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Os limites do crescimento

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Antonio-Alberto Cortez
Subsecretário de Pesca e Aquicultura da SAPE-RN e Professor da UFRN-Depto. de Economia

No distante século XVIII alguns economistas clássicos, estimulados pelas mudanças em curso pela Revolução Industrial, atentaram em suas análises certos aspectos inerentes aos limites do crescimento. Preocupava estes estudiosos aspectos extremamente polêmicos da Teoria da População de Thomas Malthus que, de modo pessimista, duvidava quanto à capacidade natural do sistema produtivo abastecer com alimentos à crescente população mundial. O eminente economista e pastor anglicano não considerou a evolução tecnológica crescente que,   gradualmente garantia excelentes níveis de produção e produtividade à agricultura. Estes avanços, com o passar dos anos, de certa forma afastaram as perspectivas catastróficas incrustadas no pensamento malthusiano.

Atualmente, os limites do crescimento estão na pauta de discussão não só de economistas, mas de todas as pessoas que se preocupam com a continuidade das atividades produtivas e do processo de desenvolvimento segundo os paradigmas da sustentabilidade.

Entretanto, a partir de agora, o crescimento dos setores econômicos experimentado desde a longínqua primeira fase da Revolução Industrial poderá encontrar sérios limites de ordem física. Isto significará a intensificação do uso dos recursos naturais por enquanto disponíveis que acarretará, de modo inexorável, o aumento da degradação ambiental.

Estudos procedidos pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – FAO, órgão da ONU que trata do “combate à fome e à pobreza por meio da melhoria da segurança alimentar e do desenvolvimento agrícola” preocupam-se em avaliar a contraposição da disponibilidade mundial de solo agricultável com a evolução técnica disponível, o comportamento da população e a evolução dos padrões mundiais de consumo. Esses estudos sinalizam para uma população mundial superior a 7 bilhões de habitantes em 2.018 e que, por volta de 2.050 seríamos quase 12 bilhões e, em seguida ter-se-á um crescimento próximo a zero. Com a população estacionada – algo pouco provável – as expectativas seriam de condições plenas para suprir todas as necessidades alimentares do planeta por volta de 2.075.

Resta saber se os contínuos avanços científicos favorecerão ou não a estabilidade social e se o desafio do desenvolvimento preconizado pelos países mais pobres e/ou emergentes. Estes geralmente enfrentam as dificuldades da pobreza endêmica, portanto da escassez de recursos de toda ordem. A pergunta é se será possível e como se comportará a arena ideológica e política.

Não existe originalidade ao reafirmar que os grandes problemas deste século estão representados pelos desajustes sociais – violência crescente, péssima distribuição de renda, poluição de toda ordem, escassez de alimentos e água potável. Acrescente-se, também, a falta de lideranças e de grandes estadistas para nortear os caminhos em seus países. Bom lembrar que as limitações ao processo de desenvolvimento se tornam mais rigorosas em razão dos problemas aqui abordados e, em consequência, o “campo do possível” reduz-se progressivamente.

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