quinta-feira, 18 de abril, 2024
28.1 C
Natal
quinta-feira, 18 de abril, 2024

Palocci detalha envolvimento de Lula

- Publicidade -
São Paulo (AE) – O ex-ministro Antonio Palocci afirmou em depoimento à Polícia Federal que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia, desde 2007, do esquema de corrupção na Petrobrás desmantelado pela Operação Lava Jato. No primeiro termo de seu acordo de colaboração premiada, tornado público nesta segunda-feira, 1, pelo juiz federal Sérgio Moro, Palocci relata com detalhes o envolvimento de Lula com o loteamento de cargos na estatal de 2003 a 2014, durante os governos do ex-presidente e de Dilma Rousseff.

Antonio Palocci afirmou que desde 2007 Lula sabia do esquema de desvios na estatal


Antonio Palocci afirmou que desde 2007 Lula sabia do esquema de desvios na estatal

#SAIBAMAIS#Segundo o ex-ministro – que foi um dos mais poderosos auxiliares de Lula, especialmente no primeiro mandato, quando ocupou a pasta da Fazenda -, a distribuição de diretorias da petrolífera tinha como objetivo captar recursos ilícitos para campanhas do PT e de partidos aliados. Conforme a delação, as campanhas presidenciais de Dilma Rousseff em 2010 e 2014 custaram R$ 600 milhões e R$ 800 milhões, respectivamente. O valor somado de R$ 1,4 bilhão supera em quase três vezes o oficialmente declarado ao Tribunal Superior Eleitoral – aproximadamente R$ 500 milhões nas duas disputas pelo Palácio do Planalto.

Palocci relatou também que a “venda de emendas legislativas” era uma das práticas usadas pelos partidos para “fins de financiamento” da atividade política. Ele fala em “venda” de medidas provisórias nos governos petistas, quando foram editadas 623 MPs.

No termo de 16 páginas, o ex-ministro implica Dilma – candidata ao Senado por Minas – e também o ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, atualmente coordenador da campanha de Fernando Haddad (PT) à Presidência da República.

A defesa de Lula, o PT e Dilma afirmaram que Palocci mentiu na delação. O ex-presidente da Petrobrás não se manifestou.

No depoimento concedido no dia 13 de abril na Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná, onde Antonio Palocci e o ex-presidente Lula estão presos, o ex-ministro relata uma conversa que teve com Lula em fevereiro de 2007.

Segundo ele, o petista o levou a um “ambiente reservado” no primeiro andar do Palácio da Alvorada (residência oficial do presidente) para dizer, “bastante irritado”, que tinha tido ciência de que os diretores da Petrobrás Renato Duque (Serviços) e Paulo Roberto Costa (Abastecimento) estavam envolvidos em diversos crimes no âmbito das suas diretorias”.

De acordo com Palocci, Lula perguntou se aquilo era verdade, e o então deputado federal petista confirmou. O ex-presidente teria, então, indagado quem havia nomeado os diretores suspeitos. Segundo o depoimento, Palocci afirmou que ambos haviam sido indicados pelo próprio chefe de Estado e que “estavam agindo de acordo com parâmetros que já tinham sido definidos pelo próprio Partido dos Trabalhadores e pelo Partido Progressista.”

Segundo Palocci, Lula “agiu daquela forma” porque queria saber se o ex-ministro “aceitaria sua versão de que não sabia das práticas ilícitas que eram cometidas em ambas as diretorias”. Ainda de acordo com o depoimento, “era comum Lula, em ambientes restritos, reclamar e até esbravejar sobre assuntos ilícitos que chegavam a ele e que tinham ocorrido por sua decisão” e que “a intenção de Lula era clara no sentido de testar os interlocutores sobre seu grau de conhecimento e o impacto de sua negativa”. Palocci está preso desde setembro de 2016, alvo da Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato. Ele foi condenado por Moro em uma primeira ação a 12 anos e dois meses de reclusão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas