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Pai e filho são mortos no leito do rio Potengi

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DESOLAÇÃO E TRISTEZA -  Jovens choram morte do colega de 14 anos

A comunidade de Chã do Moreno, distante 28 quilômetros de Natal, em São Gonçalo do Amarante, está chocada com um duplo assassinato ocorrido na madrugada de ontem. O crime, com indícios de crueldade, teve como vítimas o vigia Francisco de Assis da Silva, 42 anos, e o filho dele Francisco Tiago da Silva, 14 anos. Pai e filho foram executados no leito do rio Potengi e, estranhamente, tiveram as cabeças encobertas com areia.

Os dois apresentavam ferimentos à bala e ainda sofreram ação contundente, provavelmente de pauladas. O adolescente sofreu dois cortes no rosto, em linha reta, aparentando ter o mesmo comprimento, exatamente abaixo dos olhos. Também apresentou um ferimento na mão, indicando que ele tentou fugir ou se defender.

A família das vítimas está inconsolada. A prima de Francisco de Assis, dona-de-casa Maria do Socorro, confirmou que as vítimas não tinham inimizades. “Tiago era um menino maravilhoso e ajudava o pai no trabalho”, disse. Francisco de Assis trabalhava como vigia de uma draga que retira areia do rio, a cerca de dois quilômetros da comunidade de Igreja Nova. Ele ficava numa cabana improvisada na margem esquerda. Lá, acredita a polícia, teve início a emboscada. Manchas de sangue num tambor e na cerca de arame farpado indicam que as vítimas sofreram as primeiras agressões na cabana, entre 1 e 2 horas da madrugada.

Eles desceram para a margem do rio. A 130 metros da cabana, caiu Francisco Tiago. Ele levou um tiro na nuca e, provavelmente, outro no rosto. Ele sofreu afundamento craniano provocado por ação contundente, mas a polícia não encontrou o instrumento que provocou o ferimento.

O pai dele correu um pouco mais distante. Ele ainda passou por uma cerca e caiu a 10 metros do corpo do filho. O cadáver tinha marcas de bala no meio da testa, no tornozelo direito, no braço direito, no braço esquerdo, nas costas e na nuca. Foram vários tiros. Tanto o pai quanto o filho tiveram as cabeças encobertas por areia. O resto do corpo, no entanto, estava aparente. A polícia não soube explicar o motivo do matador – ou matadores – terem encoberto os rostos das vítimas com areia. Eles poderiam ter tentado enterrar os corpos, ou encobrir os cadáveres por inteiro, mas deliberadamente ocultaram apenas as cabeças. Alguns investigadores comentam que esse tipo de comportamento, segundo uma teoria, pode indicar que o assassino conhecia a vítima e encobriu os rostos para não vê-los ou por alguma superstição.

Colegas das vítimas contaram que Francisco de Assis costumava trabalhar com um revólver e uma espingarda de soca, ambas desaparecidas. O barraco, aparentemente, não foi revirado pelo matador ou matadores, como é mais provável. Apenas um martelo estava fora do lugar, mas a ferramenta não tinha manchas de sangue. A polícia, apesar da gravidade do caso, demorou a chegar. Apenas os PMs da cidade acompanharam a perícia do Itep, que terminou por volta das 10 horas. Nenhum delegado da Polícia Civil esteve no local do crime. As investigações devem ser encaminhadas à Delegacia de São Gonçalo do Amarante.

Adolescentes choram pela morte do amigo

Durante a perícia nos corpos de Francisco de Assis e Francisco Tiago, ontem pela manhã, quatro adolescentes, amigos do jovem assassinado, choravam copiosamente com as mãos na cabeça e no rosto. Eles não acreditavam no que tinha acontecido. Na noite anterior ao crime, todos eles jogaram futebol com a vítima. Tiago era jogador do time local, o Cruzeiro de Igreja Nova, e era conhecido pela facilidade em fazer amizades. A cena comoveu outras pessoas que rapidamente correram para ampará-los.

Tiago, segundo amigos, gostava de ficar ao lado do pai. Ele costumava dormir no barraco onde o pai dele trabalhava como vigia de uma draga, no rio Potengi. A elucidação da morte prematura do rapaz, segundo a tia dele, Maria do Socorro, deve ser uma questão de honra para a polícia. “Não vejo motivos para uma barbaridade dessa. A cabeça dele está toda quebrada. Bateram muito nos dois”, disse.

Francisco de Assis era casado e pai de três filhos. Ele morava em Ielmo Marinho e, diariamente, percorria junto com o filho Tiago dois quilômetros de bicicleta de casa até o leito do rio, em Chã do Moreno.

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