quarta-feira, 24 de abril, 2024
29.1 C
Natal
quarta-feira, 24 de abril, 2024

Os 100 anos da Bauhaus

- Publicidade -
A escola de arte Bauhaus, cujas linhas refinadas e “espírito revolucionário” podem ser observados hoje em dia nos iPhones ou nos móveis da Ikea, celebra seu centenário na Alemanha com um debate político sobre seu legado como pano de fundo.

Cidade Branca de Tel Aviv é exemplo de construção fora da Alemanha com as linhas criadas por artistas da Bauhaus

“Cidade Branca” de Tel Aviv é exemplo de construção fora da Alemanha com as linhas criadas por artistas da Bauhaus

Weimar, no leste do país, pode, com suas pequenas ruas de paralelepípedos e seu charmoso centro histórico, parecer um local de nascimento surpreendente para este movimento, moderno e minimalista, fundado em 1º de abril de 1919 pelo arquiteto e designer alemão Walter Gropius.

Após os horrores da Primeira Guerra Mundial, “os artistas se reuniram para criar uma nova forma de arte, com ideias bastante utópicas e idealistas”, explica Anke Blümm, curadora da Fundação Bauhaus em Weimar.

Seguindo a doutrina de “a forma segue a função” – o prático prima sobre a estética – , a Bauhaus desejava criar objetos ou prédios de desenho acessível para todas as classes. Este ano, Weimar, também conhecida por ser a cidade de Goethe, será o coração das comemorações da Bauhaus no país, e espera atrair turistas de todo o mundo.

Um novo museu abrirá suas portas na primavera, e a “Haus am Horn”, primeira casa branca de teto plano (característica da corrente Bauhaus) construída segundo os princípios da escola, em 1923, voltará a receber o público em maio. A corrente Bauhaus “é uma de nossas exportações culturais mais influentes”, disse o chefe de Estado alemão, Frank-Walter Steinmeier, na largada das comemorações.

Diáspora
Quando o regime nazista a proibiu, em 1933, vários artistas deixaram a Alemanha, criando uma diáspora que espalhou a cultura da Bauhaus pelo mundo.

As construções com este selo mais conhecidas fora da Alemanha são a sede da ONU, em Nova York, com suas linhas puras, ou a “Cidade Branca” de Tel Aviv, inscrita no Patrimônio Mundial da Unesco, com seus 4 mil apartamentos de fachadas brancas e lisas e esquinas e varandas frequentemente arredondados.

Também há diversos objetos do cotidiano da época, como as famosas cadeiras, e os quadros ou fotografias expostos em museus. Sem levar o selo Bauhaus, as mesas da gigante sueca Ikea e a maioria dos celulares herdaram o seu estilo.

Entre os seus pilares, a escola conta com pintores renomados, como o russo Wassily Kandinsky e o suíço Paul Klee, figura do surrealismo, embora este último tenha acabado se distanciando do movimento, por considerá-lo muito fundamentalista. A Bauhaus era movida por uma visão reformista, e inspirada nos progressos tecnológicos que se seguiram à Grande Guerra.

Para o historiador Winfried Speitkamp, diretor da Universidade da Bauhaus em Weimar, que continua ensinando os princípios da escola no mesmo campus que outrora, o objetivo era construir, através da arte, uma nova sociedade democrática sobre as ruínas do império germânico. Isto coincidindo com uma democracia incipiente e frágil, também nascida em Weimar. “Queriam acabar com a monarquia, muito autoritária e militarista.”

‘Espírito da Bauhaus’
Como a República de Weimar, a Bauhaus tornou-se rapidamente alvo dos nazistas nos anos 1920. “É típico da extrema direita considerar qualquer movimento que propague novas formas de cooperar e criar, uma abertura e diversidade, algo perigoso”, assinala Speitkamp. Isto embora, como destaca o semanário “Die Zeit”, o movimento evitasse se comprometer contra os poderes políticos, para, desta forma, manter o apoio financeiro vital do Estado. “Gropius insistia em que sua Bauhaus não era nem bolchevique, nem judaica, nem alemã”, lembra a publicação, um tanto crítica com a apresentação idílica que se faz do movimento 100 anos depois.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas