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Os anos Lula: Crescimento, avanços sociais e escândalos

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O pernambucano Luiz Inácio Lula da Silva, 65, encerra seus oito anos na Presidência com 83% de aprovação, segundo o Datafolha. No pós-ditadura, nenhum presidente eleito diretamente deixou o cargo tão bem avaliado, o que se explica sobretudo pela melhora do emprego, da renda e de sua distribuição.
Presidente Lula é abraçado em Teresina, no Piauí, após discurso durante a entrega das obras de ampliação de um instituto educacional.  A atuação na área de Educação teve a quarta melhor avaliação popular
Entre 2003 e 2010, foram criados 14 milhões de postos de trabalho com carteira assinada, e a classe C se tornou majoritária. A expansão da transferência de renda pelas vias do Bolsa Família e do salário mínimo e o estímulo ao crédito popular, ações do governo federal, contribuíram para o resultado.

O Brasil dobrou, para 4% ao ano, a média de alta do PIB das duas décadas anteriores, embora tenha crescido menos que quase todos os países emergentes relevantes. A dívida externa foi superada, graças à pujança da economia mundial, em especial a chinesa, que impulsionou as exportações brasileiras.

Educação e saúde não evoluíram no mesmo ritmo. O Brasil, que subiu quatro posições e é hoje a 8ª maior economia do planeta, registra quase 1 milhão de casos de dengue. Seus alunos ocupam a 53ª posição em leitura e a 57ª em matemática no principal teste internacional de desempenho, que avaliou 65 países.

Não mudaram os costumes políticos, como se viu no mensalão. Os escândalos derrubaram a cúpula do PT e alguns dos auxiliares mais próximos do presidente. Abriram caminho para a tutela personalista de Lula no segundo mandato, o que culminou na imposição da candidatura de Dilma Rousseff, neófita em eleições.

A 40ª presidente herda de Lula um país socialmente mais inclusivo e dinâmico, além de mais destacado no cenário internacional. Recebe também serviços públicos de qualidade medíocre, a despeito da elevada carga de impostos, bem como desequilíbrios crescentes nas despesas do governo e nas contas externas.

Quatro, em cada cinco brasileiros, consideram o governo Lula ótimo ou bom

Fernando Rodrigues
Ag. Folha – de Brasília

Luiz Inácio Lula da Silva chegou lá: aos 65 anos, sairá do Palácio do Planalto no dia 1º como o mais bem avaliado ocupante daquela cadeira entre todos os eleitos pelo voto direto pós-ditadura. Está com 83% de aprovação popular.

O Datafolha apurou a popularidade de Lula em uma pesquisa realizada de 17 a 19 do mês passado, em todo o país, com 11.281 pessoas. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Para 13% dos brasileiros, Lula faz um governo regular. Apenas 4% classificam a administração federal do PT como ruim ou péssima. A magnitude da aprovação de Lula torna-se mais impactante se comparada com as dos antecessores.

Fernando Collor deixou o cargo em 1992, após um processo de impeachment, com meros 9% de aprovação.

Fernando Henrique Cardoso governou o Brasil por oito anos. Debelou a inflação, criou o real e estabilizou a economia. Ainda assim, deixou o Planalto com 26% de aprovação _57 pontos percentuais abaixo de Lula.

Uma curiosidade: o presidente classificado em segundo lugar como o mais popular ao sair do cargo depois do retorno das eleições diretas foi Itamar Franco. Só que ele não foi eleito. Herdou a cadeira de Collor, em 1992, pois era o vice. Ao passar o cargo a FHC, em 1995, Itamar era aprovado por 41%.

O Datafolha também quis saber se as pessoas acham que o Brasil está melhor, igual ou pior depois de oito anos sob Lula. O resultado é quase idêntico à popularidade do petista: 84% acham que o país está melhor.

Já com FHC ocorreu uma assimetria. Embora 35% dissessem em 2002 que o Brasil estava melhor depois de oito anos administrado pelo tucano, só 26% o aprovavam.

Outro presidente civil do período pós-ditadura foi José Sarney. Eleito de forma indireta, ele governou o país de 1995 a 1990, mas o Datafolha não fez pesquisas nacionais naquele período.

MENSALÃO

O pior momento de Lula nos oito anos se deu em dezembro de 2005. Sofria os efeitos do mensalão – um esquema no qual congressistas recebiam dinheiro em troca de apoio ao governo.

Na época, segundo o Datafolha, só 28% achavam o governo Lula bom ou ótimo.

A taxa de ruim ou péssimo era de 29%, e 41% classificavam a gestão como regular. Em 2006, Lula se recuperou. Foi reeleito presidente. Manteve certa estabilidade até 2007. De 2008 em diante veio a arrancada, batendo vários recordes de aprovação.

A crise econômica mundial de 2009 foi só um soluço na popularidade de Lula. Sua taxa recuou cinco pontos no primeiro trimestre daquele ano, de 70% para 65%. Mas o petista entrou em 2010 já com 73%. Expandiu esse percentual até os atuais 83%.

PIOR E MELHOR

Numa lista montada de maneira espontânea na pesquisa Datafolha sobre o que não vai bem no governo Lula, 23% apontaram o sistema de saúde. A segurança pública vem em segundo lugar, com 19%. Depois, educação, com 7%, e corrupção, 6%.

As áreas nas quais saiu-se melhor foram o combate à fome e à miséria (19%) e a condução da economia (13%).

O presidente petista vai bem no Brasil inteiro, mas há um descompasso entre as avaliações feitas por pobres e ricos. Ou entre Nordeste versus Sul e Sudeste.

Lula é aprovado por 67% dos ricos. Entre os pobres, a taxa vai a 84%. No Nordeste, 88% acham o governo Lula ótimo ou bom. No Sul, 77%. No Sudeste, 79%.

Essas mesmas diferenças, numa gradação um pouco diferente, surgiram nas urnas neste ano _quando Lula usou toda sua popularidade para ajudar eleger Dilma Rousseff como sucessora.

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