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Pacientes interrompem tratamento

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Aproximadamente 50 pacientes da Liga Contra o Câncer tiveram seus tratamentos interrompidos ou deixaram de fazer exames porque ficaram sem importantes medicamentos durante toda a semana. Outros dois mil também podem ser afetados. Isso porque a Anvisa interditou parte do terminal de cargas do Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, de São Gonçalo do Amarante, no dia 24, impossibilitando o envio de exames e recebimento de medicamentos por hospitais do estado.
Interdição é para envio e recebimento medicamentos e exames
Vice-diretor do Centro Avançado de Oncologia da Liga, o médico nuclear Arthur Villarim informou que nenhum medicamento foi recebido desde então, mas a situação mais delicada é para os que realizam tratamento com radiotaivos. “A Liga trabalha com uma série de medicamentos. Alguns são radioativos e a maior parte é de não-radioativos. Os que são radioativos são críticos, porque não podemos ficar sem eles”, explicou.

Todo esse material sofre decaimento físico. Isso significa que se ele não for utilizado imediatamente perde o efeito, alerta o médico nuclear, lembrando que uma carga chegou a ser perdida devido à interdição do setor.

Esse tipo de material também é usado no diagnóstico do câncer em dois tipos de exames importantes inclusive para detecção de metástase: cintilografia, procedimento diagnóstico por imagem na especialidade de medicina nuclear, e PET scan, um tipo de tomografia feita com o auxílio de sinais de radiação.

Outros dois mil pacientes dependem de tratamento quimioterápico que utiliza comprimidos e substâncias injetáveis também recebidas via aérea porque são pedidos em grande escala para baratear a compra. Nesse caso, havia estoque e as substâncias que faltaram foram compradas no comércio regional, principalmente em Recife, e é transportado por via terrestre. Mas essa solução temporária encontrada pela Liga gera um aumento de 20% no custo desses medicamentos, segundo informações do médico Arthur Villarim, lamentando a situação financeira da Liga, que “não é boa”. “A gente tem muita dificuldade de manter funcionando e qualquer fato que traga mais custos complica muito”.

De acordo com a Anvisa, a circulação de cargas de medicamentos foi interrompida porque o terminal do aeroporto não tem autorização de funcionamento emitida pela Agência, além de apresentar condições inadequadas de armazenagem das cargas sujeitas à vigilância sanitária. Segundo a nota, a temperatura do ambiente tem que estar refrigerado de acordo com a exigência da embalagem do produto que recebe. “Por exemplo: se o conteúdo pede uma temperatura de 0ºC, não pode ser verificado temperatura superior. Problemas deste tipo podem estar relacionados a estrutura e procedimentos. Como o relatório de inspeção é um documento reservado, não temos como dar detalhes das incorreções”, justificaram.

O representante da Avianca Cargo, Reginaldo Meneses explicou que o procedimento de transporte de medicamentos não inclui armazenamento. “Remédio enviado por via aérea é urgente. Em alguns casos as notas fiscais são antecipadas para que a liberação seja imediata no aeroporto”, disse, preocupado. “É uma questão de saúde pública, muitas vezes representa vidas”, observa.

A Inframérica, empresa que administra o aeroporto, informou por meio de assessoria de imprensa que o terminal está funcionando normalmente. A restrição diz respeito apenas a cargas fiscalizadas pela vigilância sanitária e que as negociações estão em curso para solução nos próximos dias.

Arthur Villarim disse que a Liga Contra o Câncer nunca armazenou medicamentos, mas que assumiram o compromisso com a Anvisa de retirar as substâncias radioativas imediatamente após o recebimento, visto que são os mais urgentes.

“Estamos aguardando essa resposta para ver se na próxima segunda-feira já podemos voltar a receber o material. Tentamos sensibilizá-los e espero que a gente tenha conseguido”, contou, destacando que ainda não há previsão para regularização do recebimento dos demais medicamentos.

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