Vicente Serejo
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A foto da praça apareceu neste animado grupo de zap, e me deixou de joelhos. Tanta beleza e estranhamento que meu filho Daniel imaginou tratar-se de elegante espaço de alguma cidade americana.
Então, o menino compenetrado, bem menos falante que hoje, estava a gravar em minúcias o que ali existia e o que se passava?
Nada lhe escapou aos olhos e à memória. Os objetos, a ambientação da casa, seus interstícios, as ocasiões, os gestos, os vestidos da lua da infância, a sensualidade exalada, o arabesco das cadeiras com suas rosas de ferro, a alma que habitava o lugar.
E o olhar fluido, proustiano, a filmar tudo.
De repente me vem García Márquez falando sobre a grande literatura da romancista catalã Mercè Rodoreda, do incensado ‘A Praça do Diamante’:
‘Um escritor que ainda sabe como se chamam as coisas tem salvação para metade da sua alma’.
Recriar aquele universo. Narrá-lo, como se fosse uma criação literária, em seus elementos mágicos e ambíguos, vizinhos da ficção, mas, magistralmente não, pois embora passeie pelas franjas do sonho e flerte as aparências, os elementos de sua narrativa não se afastam do real.
Dou fé.
Desde sempre a casa retorna às nossas conversas. A Praça e a casa, quem era extensão de quem?
Gravitávamos ao redor do cartão postal da cidade. Das fotos obrigatórias de família. Da diversão de fins de semana. Como entender a extensão de atos administrativos que arrebentam as cidades, a história delas e das pessoas, seus afetos, sua memória, em nome de uma modernidade de araque?
Se identificar as bases do afeto é tarefa quase impossível a qualquer um, dúvida não tenho de que aquele universo, real e fantástico, com aura da qual não esquecemos sequer os detalhes, está na base da nossa estima.
Sim,Vicente, Themis lhe manda confirmar que os gansos eram 5.
NUNCA! – A poetisa Diva Cunha chegou. Não rezou no Vale de Los Caídos. A tanto prefere cair na sarjeta. Mas tomou bons goles na Espanha, Holanda e Portugal. O que fez muito bem.
PESSOA – Quanto aos versos citados aqui, de Miguel-Manso, Diva identificou com precisão: são de Fernando Pessoa. Manso não citou autor, usou certamente como realce. Coisa de poeta.
GARGANTA – Só milagre – e dinheiro em terra pobre é milagroso – faz a governadora Fátima pagar algum centavo das três folhas que o governo deve há mais de um ano. O quadro piora.
ABISMO – Entre 30 de novembro e o quinto dia útil de janeiro, coisa de 35 dias corridos, são três folhas de 2019: novembro, dezembro e décimo-terceiro, este sem provisionamento prévio.
BOIS – Do filósofo do Beco da Lama alisando as sobrancelhas e olhando as fotos da Festa do Boi: “Eles são os mesmos, nos mesmos cargos, no mesmo e cínico cortejo de cada governo”.
PRÊMIO – O romance ‘Paradeiro’, de Luís Bueno, publicado pela Ateliê, recebeu o primeiro lugar do prêmio literário da Biblioteca Nacional que hoje contempla nove categorias literárias.
AINDA – O prêmio de ensaio foi para ‘Maquinação do Mundo: Drummond e a mineração’, de José Miguel Wisnick, edição da Companhia das Letras. O ferro na grande poesia do itabirano.
ROL – Construiu 96 baias para cavalos, dois pavilhões de bovinos, pista de julgamento para caprinos e ovinos, pavilhão do torneio leiteiro, alojamentos para técnicos e tratadores, custeio da conta de energia, ajuda nas exposições agrícolas, parque de Caicó e a Criação do IDIARN.
INJUSTO – A omissão da homenagem póstuma a Wilma de Faria não é em razão da velha máxima – ‘Rainha morta, rainha posta’ – afinal, a hoje governadora Fatima Bezerra ainda nada pode fazer pelo Parque. É a Assembleia e a Anorc, juntas, num esquecimento que ficou feio.