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“Operari Sequitur Esse”

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Pe. José Nazareno Vieira da Nóbrega – Prof. do Seminário de S. Pedro

Dia Internacional do Idoso, 1o de outubro. Eles são 9% da população brasileira; cerca de 18 milhões de habitantes. Segundo pesquisa recente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 2020 serão cerca de 12% dos brasileiros, algo como 31 milhões de pessoas. Apesar de dados tão concretos e, direi, preocupantes, em se tratando de Previdência Social para o futuro, ainda não estamos preparados para lidar com o fato de o número de idosos estar aumentando ano a ano. Diferente dos países mais desenvolvidos, no tão querido Brasil, ainda maltrata-se, desvaloriza-se e abandona-se muitos brasileiros acima de sessenta anos.

Positivamente, vemos o fato de que a expectativa de vida no nosso país tem crescido bastante. Para se ter uma idéia, em 1960, a expectativa de vida no nascimento era de 54,6 anos. Em 2005, essa cifra sobe para 71,69. E em 2008, atinge os 72,51 anos. A expectativa de vida no Brasil passa por um período de ascensão constante, no entanto, é superado em relação aos países centrais, o Japão possui uma média de 81,9 anos; Suécia, 80,1 anos; e Holanda, 78,3 anos. Hoje em dia também é comum encontrarmos várias pessoas acima de 80, 90 e, algumas, inclusive, com mais um século. E, muitas delas, lúcidas e saudáveis!

O Estatuto do Idoso, após sete anos tramitando no Congresso, foi aprovado em setembro de 2003 e sancionado pelo presidente da República no mês seguinte, ampliando os direitos dos cidadãos com idade acima de 60 anos. Mas, freqüentemente vemos ou ouvimos situações em que o idoso é discriminado e desrespeitado em seus direitos e garantias que o próprio estatuto assegura-lhe. Contudo, apesar de tantas campanhas educativas sobre a valorização e o respeito pelas minorias, e entre elas, o idoso, vivemos um tempo onde o “novo”, o “produtivo”, e o “útil”, “a beleza estética” ganham cada vez mais espaço na nossa sociedade. Hoje, em tempos de pós-modernidade, aplaudimos muito mais a novidade (que logo se torna descartável), assim como o produzir, o fazer. Não nos acostumamos tão pacificamente com alguém dentro de casa que já nao possa mais trabalhar ativamente como antes; que não tenha mais tantas forças, nem pensamento fértil como outrora.

“Operari sequitur esse”, o agir segue o ser, nos ensina o princípio clássico da filosofia. Em outras palavras, “o ser humano age em conformidade com o que é”, e não o contrário. O que nos define como pessoa humana com sua individualidade e valores próprios e inalienáveis é o ser, não o agir. O agir segue o ser. O agir complementa e adorna o ser, não o determina. Por isso o valor último da pessoa humana está não no seu agir, no seu falar, pensar, ou no que produz ou deixa de produzir, mas no seu ser pessoa. Independente da idade, sexo, raça ou condição social. A pessoa é única, insubstituível, inalienável, querida por Deus, redimida por Jesus Cristo, desde a fecundação dos dois gametas, até o ocaso natural da sua vida.

O idoso traz consigo experiência de vida, a memória viva do passado, vasta cultura adquirida. As marcas do tempo expressas no corpo e na alma do idoso querem nos dizer que são mestres da vida, como nos ensina a Igreja. Oxalá, tenhamos mais paciência, compreensão e respeito com quem já está com uma juventude acumulada. Que suas mãos trêmulas, passos trôpegos, olhar cansado e lembranças saudosas do tão presente e inesquecível passado encontrem acolhida no nosso regaço, talvez mais jovem. Deus nos ajude para também todos nós um dia envelhecermos com dignidade, respeito e amor. Em todo caso “apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida”. Sêneca

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