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Os ourives do falso

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Vicente Serejo
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coluna

A maior farsa da política brasileira é a fidelidade partidária. Chegamos a um tal nível de desfaçatez que nem o presidente, por suspeita, um ano depois de eleito, mantém-se no partido que o elegeu, o PSL. Não se sabe quem trai a quem, se os partidos ou os políticos. Só que os partidos são feitos de políticos e por eles conduzidos. Esses que pulam de galho em galho e mudam de líderes a cada eleição inventando pretextos são os bruxos do grande festim.

O eleitor, por sua vez, deve ficar atento. Se um político apoiou a todos os favoritos nos  últimos pleitos, adversários ou contrários entre si, é inconfiável. E o jogo se faz da maneira mais cínica: quando vão trocar de partido e de líderes, culpam o próprio partido no qual foram eleitos e inventam mágoas. São os ourives do falso. Uma ourivesaria engendrada no desejo de poder quase sempre é a força financiadora do novo mandato, na nossa andrajosa democracia.

Vem aí uma eleição, menos determinante, de âmbito municipal, e os prestidigitadores já estão no picadeiro trocando de partido, palavras e fantasias. Um pede para sair do partido que lhe abrigou a vida inteira. E sai. Outro troca de sigla por mania, vício ou oportunismo, e assim vai enganando aos outros, até enganar si mesmo. São parvos e falantes, no final das contas, mas é a eles que a cidade vai entregar seu futuro como se ao menos eles merecessem.

Não é a joia verdadeira que faz o vilão da vaidade. Nem é a bijuteria autêntica que envergonha. É a falsa joia que revela a cretinice humana. E são exatamente estes, os falsos e fáceis, os que mais denigrem a política. Numa sociedade bem politizada, eles sequer seriam votados. Mas, se estão sempre lá, sob a luz das gambiarras, é porque foram votados e ungidos nas urnas. Com certeza são o que temos de mais andrajoso, mas é com eles que vamos indo.

De vez em quando, um pobre incauto reclama da ausência prolongada de uma reforma política. Ora, para reformar, substituir os picadeiros por plenários realmente representativos, só se os próprios políticos desejarem. Desejam? Vejam o caso da fidelidade partidária. Eles fecharam a porta, um engodo dissimulado por falsas normas, e abriram a janela. É por essa janela que pulam. Todo dia botam a vergonha no bolso da lambança, passam a perna e pulam.

Ora, se não se sentem comprometidos com a própria assinatura que espicharam na ficha partidária, na inscrição, nem com a palavra que pronunciaram e o gesto que ergueram, como manterão a fidelidade partidária, se farto e mais apetitoso é o farnel gordo do poder? Assim, lambuzados no melaço do oportunismo, retornam às suas poltronas nos plenários municipais, estaduais e federais. Enquanto aos eleitores cabe a velha e santa paciência de Jó.

100 – Hoje, às 17h, na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, este cronista lembrará, entre os fios e atavios cerzidos pela saudade, o genial e inesquecível Oswaldo Lamartine de Faria.  

ALAVANCA – Ninguém se iluda: o prefeito Álvaro Dias começa as obras da Redinha logo no início do próximo semestre. Ela sabe: o terminal turístico é uma alavanca na Zona Norte.

ALIÁS – Como sabe que as obras de engorda da enseada de Ponta Negra é a alavanca do lado do litoral sul. Tem R$ 19 milhões em emendas, mas vai precisar ter R$ 40 milhões no caixa.

FIO – De uma voz cavernosa: “Garibaldi Filho sabe que assumiu um compromisso político com o prefeito Álvaro Dias e não cumpriu. E sabe que assumiu outro. Walter Alves deixará?”.

MEMÓRIA – Os políticos indignados com a reação popular contra o ex-deputado Rogério Marinho, na Assembléia, esqueceram a barulhenta e Juventude Socialista. Seria por amnésia?

PÍFIA – A Feira do Livro da Cooperativa Cultural, na UFRN, foi pobre de criatividade. Por isso não teve poder de mobilização. Um bom exemplo de como não fazer uma feira de livros.

FILAS – Jogou bem a vereadora Nina Souza ao propor a lei regulamentando atendimento de exames marcados há mais de 90 dias. Através de um sistema de pactuação. É uma esperança.

SAÍDA – O lado engenhoso do modelo é que o valor dos exames, pactuado antes, poderá ser apresentado em forma de certidão para o valor ser abatido no Imposto Sobre Serviço, o ISS.

POSIÇÃO – Um leitor grave e educado questionou a opinião desta coluna contra a posição da Assembléia insinuado providências se outra vez algum grupo tentar bloquear o acesso à sede do Legislativo. Como fez no dia da homenagem ao ex-deputado Rogério Marinho. É verdade.

POLÍCIA – Discordou por uma razão simples: a AL terá o controle da situação até chamar a polícia. Quando a força policial chegar, de acordo com a gravidade do conflito, o Legislativo perderá para os policiais esse controle. E o cenário terá como fundo a fachada do Legislativo. 

MAS – A decisão é da esfera restrita do presidente, o deputado Ezequiel Ferreira. Basta ele determinar ao chefe da segurança da Assembléia chamar a polícia. Mas, responderá pelas cenas de violência.  Este cronista não duvida do que pode acontecer. Sem surpresa. Nenhuma. 

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