Aura Mazda
Repórter
Quando o assunto é uso medicinal da maconha, o Rio Grande do Norte está na retaguarda de diversos estados do Brasil, como é o caso da Paraíba, onde uma organização planta Cannabis para centenas de pacientes com autorização da justiça. O estado potiguar conta apenas com iniciativas pontuais, que nadam contra a corrente de atraso e preconceito para que crianças, adultos e idosos doentes tenham uma qualidade de vida melhor.
Yogi Pacheco tem autorização de cultivo para fins medicinais
#SAIBAMAIS#“Reconstruir vidas e também o conceito de Cannabis na sociedade”, são os objetivos que mobilizam o coletivo na promoção de debates para disseminar conhecimento para médicos, juristas e população em geral. A autorização judicial, a exemplo do que ocorre com a ONG Abrace Esperança, da Paraíba, pode beneficiar 80 pessoas cadastradas na ONG e mais outras 100 que estão em uma fila para se associar, desde crianças com microcefalia até idosos com doenças degenerativas.
“Minha mãe tomava drogas pesadíssimas, que deixavam ela completamente desorientada e com muitos efeitos colaterais”, lembra o Yogi, sobre a introdução da Cannabis no tratamento da mãe. Com um pai militar e a mãe considerada conservadora, o primeiro grande obstáculo que enfrentou foi o preconceito no seio familiar. “Minha mãe sentiu um benefício enorme quando usou, mas ela me questionava sobre ‘virar maconheira’. O peso dos benefícios foi maior do que o preconceito”, disse Yogi.
Fora o caso da mãe de Yogi Pacheco, em que o cultivo para fins medicinais está protegido pela justiça, outras pessoas que precisam da Cannabis no Rio Grande do Norte se deparam com três opções: a importação do exterior, trazer de outros estados ou recorrer a traficantes de droga locais.
“Falta boa vontade dos médicos locais em estudar, porque artigos científicos não faltam, para epilepsia, depressão, insônia, fibromialgia e diversas outras doenças. Se faz um esforço para não saber, porque as informações estão disponíveis”, defendeu Yogi Pacheco.
Uma das coordenadoras do coletivo potiguar Delta 9, Adriana Lamartine, esclareceu que a Reconstruir não pretende a permissão indiscriminada para o cultivo da Cannabis, mas sim, a autorização para realizar o cultivo e preparar o remédio com componentes químicos específicos exclusivamente para quem precisa, mediante prescrição médica.
O intuito, como explica Adriana, é tratar doenças graves, sendo sua conduta e compromisso de cultivar somente o necessário para o preparo do óleo, sob supervisão da Anvisa ou de outro órgão responsável. “O nosso objetivo é ajudar pessoas, Cannabis sempre foi remédio e continuará sendo”, frisou Adriana Lamartine.