Por Tadzio França
A invasão holandesa ao Nordeste do Brasil colonial, descrita pela ótica de um jovem soldado dinamarquês. É o que se desenrola nas páginas de “Viagem ao Brasil (1644-1654)” (Cepe Editora), a primeira versão para o português de uma obra rara do período, que tem como base o manuscrito de Peter Hansen Hajstrup, um militar de baixa patente que serviu dez anos no Brasil a serviço da Companhia das Índias Ocidentais, patrocinadora dos holandeses. A obra, organizada pelos historiadores Lúcia Furquim, Bruno Miranda e Benjamin Teensma, é um relato em primeira pessoa, misto de crônicas e relatos de viagem. 
Peter deixou a casa dos pais no campo aos 19 anos e foi para Amsterdã. Mesmo sem experiência militar, foi recrutado e encaminhado para o Brasil.
O moço era impulsivo, boêmio, guerreou em batalhas importantes da época, e consta que passou sete anos servindo no Castelo Ceulen – o Forte dos Reis Magos, em Natal.
Está programado um lançamento do livro por aqui ainda neste mês, na UFRN.
Confira trecho:
“A 17 de agosto de madrugada, ao alvorecer, o inimigo, com aproximadamente 4.000 portugueses, nos atacou no engenho de Tourlon. Na madrugada, tinham nos cercado de todos os lados. Nós pegamos nas armas e lutamos durante quase meia hora, mas porque a maior parte da nossa gente tinha ido à cidade ou andava dispersa por todas as partes, não tínhamos mais que uns 300 ou 350 militares europeus entre os oficiais e soldados, e perto de 500 brasilianos. Os portugueses nos atacaram. Eu, com 40 homens, fui mandado para trás do engenho para que não nos atacassem desse lado, pelo pântano. Mas, como nos atacaram com força maior, fomos obrigados a nos retirar do grupo principal da nossa gente. (…) Todavia, os infantes nos perseguiram, de modo que só 12 dos nossos saíram com vida e nos salvamos num partido de cana-de-açúcar.”
Relato de batalha travada entre holandeses, portugueses e brasileiros, em 1645
