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Pacientes curados da covid-19 no RN superam 37 mil

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Tales Lobo
Repórter

Quase seis meses após a chegada oficial da covid-19 ao Rio Grande do Norte, a pandemia segue causando preocupação diante do número de casos graves e óbitos, no entanto, também há espaço para as histórias de quem enfrentou e superou a doença.

Antônio Hermínio contraiu a covid e desenvolveu toda a sintomatologia e precisou ser internado

Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap/RN), dos 61.989 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus até a terça-feira, dia 1º de setembro, 37.737 já estão curados. O número corresponde a uma taxa de recuperação de 60,8%. Até aquela data foram registradas 2.263 mortes e outros 21.989 pacientes seguem em tratamento ou não tiveram a cura oficializada pela Sesap/RN até o momento.

Nacionalmente, o índice de recuperação é maior. Até o final da última segunda-feira, dia 31, a quantidade de pessoas infectadas pela doença no Brasil chegou à marca de 3.908.272 casos. O número de pacientes recuperados está em 3.097.734, representando 79,2% das pessoas que estiveram doentes. O país acumula pouco mais de 122 mil óbitos, 690.000 pessoas passando por tratamento. Os dados são baseados nas informações encaminhadas por estados e municípios ao Ministério da Saúde.

De acordo com informações do portal da Sesap, o Nordeste aparece com 87,3% de pacientes recuperados em comparação ao número de casos confirmados. Das 1.142.454 pessoas infectadas na Região, 998.008 já estão curadas. Em contrapartida, 35.120 moradores do Nordeste já foram a óbito em decorrência da covid-19 e outros 109.326 ainda não tiveram a cura confirmada pelas autoridades de Saúde. Os dados foram tabulados até o dia 1º de setembro.

Médicos e especialistas na área da infectologia apontam que o índice de recuperação tende a aumentar, devido ao maior costume e ampliação do conhecimento dos profissionais de saúde envolvidos no tratamento da covid-19. Além disso, a redução no percentual de leitos ocupados por portadores dessa doença dá mais tranquilidade para o manejo dos pacientes nos hospitais.
“Não necessariamente a gente pode dizer que ficou mais fácil (o tratamento da covid), mas com certeza a equipe que cuida dos doentes, principalmente os doentes graves de coronavírus, aprenderam a lidar melhor, manejar melhor os casos. Hoje, a gente sabe doses adequadas de medicamentos, a gente sabe procedimentos adequados…. Outra coisa que contribuiu bastante, nesses seis meses para diminuir a mortalidade, é que as equipes se acostumaram a lidar com a doença. Então, hoje, já não tem mais aquele medo inicial e todo mundo trata os doentes de covid como qualquer outra doença”, explicou o infectologista André Prudente, diretor do Hospital Giselda Trigueiro.

Entre as técnicas desenvolvidas pelas equipes de saúde para ajudar no tratamento está a ‘respiração pronada’, que consiste em manter o paciente de bruços por algumas horas, com a barriga encostada no colchão da cama. Segundo os especialistas, o procedimento se mostra eficiente, especialmente nos doentes que começam a apresentar insuficiência respiratória.

Tratamento com base no suporte aos sintomas
Ainda sem vacina ou medicamentos específicos para a covid-19, o tratamento utilizado nos hospitais consiste principalmente no suporte aos sintomas. Por se tratar de uma doença que atinge fortemente o sistema respiratório, exige um cuidado na administração do oxigênio.

André Prudente, infectologista e diretor do Hospital Giselda Trigueiro, analisa dados da pandemia

“Tem diversas maneiras da gente fazer a reposição de oxigênio. A mais drástica é a ventilação mecânica com uso de ventiladores mecânicos, quando a gente entuba o paciente para que ele respire por aparelhos. Mas existem outras, desde o cateter nasal, que promove baixo fluxo de oxigênio; a chamada máscara de Hudson, que promove até 100% da fração inspirada de oxigênio; além de medicamentos comprovadamente benéficos nas doses e nos tempos adequados”, citou André Prudente.

Dos medicamentos utilizados no tratamento, a comunidade científica reconhece a eficiência de corticoides e anticoagulantes no tratamento de pacientes graves. Pessoas com sintomas leves geralmente podem utilizar remédios para tratamento desses sintomas. Outras drogas como a cloroquina e a ivermectina ainda não possuem comprovação científica de seu funcionamento, mas também não têm o uso proibido.

“Os medicamentos que não há nenhuma dúvida do seu benefício são corticoides e anticoagulantes. Esses dois grupos de medicamentos, em casos graves, mudam realmente o prognóstico do doente. Além disso, as manobras de fisioterapia são essenciais para recuperação do pulmão dos indivíduos gravemente acometidos. Os casos mais leves, na grande maioria, melhoram sem absolutamente nada. Alguns com medicamentos sintomáticos: contra dor, contra febre, tosse. Existem alguns grupos que defendem o uso de outros medicamentos em fases iniciais, que ainda não há comprovação científica, mas que não são proibidos de serem utilizados”, esclareceu Prudente.

Superação
Em meio aos casos de pacientes recuperados da Covid-19, está o do radialista Antônio Hermínio Júnior, de 49 anos. ‘Júnior Xuxa’, como é conhecido pelos amigos e familiares, passou 14 dias tratando os sintomas (febre, cansaço e tosse) em sua casa, até precisar ser internado no dia 24 de agosto. Apesar da internação, ele não chegou a ser intubado, mas passou quatro dias de apreensão no hospital, até superar o vírus.

“Quando soube que eu iria ser internado fiquei meio desesperado. Eu estava muito cansado no dia e a primeira coisa que veio à minha cabeça foi precisar de oxigênio, ir para UTI, esse negócio todo. Pensei ‘será que eu volto, meu Deus do Céu? Como esse tratamento vai ser?  Graças a Deus, quando começou o tratamento fiquei surpreso, porque os médicos foram muito eficientes, começaram com a medicação muito forte para melhorar minha saturação. Mas o meu pensamento era de muito medo, pânico”, relembrou.

Júnior também contou que a apreensão aumentou por conta das medidas de isolamento no hospital, mas que a energia passada através de mensagens e orações dos amigos contribuiu para sua recuperação. “Quando me internei falaram que não poderia ficar nenhum acompanhante. Aí o desespero ficou maior. Mas o apoio dos amigos e familiares foi muito importante para mim com rezas, orações, mensagens que me enviaram ou enviaram para minha esposa. Foi um apoio muito bom, eu achei muito bonito da parte de todos. É isso que nos fortalece”, disse.

A apreensão durante os dias de internação contrasta com a felicidade e o alívio no momento da alta. Na saída, os profissionais de saúde fizeram um corredor com aplausos para celebrar a recuperação de mais um paciente.

“Quando o médico entrou e disse que meus exames estavam normais e eu estava de alta foi um alívio grande. Quando você sai do leito e entra no corredor com todo mundo aplaudindo, não tem preço. Foi uma emoção muito grande que eu senti, foi maravilhoso”, declarou.

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