira inaugura com “Num (Pralaya)”, que já chega com uma quebrada percussão ali pelo meio, causando estranheza, ficando até difícil imaginar a execução ao vivo, especialidade da banda (dobrando o volume de decibéis do registro aqui presente!).

Muito bem gravado para o estilo, as faixas mantém a brutalidade sonora em sequência (“The awakening”, “Nuit”, “God of light”), com o já famoso uso de vocais guturais, pedal duplo de bateria e guitarras mandando riffs distorcidos e pesados para todos os cantos dos alto-falantes. Aos interessados nas letras, os temas versam sobre a mitologia do antigo Egito, com exceção da última faixa, na verdade, um aceno à própria cena metálica local, pois se trata de uma versão – com som de contador radioativo e tudo! – para “Chernobyl”, do Hammeron, uma das pioneiras a registrar o estilo heavy metal no RN no final da década de 1980, com a composição sendo aqui transportada para um death metal dos primórdios (!) do estilo. Recomendado apenas para ouvidos já bastante calibrados. (AA)

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