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Os piratas

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Nelson Mattos Filho
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Claro que todos sabem e conhecem as estripulias de Jack Sparrow no filme Piratas do Caribe. Jack, com aquele jeito meio cínico, atrapalhado, cativante e romântico é o estereótipo mais encantador dos piratas que gostaríamos de um dia encontrar pela frente. Dizem que a fonte de inspiração do ator Johnny Depp, para dar vida ao seu personagem, foi à caricatura de liberdade do guitarrista dos Rolling Stones, Keith Richards. Quanto a isso não tenho nenhuma dúvida, porque personagem e inspiração se completam.

Mas deixando de lado as inesquecíveis cenas de Piratas do Caribe – e os trejeitos stoneanos do Sparrow – e mergulhando nos escritos biográficos dos velhos e famosos homens que amedrontavam os oceanos, podemos concluir que, em vez das telas dos cinemas, nos dias de hoje eles fariam mais sucesso nos programas de patrulha policial. Os caras eram perversos!

Pirata, que as línguas grega e italiana definem com sendo um marginal que, de forma autônoma ou organizado em grupos, cruza os mares com o intuito de promover saques e pilhagem a navios e a cidades para obter riquezas e poder, era a crueldade em forma de gente. Para esses renegados nada e ninguém poderiam escapar da sua fama de mau. A bandeira com a silhueta de uma caveira hasteada no alto do mastro sinalizava para as vítimas que eles estavam diante da morte. E como nos filmes: O tema musical era funesto.

Os oceanos consagraram centenas de piratas ao longo dos anos, mas teve aqueles que eram temidos até em pensamentos e bastava seus nomes serem mencionados, para que uma nuvem de terror tomasse conta de um recinto ou do rosto dos interlocutores. E para quem acha que a pirataria era exclusiva dos homens, saiba que Anne Bohhy foi tão temida quanto qualquer outro. Em 1700 ela abandonou os pais latifundiários e foi atormentar os mares como tripulante do navio pirata do capitão Calico Jack Rackhan – o primeiro a utilizar a bandeira da caveira com duas espadas cruzadas, símbolo da pirataria. Rackhan morreu enforcado, junto com a tripulação, em 1720 e Anne escapou do enforcamento por estar gravida do capitão.

Outra mulher do bagaço foi à chinesa Ching Shin, que chegou a comandar uma frota de mais de 300 navios e desafiou vários impérios. Foi talvez o pirata mais poderoso do mundo e em suas fileiras lutavam homens, mulheres e crianças.    

Talvez o mais comentado seja o inglês Barba Negra, que entre 1716 e 1718 saqueou, matou e fez fortuna nos mares do Caribe. Teve também o inglês Sir Francis Drake, responsável por derrotar boa parte da armada espanhola e por ter sido o que mais fortuna arrecadou com suas pilhagens. E o que dizer do turco Barbarossa que saqueou várias cidades africanas?  – Outro ladrão de marca maior!

O malvado Henry Morgan, que meteu a mão no ouro do Panamá, ficou tão famoso e popular que seu nome batiza um dos melhores runs do mundo. Outro inglês batizado como Capitão Kidd, era oficial da marinha, mas escafedeu-se com seu navio para a ressurgir na fama da pirataria. Diz à lenda que os tesouros por ele escondido nunca foram achados.

Bartholomew Roberts, apelidado de Black Bart, foi outro inglesinho bagunceiro e que fez muito almirante se esconder atrás daquelas perucas brancas. E se você pensa que os ingleses tomaram ciência, pense não! Os súditos do reino, em pirataria, eram cães em forma de gente. Entre outros teve ainda um tal de Samuel Bellamy, vulgo Black Sam, que morreu aos 28 anos, mas antes disso, fez o que quis e o que não quis pelos oceanos.

Mas se o Jack “Richards” Sparrow acha – e você que assistiu ao filme concorda – que ele foi o terror do Caribe, pode ir se benzendo e tratando de se esconder no porão. O dono do pedaço foi o porto-riquenho Roberto Cofresí, que mereceu até um monumento chantado na praia de Boquerón Bay, Cabo Rojo/Porto Rico. O pirata Cofresí entrou nessa depois que sua família perdeu tudo e ele se viu na miséria. Claro que não é desculpa, mas foi assim!

 Depois da derrocada familiar o malfeitor foi à luta e montou um bando para saquear navios e cidades no Mar do Caribe. El Pirata era o cão chupando manga e ai daquele que duvidasse. Ele foi executado em 1825 aos 33 anos.

E para os pensam que a pirataria acabou e que a bandeira foi queimada, acho bom botar as barbas de molho. A caveira ainda navega por ai, montada em barcos cada vez mais velozes, armada até os dentes e cruel como sempre.

E o romantismo? Bem, ele vai navegar por ai até que alguns séculos adiante as pessoas possam se divertir nos cinemas com as maluquices encantadoras de um novo Jack.

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