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Origem da festa junina

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Joventina Simões Oliveira
[Sócia do IHGRN ]
A Festa Junina tem origem nos países católicos da Europa. No Brasil, esta festa sofre fortes influências dos indígenas e dos negros, o que pode ser percebido nas músicas, que são praticamente as mesmas que foram cultuadas pelos escravos, nas senzalas e nos quilombos, como o xaxado, o coco, o maxixe e até mesmo o próprio forró. Na alimentação, a forte presença do milho: canjica, pamonha, bolo, milho cozido, pé de moleque, entre outras, símbolos juninos utilizados como forma de agradecimento pela fartura nas colheitas.
A festa de São João é celebrada desde 1583, no Brasil, com a utilização de todas as suas tradições: a quadrilha, os fogos de artifício, o vestuário e as fogueiras. Essas práticas têm origem diversa, conforme se vê a seguir:
– A QUADRILHA veio da França. Era uma dança com passos inspirados nos bailes da nobreza europeia. Era chamada de “quadrille”. Os portugueses trouxeram-na durante a época da colonização do Brasil, onde os participantes dessa dança obedecem a um marcador, que usa palavras afrancesadas para indicar o movimento que devem fazer, tais como: “anavantur” (em avant tout), “anarriê” (em derrière), “avancê” (avancer) e “balancê” (balancer). A mistura do linguajar matuto com o francês é utilizada com humor e sotaque do interior nordestino. Na dança, é preciso seguir os comandos e no c’est finidas apresentações, os casais se despedem acenando ao público.
– OS FOGOS DE ARTIFÍCIOS foram trazidos dos chineses, onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Há quem afirme ser esta uma forma de agradecimento aos deuses pelas boas colheitas. Também há os que dizem se tratar de proteção, pois espantariam os maus espíritos.
– OS VESTIDOS RENDADOS e a DANÇA DE FITAS são características da Península Ibérica, com tipos de roupas muito usadas em Portugal e na Espanha.
– A FOGUEIRA é o maior símbolo das festas juninas. Conta-se que as suas raízes são católicas, derivando-se de um trato feito entre as primas Isabel e Maria. Isabel acendeu uma fogueira sobre o monte para avisar a Maria do nascimento de São João Batista e assim pedir a sua ajuda. Aqui no Brasil teve o integral apoio dos índios, que já adoravam dançar ao pé do fogo. Há quem considere a fogueira uma proteção contra os maus espíritos, que atrapalhavam a prosperidade das plantações. Tradição à parte, há quem utiliza a fogueira para se aquecer e unir as pessoas ao seu redor, já que a festa é realizada num mês frio.
As brasas da fogueira são um exemplo dessas tradições: assim que se apagam, devem ser guardadas. Conservam, desse modo, um poder de talismã que garante uma vida longa a quem segue o ritual. Talvez por isso algumas superstições dizem que faz mal brincar com fogo, urinar ou cuspir nas brasas ou arrumar a fogueira com os pés.
As festas juninas, embora comemoradas em todo o Brasil, ganharam uma grande expressão na região Nordeste, onde chegou por intermédio dos padres Jesuítas. Como é uma região onde a seca é o seu problema mais grave, os nordestinos aproveitam as festividades para agradecer as chuvas na região, que servem para manter a agricultura.
Todos estes elementos culturais foram se misturando aos aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afrodescendentes e imigrantes europeus) nas diversas regiões do país, tomando características particulares em cada uma delas.
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