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Os limites da internet

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Ivan Maciel de Andrade                                                                                                           
Advogado   

Embora haja uma vasta literatura sobre esse assunto e ele diga respeito à nossa vida cotidiana, não paramos para refletir, a não ser raramente, sobre as novidades estonteantes, as radicais e até pouco impensáveis mudanças que caracterizam o atual momento histórico vivido por quase toda a humanidade. Surgiu, se consolidou e se expandiu na história de nossa espécie um fator revolucionário, que mudou costumes, instituiu formas diferenciadas de agir e interagir, criou surpreendentes e insólitos padrões de comportamento individual e comunitário. Não preciso dizer que esse tsunami de imensas proporções foi provocado pela internet, com suas múltiplas aplicações e inesgotáveis desdobramentos, capaz de gerar a cada dia que passa novos e refinados recursos tecnológicos que aperfeiçoam e ampliam a proteiforme capacidade de comunicar-se, de informar-se e de aglutinar-se do ser humano.

Apesar dos habitantes de nosso planeta – em sua maioria ou através de numerosos contingentes – terem se tornado usuários compulsivos de sofisticados equipamentos, cujo manejo se simplifica e populariza crescentemente, aumentando o seu uso e respectiva demanda, há algo, de indiscutível essencialidade, que não mudou em nossa condição de aficionados, dependentes e viciados da (e pela) internet: o nosso mundo interior, o nosso psiquismo (alma em grego é psiquê), as nossas emoções, as nossas aptidões de pensar e refletir, de crer e cultuar princípios éticos e religiosos, de fazer opções existenciais segundo uma insubstituível e inextinguível escala de valores.

A internet é, sim, um poderoso instrumento, que oferece possibilidades absolutamente inéditas  e de insuperável relevância para o futuro da humanidade. Quanto a isso, não há a menor dúvida.  Mas é um instrumento que deve estar sempre e necessariamente a serviço dos objetivos que o ser humano eleger para orientar os rumos não só dessa conquista tecnológica mas de todas as outras produzidas pelo talento criativo, pela ilimitada e demiúrgica inventividade desse “bípede implume” que construiu, acima do mundo natural, o seu próprio universo, que é o reino encantado da cultura e da civilização.

As próprias redes sociais que – à primeira vista, por seu caráter monopolizador, obsessivo e, sobretudo, dispersivo – pareciam causar o embotamento e a destruição do gosto pela leitura, se transformaram em inesperado e importante veículo de valorização e divulgação da criatividade literária. Como aconteceu? Ora propiciando o surgimento de novos autores que, de outra forma, teriam mínimas chances de serem editados, ora possibilitando e incentivando ousadas inovações técnicas e estruturais na elaboração de obras de ficção, ora promovendo a utilização de criativos métodos de propaganda e venda de livros pelos milhões de leitores potenciais que habitam o incomensurável espaço virtual.

É preciso apenas nunca perder de vista que a internet é uma ferramenta tecnológica prodigiosa, mas que não tem, na verdade, uma finalidade em si mesma.  Seus fins são (ou terão de ser) aqueles que forem estabelecidos pela dimensão espiritual e cultural do ser humano, de onde se originam todos os avanços científicos e tecnológicos até hoje alcançados pela humanidade ao longo de sua história.

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