quinta-feira, 28 de março, 2024
27.1 C
Natal
quinta-feira, 28 de março, 2024

Oscar 2012 reforça o cinema de atores

- Publicidade -

Menos pirotecnia, nenhum sobressalto, e um certo clima previsível no ar prometem dar o tom na 84ª cerimônia de entrega do Oscar que será realizada neste domingo, diretamente do Kodak Theatre, em Hollywood. A transmissão no Brasil será feita pela TNT, a partir das 22h (horário de Brasília), e pela Rede Globo, a  partir das 23h55, após o BBB 12. O mestre de cerimônias neste ano, pela nona vez, será Billy Crystal, velho conhecido dos espectadores. 

Os filmes favoritos -”O Artista”, “Histórias Cruzadas” e “Os Descendentes”- reúnem qualidades como comédia, romantismo e vitórias pessoais, bastante diferentes dos vencedores  de anos anteriores, como “Guerra ao Terror” e “Onde os Fracos Não Têm Vez”, filmes sombrios e de temática pesada. O eleitorado da academia parece em sincronia com o apetite dos fãs por entretenimento.

“O Artista” conta a história de um astro decadente que encontra a redenção no amor, numa época em que Hollywood estava indo do cinema mudo ao falado. Ele chega à noite de domingo como franco favorito ao Oscar de melhor filme, o prêmio mais cobiçado.O filme tem dez indicações, perdendo apenas para “A Invenção de Hugo Cabret”, de Martin Scorsese, outra homenagem aos primórdios do cinema sobre um menino perdido que tenta encontrar o caminho de casa.

Se “O Artista” é o filme a ser batido, o único com chances disso é “Histórias Cruzadas”, sobre empregadas negras de famílias brancas na década de 1960 no sul dos Estados Unidos. O enredo  cativou a academia e ele tem duas favoritas ao Oscar de atuação: Viola Davis, que interpreta uma empregada, trava uma disputa acirrada com Meryl Streep, que vive a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher em “A Dama de Ferro”.

Michelle Williams corre por fora como a Marilyn Monroe de “Sete Dias com Marilyn”. As outras indicadas são a novata Rooney Mara em “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, e Glenn Close, caracterizada como homem, no pouco visto “Albert Nobbs”. O outro trunfo de “Histórias Cruzadas” é Octavia Spencer.

O ator Jean Dujardin tem faturado todos os prêmios por “O Artista”, e os únicos páreos para ele são George Clooney, como um pai que tenta manter a família unida numa crise, em “Os Descendentes”, e Brad Pitt como o executivo do beisebol em “O Homem Que Mudou o Jogo”. Na categoria de melhor ator, Christopher Plummer e Max Von Sydow, ambos de 82 anos, podem se tornar o mais idoso ganhador de um Oscar na história.Na categoria de melhor diretor se defrontam Scorsese, de “Hugo”, e Hazanavicius, de “O Artista”, com Alexander Payne, de “Os Descendentes”, correndo por fora. Hazanavicius parece na frente, e já levou o prêmio da Liga dos Diretores neste ano.

O crítico de cinema Valério  Andrade acredita que a “audácia” de “O Artista” será recompensada.  “Um filme audacioso, totalmente imprevisto no cinema de hoje, filmado em preto e branco e o que é mais surpreendente, mudo. Talvez seja a maior homenagem do cinema falado ao cinema mudo”, diz.

O jornalista Roberto Sadovski, ex-Set, acredita que pode haver algumas – poucas – surpresas. “Vai dar ‘O Artista’, e com mérito,  mas eu gostaria de ver ‘Hugo’ ganhar. Ator deve dar George Clooney, ele é o eixo de Os Descendentes (que deve levar roteiro adaptado). Mas Jean Dujardin pode ser azarão como ator, aproveitando a boa vontade com ‘O Artista’. Entre Viola e Meryl, acho que Viola leva vantagem, mas é mínima”, diz.

A jornalista e advogada Tatiana Lima, do blog Papo Cine, também acredita na vitória de ‘O Artista’, “apesar de achar que os americanos teriam dificuldades em dar o prêmio principal a um francês”. “A melhor direção é um prêmio que está bem concorrido, mas aposto em Michel Hazanavicius. Roteiro original deve ir para ‘Meia-Noite em Paris’, que vem amealhando essa categoria em outros prêmios na temporada. Para o roteiro adaptado eu apostaria em ‘Os Descendentes’, mas acho que ‘A Invenção de Hugo Cabret’ também merece”.

Para Milena Azevedo, historiadora e crítica de cinema, não viu com surpresa o “flerte” de Hollywood com o cinema europeu. “È muito bom ver essa abertura maior para produções francesa, franco-belga, iraniana e espanhola”, diz, o que pode explicar a sensação de vitória quase certa de “O Artista”. Para ela, ganhará fácil Melhor Filme, Diretor, Ator, Roteiro Original e Montagem, e pode ficar com Melhor Fotografia e Trilha Sonora também. “Finalizando, o Melhor Filme Estrangeiro, sem sombra de dúvidas vai para ‘A separação’. Extremamente simples e bem realizado”.

Comentário dos críticos

O velho bolão de apostas não é uma característica do futebol. No meio cinematográfico, ele faz parte da pauta de críticos e cinéfilos desde os primórdios do cinema.  A  reportagem da TRIBUNA DO NORTE provocou a opinião de alguns críticos:

Valério Andrade
crítico de cinema da TN e realizador do Festnatal
“Aposto em O Artista. É um filme audacioso, totalmente imprevisto no cinema de hoje, filmado em preto e branco e o que é mais surpreendente, totalmente mudo. Talvez seja a maior homenagem do cinema falado ao cinema mudo e o que é também digno de nota é o fato de ser uma produção dirigida e intepratada por franceses. É espantosamente bem feito. Entre os prêmios principais, acredito que o de Melhor Ator fique com Jean Dujardin, de O Artista. Um papel inpirado em dois grandes ídolos do cinema mudo, Douglas Fairbahks e John Gilbert, numa interpretação antológica, particularmente dificil por repousar exclusivamente na mímica”.  

Para Valério, o Oscar de Melhor atriz deve ficar com Meryl streep, apesar de ser uma atriz consagrada, com um elenco de grandes interpretações, ela  volta a surpreender numa caracterização perfeita de Margareth Thatcher. “São notáveis as cenas em que, beirando a senilidade, no ostracismo e na solidão da velhice, Meryl, sem jamais cair na caricatura, alcança uma comovente sobriedade.”, comenta.

Roberto Sadovski, crítico de cinema 

“Filme vai dar O Artista, e com mérito. Mas eu gostaria de ver Hugo ganhar, ainda que seja o momento pro Artista. Ator deve dar George Clooney, ele é o eixo de Os Descendentes (que deve levar roteiro adaptado). Mas Jean Dujardin pode ser azarão como ator, aproveitando a boa vontade com O Artista. Já Viola Davis e Meryl Streep estão mesmo cabeça a cabeça na disputa de atriz. Acho que Viola leva vantagem, mas é mínima. E, num mundo perfeito, o artista leva melhor filme, Martin Scorsese melhor direção. A gente pode sonhar, né.”

Vítor Bezerra, Cineclube Natal

‘Filme eu acho que vai dar O Artista. Acho interessante que nessa onda do 3D esse filme em preto e branco e mudo tenha entrado forte na temporada de premiações. Eu acredito que a Academia não esteja curtindo muito o 3D, desde quando, em 2010, entregou o Oscar de melhor filme para Guerra ao Terror e não para Avatar. Achei isso sintomático e creio que algo parecido pode acontecer novamente esse ano. Fora que a temática Hollywood mais histórica do cinema costuma tocar os votantes. Só Os Descendentes, que é o independente do ano, pode tirar esse Oscar. Uma zebra esse ano, que não seja este filme – Os Descendentes – me impressionaria.

Nos quesitos Ator e atriz Bezerra acredita em Jean Dujardin e Viola Davis e, que ganharam o SAG Awards. “Já faz uns anos que essa premiação do sindicato tem ditado os indicados e ganhadores dos prêmios de atuação do Oscar, até por que os membros do SAG estão quase todos na Academia. A Meryl Streep veio com uma interpretação forte esse ano e existe um sentimento em comum de que ela já deveria ter ganho seu terceiro Oscar, mas Viola, mesmo num papel bem mais fraco, vem de um filme muito comentado e – novamente – com uma temática que agrada os americanos no geral, que é essa discussão racial e tal. Bom, tá entre elas duas.”

Quanto ao azarão, eu confesso que sou bem ruim de prever em qual categoria ele vai vir. Hehe! Mas ouvi dizer que a Janet McTeer tá muito bem em Albert Nobbs. Octavia Spencer, de História Cruzadas tem ganhado vários prêmios como coadjuvante, mas pode ser a categoria da zebra do ano.

Animação é outra categoria que pode dar zebra. Sem Pixar esse ano, fica mais fácil de algum dos filmes menores levar – Um Gato em Paris ou Chico & Rita -. Ainda acho difícil, mas se nem Tintim entrou esse ano. Eu mesmo gostaria de ver isso acontecer.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas