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Os novos sinais

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Ivan Maciel de Andrade                                                                                                           
Procurador de Justiça e professor inativo da UFRN                                             

A eleição de Trump foi o coroamento das tendências de ultradireita que se espalhavam pelo mundo. Tornava-se vencedor o discurso que defendia as teses mais retrógradas no campo da política interna e internacional. Institucionalizou-se a perseguição aos imigrantes. Caíram em descrédito as teorias ambientalistas. Passou-se a duvidar absurdamente do conhecimento científico. Ressurgiu o culto à violência desenfreada. As soluções autoritárias passaram a ser admitidas e preconizadas sem qualquer cerimônia. Os direitos fundamentais foram atacados e acusados de servir de proteção à bandidagem. Os símbolos nazistas voltaram a ser exibidos com orgulho por jovens representantes de uma pretensa supremacia branca. Todo um lixo ideológico que nutre ódio visceral às artes e à cultura.

O que teria determinado tudo isso? A avalanche de imigrantes e refugiados oriundos da guerra e da fome de nações da África e do Oriente Médio e em parte também da Ásia que tentam se asilar em países europeus? Os imigrantes mexicanos e os refugiados de países da América Central que procuram as condições de sobrevivência no eldorado norte-americano? A grande crise do capitalismo de 2008? O aumento exponencial das desigualdades sociais em todo o mundo? As dúvidas sobre o êxito econômico do globalismo? As extravagâncias de um populismo de esquerda que teria permitido a virada de chave para um hediondo populismo neofascista? Há muitas e inconciliáveis interpretações.

Mas a onda de extrema direita já deu sinais de começar a refluir. Não só na América Latina como na Europa e nos próprios Estados Unidos. Trump pode se salvar do processo de impeachment mas acumulará óbices e vulnerabilidades que podem tornar incerta a sua reeleição. O descalabro da aparentemente exemplar democracia chilena demonstrou a inviabilidade das medidas de arrocho econômico herdadas de Pinochet. Naufragaram as reformas trabalhista e previdenciária draconianas que retiraram direitos e reduziram benefícios. Reformas tão admiradas e enaltecidas pelo governo brasileiro! A verdade é que a ortodoxia ultraliberal quase arrastou o Chile para uma convulsão social.   

Um fenômeno que impressiona é a repressão truculenta, feroz, selvagem das tropas mobilizadas pelos governos que se sentem ameaçados por protestos e contestações. No Chile, Bolívia, Colômbia, Hong Kong. Em todos os países em que a população reivindica liberdade e melhores condições de vida. Cabe indagar: haverá uma tendência de multiplicação e intensificação das manifestações populares diante do aumento das desigualdades sociais? Impossível prever, mas há episódios recentes em escala mundial que evidenciam a irresignação e o espírito de rebeldia das multidões. Destacados economistas são contrários à ideia de fazer o bolo crescer para depois dividi-lo. Isso porque entendem que o crescimento econômico só é viável com redução das desigualdades.                     

Entre nós as políticas educacionais de Weintraub estão cada vez mais na contramão do processo civilizatório. Opõem-se à liberdade de cátedra e à secularização do ensino. Oficializou-se nas escolas o dedurismo mais abjeto. Enquanto isso, avança o desmatamento galopante da Amazônia.

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