sexta-feira, 29 de março, 2024
27.1 C
Natal
sexta-feira, 29 de março, 2024

Oswaldo Figueiredo: “Nós vamos investir no futebol”

- Publicidade -

Entra ano, sai ano, e a história se repete. Atletas em formação, em sua maioria, apenas com experiência no desporto escolar, caem na real ao fim do Ensino Médio e sentem o golpe de ter que desistir da carreira no esporte precocemente pelo simples fato de não ter como prosseguir sem patrocínio ou, principalmente, sem um clube que possa dar-lhe suporte. Alguns ainda arriscam manter o sonho de se transformar em atleta profissional seguindo para outra praça. Em Natal, não há clubes como no sul do país e o esporte resume-se a educação física nas escolas, frustrando muitos jovens que tinham talento para um dia alcançar o desporto de alto rendimento – no Brasil também não existe uma política para o desenvolvimento do desporto universitário. Profissionalismo? Só no futebol e com algumas muitas ressalvas.  Para tentar mudar esta realidade, a Facex resolveu investir na instituição de um clube que possa dar um novo alento aos atletas que ficam sem rumo ao se desvincular do desporto escolar.

O Facex Esportes, projeto que nasceu em 2002 e só agora conseguiu sair do papel, deve iniciar suas atividades já a partir do próximo ano, tendo à frente Oswaldo Figueiredo, diretor da Facex e maior incentivador do clube, na condição de presidente. Ele terá o importante auxílio do professor Antônio Carlos (Cazuza), coordenador de esportes da Facex, presidente da Federação Potiguar de Badminton e responsável direto pela consolidação do projeto. Em entrevista exclusiva à Tribuna do Norte, Oswaldo fala mais um pouco de como surgiu a idéia da Facex Esportes e quais os primeiros passos da nova agremiação, que segundo ele, tem a pretensão de, muito em breve, formar uma equipe de futebol profissional também. “Ainda é um pouco cedo para falar no assunto, mas não vou negar que, realmente, é um projeto nosso, entrar no futebol, em médio e longo prazo. Claro, que não vamos entrar de cara no Campeonato Estadual, até porque há a necessidade de galgar as divisões inferiores”, confirmou Oswaldo, que tem em mente investir primeiro nas categorias de base, explorando a formação de novos talentos para o futebol da capital potiguar.

Outro assunto abordado pelo dirigente na entrevista que segue, diz respeito ao inédito e surpreendente vice-campeonato da Facex nos Jogos Escolares do Rio Grande do Norte. “O esporte é uma ferramenta maravilhosa de inclusão e transformação social, uma forte ferramenta de aprendizado. Nunca trabalhamos o esporte para competição. O estudante, antes de tudo, é aluno e não atleta. Ele tem que ter os valores de cidadania que a gente prega aqui e o esporte ajuda muito neste sentido”, disse o presidente da Facex Esportes. Na entrevista ele também faz questão de ressaltar que “a Facex Esportes é um clube independente. Ou seja, qualquer atleta em potencial poderá vestir a camisa da Facex Esportes, sem necessariamente ser aluno de nossa instituição. Mas, não preciso dizer que nossos alunos vão ter mais chance de conseguir uma vaga nas equipes no começo. Mas, a intenção é de fazer um clube democrático e como o objetivo de valorizar ainda mais a marca Facex”:

Como surgiu a idéia do Clube Facex?
O Facex Esporte, este é o nome do clube, surgiu através de um processo natural que foi de um desenvolvimento da cultura de esporte dentro da Facex. Já faz algum tempo que trabalhamos no fortalecimento do esporte como ferramenta de apoio pedagógico e desde 2002 com a entrada de Cazuza na coordenação de esporte da instituição de ensino, a gente vem trabalhando com as três frentes do esporte: formação, educação e competição. A questão do clube é uma conseqüência disso tudo, porque chegou um determinado momento em que os atletas, os alunos, precisavam ter mais campos, mais possibilidades de praticar suas atividades esportivas. As competições esportivas escolares não são suficientes para atender a demanda dos atletas no nosso estado. Agora, vamos dar a oportunidade a estes atletas de participarem das competições oficiais das federações pela Facex. Então, o clube surgiu para suprir uma demanda local. Mas, é bom ressaltar que a Facex Esporte será totalmente independente da instituição de ensino Facex. Inclusive, vamos procurar parceiros que queiram patrocinar e investir no clube. É como ABC, América e Alecrim, por exemplo. A idéia é que tenha vida própria e que o projeto do clube não seja interrompido. A gente, na verdade, sempre investiu no esporte, como em 2001, quando ajudamos a ressuscitar o futsal, através da parceria com o América. Agora, vamos ter nosso próprio clube. É um sonho transformando-se em realidade.

Você falou em ABC, América e Alecrim. A Facex Esporte pretende investir no futebol?
Esse é um projeto nosso em médio e longo prazo. Em princípio, judô, natação, badminton, que foi criado aqui na escola, e basquete, são as modalidades que vamos investir. Mas, com a meta de estender esse leque de modalidades paulatinamente. No futebol, pretendemos iniciar com as categorias de base para, quem sabe, um dia chegar ao futebol profissional.

O objetivo é de formar novos talentos para exportação?
Vamos investir no futebol com o objetivo de incluir o atleta socialmente, como mais um espaço para que ele possa mostrar seu talento e se destacar. Mas, no futuro, se houver a possibilidade de descobrir um ou outro talento que possa ser negociado… Vamos ver.

A idéia é seguir o exemplo dos novos clubes brasileiros que tem surgido nos últimos anos?
Pode ser. Mas, primeiro vamos amadurecer como clube. Depois sim, vamos ver como formatar um projeto específico para o futebol. É muito cedo pra dizer se vamos, por exemplo, contar com uma estrutura própria ou se vamos fazer parcerias. Não sabemos ainda.

Como foi criado o clube?
Fizemos um estatuto, tudo como reza a lei, procuramos agregar desportistas que tenham o interesse comum pela causa. Enfim, é vontade mesmo. E você contar com pessoas com o mesmo ideal, de forma organizada, que possa fortalecer uma entidade esportiva, contribuindo para a formação dos atletas e o desporto do Rio Grande do Norte.

Quando exatamente surgiu a idéia do projeto?
Por volta de 2002, a gente já vinha fazendo algumas parcerias como a do América, no futsal. Mas, no nível educacional, começou bem antes com o saudoso Gurgel, passando por Andrey Valério, pelos Jogos da Asa Sul, que chegou a rivalizar com os Jerns, e, em 2002, com a ascensão de Cazuza, que já conhecia a filosofia da escola, à coordenação de esportes, ele fez um projeto com metas e objetivos para serem atingidos anualmente. A partir daí fomos ampliando nosso quadro laboral de colaboradores. E naquele momento começamos a trabalhar com incentivos para que os alunos pudessem continuar na instituição e nas modalidades, mas sempre com comprometimento na filosofia da instituição… Formamos, também, uma forte equipe universitária de tae kwon do… Mas, foi mesmo a partir de 2002 que Cazuza começou a traçar metas mais audaciosas. Foi assim que nasceu o Facex Esporte.

Quem coordena o projeto?
O presidente do clube sou eu, mas quem vai ficar à frente, coordenando, é Cazuza. Vamos aproveitar nossa estrutura física e de colaboradores da instituição de ensino para dar suporte ao clube. Temos aqui profissionais de alto gabarito em diversas áreas que vão poder nos ajudar no começo. Vamos tentar trabalhar, agora, com mais ênfase, o que vínhamos trabalhando nestes últimos cinco anos. A idéia é que não haja interrupção. Mas, repito: o clube vai funcionar com independência. Mas, no começo, vai usar, claro, a estrutura da instituição.

O título de vice-campeão dos Jogos Escolares do RN deste ano contribuiu ou influenciou para a criação do Facex Esporte?
Não foi apenas o resultado de uma competição que nos impulsionou ao fundar um clube. Foi uma coisa muito mais ampla, com participação efetiva de toda a comunidade Facex. Mas, esse novo momento do esporte na Facex, principalmente, nestes últimos cinco anos, com certeza também influenciou a acelerar o processo de criação do Facex Esporte.

Um aluno de outra instituição pode ser contratado pelo Facex Esporte?
Sem problema nenhum. Tendo os critérios que interessem aos técnicos… É como se um torcedor do ABC fosse jogar em alguma modalidade pelo América e vice-versa.

Fugindo um pouco do clube e entrando no desporto escolar, como vocês receberam a conquista do inédito vice-campeonato dos Jern’s?
Com muito orgulho. Na verdade, é um trabalho que começou em 2002. Naquele ano, Cazuza assumiu a coordenadoria e começou a trabalhar com metas. Foi neste ano que inauguramos o nosso ginásio, o nosso parque aquático, ou seja, ampliamos nossa estrutura física, que teve um papel decisivo para que a gente tivesse uma condição melhor de trabalho. Aí a gente conseguiu sanar isso aí, contando também com gente comprometida, que formava um verdadeiro time. E neste processo, vamos investir no próximo ano em modalidades de areia, como beach soccer, vôlei de praia, que sempre é destaque nos Jern’s, e beach handebol.

Então, no próximo ano, dentro das metas de Cazuza, está pintando o título dos Jern’s?
Chegar em primeiro lugar é uma conseqüência. Mais do que o primeiro lugar, eu ficaria muito mais feliz se esse exemplo que a Facex passa à sociedade fosse copiado, reproduzido até de outra forma, mas com o mesmo objetivo: de educar e formar o aluno-cidadão, através do esporte. E que os profissionais de educação física fossem mais valorizados. Desta forma teríamos uma sociedade muito melhor. Para a gente seria muito mais recompensador conseguir fazer uma sociedade mais justa através de bons exemplos do esporte. Para o ano que vem temos também o projeto de investir mais nas escolinhas. É na escolinha que começamos a formar o aluno, é de onde sai o nosso melhor.

Qual a sua avaliação sobre o desporto escolar?
Na Facex, especificamente, utilizamos o esporte como uma forte ferramenta de aprendizagem. Não trabalhamos o esporte apenas em nível de competição. Isso, vamos deixar para o clube, a Facex Esporte. Na nossa instituição de ensino, o aluno antes de tudo é um aluno. Não é um atleta. Ele tem que ser um cidadão, ter boa conduta e aprender os valores que o esporte passa. Só fico triste quando vejo algumas escolas que não valorizam o departamento de educação física. Para estas instituições é como se fosse uma coisa à parte da escola, apenas para cumprir a Lei. Entendeu!? Tem escolas até que tentam fazer lobby para trazer os Jern’s para o meio do ano só para não ter que pagar alguns direitos aos profissionais de educação física, que são contratados temporariamente e se ficarem na escola até o fim de outubro, por Lei, mesmo sendo demitido neste mês de outubro, têm o direito de receber os salários de novembro, dezembro e décimo terceiro. Com os Jern’s sendo realizados no meio do ano, estas escolas se livram deste ônus, cancelando estes contratos temporários antes da data limite. Isso é lamentável. Desvaloriza o profissional de educação física. A gente trabalha com uma equipe efetiva e comprometida, graças a Deus. O aluno que sai da Facex, por exemplo, volta dez anos depois e encontra os mesmo profissionais, que trabalham integrados com a equipe pedagógica. Aqui, às vezes, o professor de educação física consegue até recuperar um aluno que vai mal na sala de aula, sempre utilizando o esporte como ferramenta. Nos Jern’s, a gente consegue, através do esporte, atrair a família do aluno para mais perto da escola. Isso não tem preço. É uma troca de experiência muito saudável, legal demais. E isso só o esporte proporciona. O esporte é uma ferramenta maravilhosa, tem o poder de transformar social e economicamente o aluno. Contamos hoje com muitos ex-alunos que exercem cargos importantes em empresas e que, com certeza, direta ou indiretamente, foi influenciado pelo esporte para alcançar seus objetivos na vida, no mercado de trabalho, enfim…”

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas