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Os rejeitados da classe média alta

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Carla França – Repórter

Foi-se o tempo em que era preciso sair de Natal em busca de bons médicos, exames e procedimentos cirúrgicos. Hoje, é possível encontrar na cidade profissionais tão bons quanto os do ‘Sul Maravilha’. Além de uma moderna estrutura de hospitais privados e equipamentos que não deixam a desejar para qualquer região do país. Mas, apesar de toda essa qualidade, tem se tornado comum a ida de pacientes potiguares, principalmente, para São Paulo em busca de atendimento.

“A medicina do RN não deve em nada a de outros Estados do país. Aqui, temos condições de fazer desde um simples diagnóstico de doença pulmonar, até um procedimento de substituição da válvula aórtica do coração sem a necessidade de abertura do tórax do paciente. Vale lembrar que o RN foi o primeiro Estado do Nordeste a realizar esse tipo de procedimento”, explica o cardiologista e presidente da Associação Médica do RN, Álvaro Barros.

Privacidade

Se temos bons médicos e boa estrutura física, quais os motivos que levam os potiguares mais abastados a pegarem um avião, passar – no mínimo – três horas  viajando, só para realizar uma consulta de rotina? “Cada pessoa é livre para escolher o médico que quiser, nós não podemos interferir nessa escolha. As vezes, os mais conhecidos procuram médicos em outro Estado por questão de privacidade”, diz Álvaro Barros.

Mas  esse deslocamento, que está intrigando a classe médica de Natal,  pode provocar um descrédito da população para com os médicos. “Os médicos de Natal  têm condições de resolver/diagnosticar qualquer tipo de doença. É importante que os pacientes fiquem por aqui e nos passem algum retorno do atendimento para termos uma ideia das nossas deficiências. Até para tentar melhorar onde existem falhas”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia do RN, Itamar Ribeiro Oliveira.

O presidente da Associação Médica do RN, reforça a opinão do cardiologista Itamar Ribeiro de Oliveira. “Temos que respeitar o direito de ir e vir dos pacientes, mas essa procura por médicos de fora não é por necessidade porque aqui nós temos bons médicos”, justifica Álvaro.

Ainda de acordo com Álvaro Barros, o Rio Grande do Norte é referência em diversas especialidades, entre elas cardiologia, oncologia, neurocirurgia, oftalmologia e as mais diversas intervenções cirúrgicas.

“A Liga Norte-rio-grandense Contra o Câncer, por exemplo, possui equipamentos de última geração para a realização de procedimentos cirúrgicos relacionados ao câncer. Poucos Estados do Brasil possuem aquela estrutura”, diz Álvaro.

Ainda segundo ele, os hospitais privados de Natal também estão em condições semelhantes às de outros Estados.

“Estamos aparelhados para qualquer tipo de cirurgia”

“Não tenho conhecimento de nenhum procedimento cirúrgico que a classe médica de Natal não tenha condições de realizar. O que é feito lá fora, é feito aqui”. A afirmação é do cirurgião do aparelho digestivo, Fernando Lisboa. Para ele, os médicos de Natal estão entre os melhores do País.

“O nosso recurso humano é ótimo. Boa parte de nossos médicos possuem mestrado e doutorado. São anos de estudos e especialização nos principais centros do Brasil e do mundo”, diz Fernando Lisboa, que há 30 anos atua como cirurgião e também é professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

O cirurgião também falou sobre a qualidade dos hospitais da cidade. Segundo ele, são aparelhados com equipamentos modernos semelhantes a de outros hospitais. “Estamos aparelhados para fazer qualquer tipo de procedimento, desde uma pequena cirurgia até uma colectomia – retirada total do intestino grosso. E isso não é só na minha área”, exemplifica o médico.

Outro exemplo de pioneirismo no RN, é na área de implantes auditivos (implante coclear) que hoje atende pacientes de diversos Estados do país. Em número de procedimentos, o RN perde apenas para São Paulo.

Medicina é de boa qualidade

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia do RN, Itamar Ribeiro Oliveira, o ‘modismo’ de procurar atendimento médico em outros Estados não condiz com a realidade da medicina de Natal.

Nos últimos dias têm sido frequentes as viagens de políticos e empresários, principalmente para  São Paulo, para consultas com médicos que são disputados pelas mais altas autoridades do País. 

Segundo Itamar Ribeiro, “os médicos e a estrutura hospitalar privada da cidade têm capacidade de resolver qualquer problema.” Para Itamar,  “Natal é conhecida como centro de qualidade e não deixa nada a desejar”, 

E o cardiologista tem propriedade para falar sobre o assunto, pois no ano passado, juntamente com a equipe do Incor/Natal,  realizou um procedimento de substituição da valvula aórtica do coração, sem a necessidade de abertura do tórax do paciente. O Rio Grande do Norte foi o primeiro Estado do Nordeste a realizar esse tipo procedimento.

Trauma menor

A cirurgia, de acordo com o cardiologista, consiste na colocação de uma prótese da valva aórtica, exatamente no mesmo lugar onde estava a valva do paciente. A prótese é introduzida pela perna através de um cateter, o que proporciona um trauma menor ao paciente.

No Brasil, esse procedimento é realizado há cerca de dois anos. “É uma cirurgia bastante precisa, estudamos essa técnica há, pelo menos, cinco anos e só agora conseguimos a aprovação do fabricante da valva para realizarmos o procedimento. Esse paciente espera desde março pela cirurgia e nós ainda temos mais dois que devem realizá-la em janeiro do próximo ano”, disse Itamar Oliveira.

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