Ramon Ribeiro
Repórter
Resistir é preciso e é isso que o grupo potiguar Clowns de Shakespeare faz ao botar na rua a quarta edição do Festival O Mundo Inteiro É um Palco. Diferente de anos anteriores, a edição de 2016 foi erguida sem grande patrocínio via edital ou lei de incentivo, sendo resultado essencialmente do suor coletivo de diversos artistas e grupos locais e nacionais que se uniram para manter o festival de pé e a cena teatral ativa.
O Mundo Inteiro É um Palco começa na próxima sexta-feira (23), com uma ampla programação que se estende por 11 espaços culturais da cidade em dez dias de atividade. Serão 30 apresentações e a participação de 24 grupos de 07 estados do país.
“É a edição com menos grana, mas que acabou sendo a que tem mais espetáculos. É a que tem a maior programação e a que conta com mais espaços de apresentação na cidade. É uma loucura”, comenta o ator e professor de teatro Diogo Spinelli, novo integrante do Clowns. Diogo se aproximou do grupo em 2009, quando este estava em turnê por São Paulo. Em 2013 chegou a apresentar um mestrado em que o Clowns aparecia como um dos temas. Mas foi em 2015 que o ator largou tudo em São Paulo e veio para Natal integrar o Clowns, onde atualmente coordena o curso “Laboratório da Cena”, em Parnamirim.
Resultado da união da classe teatral potiguar, o festival deste ano conta com uma programação montada na parceria. “A linha curatorial sempre foi baseada na parceria, uma parceria conquistada em mais de 20 anos de história do Clowns. Isso se reflete neste ano. Parcerias com grupos locais e nacionais. Isso é algo que agrega o festival, um festival feito por um grupo de teatro. O espírito de comunidade, a coletividade, a ideia de realização conjunta, independente das condições, isso permeou a construção desse festival”.
Com dez dias de evento, o Festival privilegia variados tipos de teatro, seja de rua, infantil, tradicional e contemporâneo. Na mostra “Lapada de Espetáculos”, formada por espetáculos de outros estados do país, o público poderá conferir, “Prólogo Primeiro”, do grupo Caixa do Elefante (RS), montagem adulta com teatro de bonecos; “Conversas com meu pai”, teatro documental da atriz Janaína Leite (SP); “Ruína de Anjos”, peça itinerante que a A Outra Cia de Teatro (BA) vai apresentar na Ribeira; “Eu sou”, solo de Helder Vasconcelos (PE); “Prometeu”, do Habitat de Atores (CE); e “Aquilo que o meu olhar guardou para você”, do Grupo Magiluth (PE). 
Na Mostra Jerimum, com espetáculos locais, os natalenses terão a oportunidade de rever produções como “Fogo de Monturo”, do grupo Arkhétypos de Teatro; “A Mulher Monstro”, da S.E.M. Cia de Teatro; “Sem Conservantes”, do Gira Dança; “Memórias de Quintal”, da Bololô Cia. Cênica. Há espaço também para estreias, como “Violetas”, solo da atriz Mayra Montenegro, “Sancho Pança – o fiel escudeiro” e “#alôcadocabela”, da Tropa Trupe e a pré-estreia de “Debaixo da Pele”, do Grupo de Teatro Eureka.
Os ingressos custam R$30 (inteira) e R$15 (meia). Estudantes de teatro, dança e moradores de bairros onde se realizarão os espetáculos pagam R$10. Além dessas apresentações pagas, há diversas atrações gratuitas, como a Mostra de Processos, de ensaios abertos dos espetáculos que estão sendo construídos por grupos e coletivos de teatro e dança da cidade.
Diogo lembra que os grupos convidados não estão recebendo cachês de apresentação. “Ninguém está recebendo nada. Os grupos de fora estão vindo por outras parcerias. Está todo mundo nessa onda de fazer junto, mostrar que continuamos resistindo e existindo, apesar da situação atual”.
A criançada também vai poder curtir a programação aos domingos no Parque das Dunas, no qual o Festival apresenta em parceria com o projeto Bosque Encena os espetáculos “Rascunho”, com La Paloma (RN) e “1,2,3…Conto outra vez”, do Grupo Estação de Teatro (RN).
O Festival também é palco de atividades formativas. Duas mesas redondas estão programadas para acontecer no Departamento de Artes da UFRN e na Casa da Ribeira, com os temas “A formação de grupos na contemporaneidade” e “Dramaturgia, processo e coletividade”, respectivamente. Durante as manhãs do Festival também serão ofertadas oficinas a preços populares (e algumas gratuitas) para artistas interessados em mímica, acrobacia, preparação corporal, dramaturgia e atuação.
A 4ª edição do Festival “O Mundo Inteiro É um Palco” é realizado pelo Clowns – idealizador do projeto –, junto com A Bo.Ca. – Espaço de Teatros, Arkhétypos Grupo de Teatro, Atores à Deriva, Bobox Produções, Bololô Cia. Cênica, Cia. Bagana de Teatro, CDTAM, Cia. Violetas, Coletivo Provisório, CORES Teatro, EDTAM, Gaya Dança Contemporânea, GiraDança, Grupo de Teatro Eureka, Habitat de Atores, La Paloma, Pele de Fulô, Praieira Filmes, S.E.M. Cia de Teatro, Sociedade Cênica Trans e Tropa Trupe.
15 dicas da programação
“Debaixo da pele”
Grupo de Teatro Eureka (RN)
EDTAM
Dia 23, às 19h
“Prólogo primeiro”
Caixa do Elefante (RS)
Barracão Clowns
Dias 23, 24 e 25, às 21h
Cortejo de abertura Boi Galado (RN) e Boi Marinho (PE)
Barracão Clowns
Dia 24, às 16h
“Rascunho”
La Paloma (RN)
Parque das Dunas
Dia 25, às 10h
“#alôcadocabelo”
Tropa Trupe (RN)
A Boca
Dia 25, às 19h
“Prometeu”
Habitat de Atores (CE)
A Boca
Dia 26, às 19h
“Conversas com meu pai”
Janaina Leite e Alexandre Dal Farra (SP)
Barracão Clowns
Dias 26 , 27 e 28, às 21h
“Ruína de Anjos”
A Outra Companhia de Teatro (BA)
Largo Dom Bosco em frente ao TAM
Dias 27 e 28, às 18h
“A Mulher Monstro”
S.E.M. Cia de Teatro (RN)
A Boca
Dia 27, às 19h
“Sem Conservantes”
Giradança (RN)
A Boca
Dia 28, às19h
“Palafita”
Grupo Fuzuê (CE)
A Boca
Dia 29, às 19h
“Eu Sou”
Helder Vasconcelos (PE)
Barracão Clowns
Dia 29, às 21h
“Memórias de Quintal”
Bololô Cia Cênica (RN)
A Boca
Dia 30, às 19h
“Tu sois de onde?”
Lineu Gabriel Guaraldo (PE)
Barracão Clowns
Dia 30 e 01, às 21h
“Sancho Pança – O fiel escudeiro”
Tropa Trupe (RN)
Pinacoteca
Dia 01, às 17h
“Casa do Louvor”
Cia. Bagana de Teatro (RN)
Pinacoteca
Dia 01, às 18h
“Aquilo que o meu olhar
guardou para você”
Grupo Magiluth (PE)
Barracão Clowns
Dia 02, às 21h
