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“Páginas da Vida” chega ao fim hoje

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Por Patrícia Villalba 

“Páginas da Vida” termina hoje, morna como começou, apesar da média de três barracos que tem exibido por dia na tentativa clara  e desesperada de obter pontos a mais no Ibope, nesta reta final. Ao ver como o autor Manoel Carlos parece ter-se perdido na quantidade imensa de personagens  (a maioria sentada à mesa de jantar do patriarca Aristides, vivido por Tarcísio  Meira), nas queixas de um elenco que se mostra insatisfeito por meio da imprensa (uns, em seus blogs) e nas tramas, que terminaram mal amarradas, o mais atento noveleiro poderia agora questionar, mais uma vez, o modelo do folhetim eletrônico. 

Mas, em vez disso, a novela das 9 apresenta seus capítulos finais em meio à  discussão em torno da portaria 264, pela qual o Ministério da Justiça quer coibir  abusos na programação e chamar as redes à responsabilidade pelo que exibem.

“Páginas da Vida” é prato cheio nesse contexto, como também “Vidas Opostas”, da Record; a diferença é quanto mais ibope, mais responsabilidade. É uma novela  que joga pesado, mostrando pequenas transgressões como atos triviais, grandes transgressões como justificativa de humilhação, desrespeito e até tortura. O  genro ladrão não é denunciado pelo sogro à polícia, mas leva um tiro da mulher. E, com o pé machucado, é atendido num hospital, longe das vistas das autoridades, com a ajuda da ex-mulher, médica e heroína da trama, que burla sem dor na consciência o regulamento do seu trabalho.

Claro, pode-se argumentar que diariamente pessoas burlam regras do trabalho, e a novela só estaria espelhando a realidade. Mas  por que expor nossas crianças a isso? Por que uma das primeiras referências a sexo deve ser a imagem de Daniele Winits  extorquindo favores de um sujeito babão, em troca de uns banhos de banheira?

A questão não é o sexo, mas como mostrá-lo. A primeira mensagem é: use o corpo e se dará bem. A segunda: use o corpo, se dê bem por um tempo e corra o risco  de levar um tiro da mulher de seu amante. Ambas são desastrosas.

Neurose é matéria-prima para a ficção, mas nada justifica a dose cavalar de sentimentos desagradáveis que a novela tem levado ao ar. Autor muitas vezes criticado por mostrar um Rio glamourizado, sob a perspectiva aprazível do Leblon,  Manoel Carlos está triste e não há efeito de computador na Baía de Guanabara que esconda isso.   

Há algumas exceções. As cenas com Joana Mocarzel, que vive a adorável Clara  e entrou para a história da TV. As peruíces de Carmen (Natália do Vale). E o carisma de Grazielli Massafera, que também entra para a história, da Globo, como a primeira ex-Big Brother que ajudou a salvar uma novela que tinha Tarcísio Meira e Sônia Braga no elenco. Antes de Grazielli, outra novata se destacou. Fernanda Vasconcellos agradou como Nanda, pena que morreu. A bola ficou com Lília Cabral, que ficou ótima como Marta. Pena que ela, que foi enganada pela filha e sustentou a vida toda um marido matusquela, fica doida. Isso, após levar umas bolachas do marido. Bolachas que passaram em brancas nuvens, como se a maldade dela justificasse a violência. Por que eles não se separam? Porque são pobres, informou a personagem nos primeiros capítulos.

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