As razões são muitas, seja pelo desenho, pela mecânica ou pela tradição. Da qualidade ao vínculo emocional, cada um tem seu pretexto para levar adiante o “hobby” de colecionar veículos antigos. O Antigomobilismo é mais do que reviver bons momentos: é preservar e reconstruir a história por meio de máquinas que fizeram sucesso há mais de 30 anos.
Entre a chegada do precursor do automóvel, o Fardier de Cugno, produzido em 1771, movido a vapor e capaz de atingir 4 km/h e o Triciclo de Carl Benz, considerado o primeiro automóvel da história, se passaram 115 anos. A partir daí, o homem não parou mais de criar em cima das rodas à procura da forma perfeita, da velocidade e da eficiência da tecnologia.
Gosta de automóvel é algo que começa na infância e se prolonga pela vida inteira. Fazer ressurgir das cinzas um carro quase completamente destruído pelo tempo é uma satisfação que só os aficionados entendem. Garimpar no ferro velho e lapidar detalhe por detalhe, até transformar peças retorcidas ou carcomidas pela ferrugem em uma jóia ainda mais reluzente do que em seus tempos áureos é um prazer para os colecionadores.
Criada na Itália, a Romi-Isetta foi o primeiro carro produzido no Brasil, nos idos de 1956. Na inauguração de Brasília, em 1960, Juscelino Kubitschek de Oliveira, então presidente da República, apareceu em público a bordo de uma.
No começo, os automóveis de colecionadores eram, na maioria, da categoria luxo e importados. Isso aconteceu antes da instalação da indústria automobilística nacional. Os veículos antigos eram encontrados somente nas grandes Capitais do País, onde podiam ser vistos em exposições ou desfiles muito raros. A partir dos anos 60, depois que os primeiros modelos passaram a ser produzidos no Brasil, o número de automóveis aumentou, com a criação dos clubes de colecionadores. Em Natal, mesmo, esta editoria fundou, há dez anos, o Veteran Car Club do Brasil Potiguar. O padrinho do clube é o Dr. Og Pozzoli, o mais festejado colecionador de veículos antigos do Brasil, que tem em seu acervo 180 veículos antigos, todos restaurados. Um deles, um Fiat Jardineira, está avaliado em R$ 1 milhão.
Hoje, os colecionadores de car-ros antigos do Brasil estão em torno de 6.000, segundo um levantamento feito pela Fundação Memória do Transporte, sediada em Brasília (DF).
No início da década de 70, a indústria moveleira Lafer lançou uma réplica do automóvel clássico inglês MG TD, ano 50, o “MP LAFER”. Seu motor traseiro, do Fusca, causou arrepios aos entendidos, que então o criticaram severamente. Mas, o despertar de um maior público à graça dos “carros antigos” ocorreu: O “MP Lafer” vendeu bem, pois o público gostou da excentricidade.
No Brasil, até fins da década de 70, colecionar carros antigos se limitava a poucas pessoas, que mantinham em seus galpões e mesmo ao relento, muitos automóveis (dezenas e até mesmo centenas). Normalmente, eram empresários que, além de amarem a cultura automotiva, costumavam viajar ao exterior. Em suas viagens à Europa e Estaos Unidos, observaram que, por lá, além do sempre existente interesse por carros antigos, este vinha crescendo com muita força ao longo das décadas de 60 e 70.
Enquanto as “montadoras” se desdobram em conceber e produzir carros cada vez mais sofisticados e modernos, sejam eles modelos “básicos” ou “luxuosos”, há um grupo que não liga nem um pouco para a tecnologia. Para o “grupo”, o que importa é a beleza do veículo, o grau de raridade e o lugar que ocupa na história da indústria automotiva. Mais do que um simples “hobby”, colecionar carros antigos é uma paixão que, inclusive, leva os adeptos a formar associações cujas metas são cultuar, trocar informações e manter viva a memória do objeto de desejo.