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Pandemia aumenta desafios do Enem

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Cláudio Oliveira
Repórter

A dois meses para a aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), porta de entrada para as universidades públicas no Brasil, estudantes, professores e o próprio Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela organização e execução do Exame, entram na reta final de preparação para este que promete ser o mais desafiador dos Enem’s, em virtude das exigências sanitárias e limitações provocadas pela pandemia do novo coronavírus.  Profissionais da educação orientam que o candidato deve se cobrar menos e reduzir o ritmo, complementando com atividades que lhe causem bem-estar.
Carlos André, diretor do Over, afirma que é possível para quem não estudou focar nessa reta final, mas com dedicação exclusiva
#SAIBAMAIS#As provas do Enem neste ano deverão ser acompanhadas de um rigoroso protocolo sanitário para evitar a disseminação da covid-19 que vai interferir no ambiente das provas. Para a realização das provas será obrigatório o uso de máscara cobrindo boca e nariz, da entrada até a saída do local. Caso o participante retire a máscara durante o exame, será eliminado.

A estudante Letícia Ferreira, 19 anos, se prepara pela terceira vez para disputar uma vaga no curso de medicina e disse que neste ano, foi mais difícil estudar. “Precisei de muita disciplina para estudar de casa. Tive uma estrutura muito boa oferecida pelo cursinho, com professores dedicados e material muito bom, além da disponibilidade para esclarecimento de dúvidas, mas exigiu muito mais do estudante para conseguir manter o foco e o estímulo”, contou a candidata.

O ano atípico tornou mais difícil manter o foco diante da preocupação com a pandemia e o ritmo de estudos.  Maria Luíza Borges, 22 anos, disse que foi necessário recorrer ainda mais aos professores no modelo remoto de aulas. “Exigiu mais concentração, atenção dos professores e apoio da família. O adiamento da data das provas até serviu para compensar o tempo que a gente levou para se adaptar. Agora é focar na revisão porque a aprovação será resultado de todo o ano de estudos”, declarou a estudante.
Estudante Letícia Ferreira, 19 anos, se prepara pela 3ª vez para disputar vaga em medicina e diz que, neste ano, foi mais difícil estudar
As provas que seriam realizadas neste mês de novembro, foram adiadas para janeiro. A interferência da covid-19 também será sentida nos dias de provas. Além do uso de máscaras, os editais n.ºs 54 e 55 determinam que devem ser respeitados o distanciamento entre as pessoas e os protocolos de proteção contra a covid-19 em procedimentos como ida ao banheiro e vistoria de materiais, lanches e artigos religiosos. Também será obrigatório o uso de máscaras pelo acompanhante de mães que estiverem amamentando.

A suspensão das aulas presenciais aumentou o fosso entre os alunos que dispõem de estrutura tecnológica para acompanhar aulas remotas, especialmente os de escolas particulares, e os que não possuem essa estrutura. Contudo, o professor Carlos André, diretor do Over Colégio e Curso, ponderou que no Enem as vagas ficam divididas entre os de escolas públicas e privadas, portanto, os de escolas públicas que enfrentaram mais dificuldades, deverão concorrer entre si.

Além dessa questão, ele avaliou que os candidatos ao Enem se dividem em dois grupos: aqueles que, de alguma forma procuraram estudar o ano inteiro, e outros que só vão se dedicar com mais afinco a partir de agora. “É possível para quem não estudou focar nessa reta final, mas se dedicando exclusivamente a isso. Já aqueles que tiveram uma rotina de estudos intensa ao longo do ano precisam agora reduzir esse ritmo para amenizar o desgaste e entrar na fase de revisão, focando em resolver questões de provas”, orientou.

Para a redação, parte do Exame que preocupa os estudantes, a dica é não tentar adivinhar o tema da prova para não causar expectativas falsas. “Tem que se conscientizar sobre a estrutura da redação, atentando para a ortografia, gramática e construção do texto para que se dê bem com qualquer tema e não ficar esperando cair um determinado assunto e na hora ser outro, tirando a estabilidade”, ressaltou.

Saúde mental deve ser levada em conta pelos estudantes

Quem está vivenciando a maratona de estudos também deve atentar para a saúde mental, que é essencial para manter o autocontrole e concentração. Para a professora de Psicologia do Trabalho da Universidade Potiguar (UnP), Jéssica Soares, o aluno deve evitar se desgastar nessa etapa final e reduzir a intensidade de estudos. “Precisa flexibilizar horários e incluir atividades de lazer que lhe causem satisfação. Encontrar o núcleo familiar e interagir ao invés de se isolar. Curtir música, assistir filmes e realizar atividades de lazer. Depois de passar o ano inteiro de cabeça nos livros, agora precisa mudar o foco um pouco porque se passar 100% do tempo nos estudos vai ter dificuldade para se concentrar”, pontuou.
Jéssica Soares, da UNP, alerta que aluno deve evitar desgastes
Ela ressaltou que adquirir conhecimento num ritmo constante é importante e necessário, mas quando passa a gerar sofrimento, tortura e prejudica o convívio social, não ajuda.  “Quando chega a esse ponto, é preciso procurar ajuda profissional de um psicólogo, que não exclui a contribuição que o convívio familiar e de amigos também proporciona”, frisou.

Outra questão abordada por Jéssica se refere à visão que o estudante deve ter desse processo seletivo para que não seja visto como algo definitivo, sem segunda chance. “Tentar compreender que esse processo de escolha e tentativas não representa o tudo ou nada. O aluno precisa olhar com mais serenidade para esse processo entendendo que, se não consegue a aprovação, não significa que o ciclo se fechou. Apesar de ser um momento de decisão, isso não define, de forma absoluta, o restante da vida, cuja trajetória continua sendo construída. Isso ajuda a passar por esse momento mais tranqüilo”, enfatizou a professora.

A psicóloga relatou ainda que o formato do Enem favoreceu a indecisão, já que o candidato pode cadastrar várias opções de curso e acabar em uma graduação na qual não se identifica por completo. “Esse formato posterga o momento de decisão porque a pessoa acaba deixando a verdadeira escolha para depois e opta por entrar na universidade de qualquer forma.  Sem o processo de reflexão sobre o que gosta, acaba querendo entrar em qualquer curso e mais na frente passará por um processo de reorientação profissional devido a um conflito de carreira”, pontuou.

Exame terá provas impressas e digitais este ano

A pandemia do novo coronavírus provocou mudanças na realização do Enem 2020 que vão marcar a história das provas. Primeiro pela mudança na data, já que é a primeira vez que o Exame não será realizado no ano referência. As provas estavam previstas para este mês de novembro, mas foram adiadas por causa da covid-19 para janeiro com todo o aparato de biossegurança exigido pelas autoridades sanitárias.

Outra mudança que marca a história do Enem neste ano é a implantação das provas em modelo digital, num formato piloto. Dessa forma, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aplicará as provas impressas nos dias 17 e 24 de janeiro e as digitais nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro. De acordo com o Inep, as vagas são as mesmas independente do formato.

As digitais seguem o mesmo modelo das impressas, mas com questões diferentes, com o mesmo nível de dificuldade por causa da Teoria de Resposta ao Item (TRI), método que avalia dados a partir dos erros e acertos dos estudantes, levando em consideração a capacidade de discriminação, grau de dificuldade de cada questão e controle de acerto casual (chute).

Serão quatro provas objetivas e uma redação em Língua Portuguesa que também será impressa para quem escolheu o modelo digital. Cada prova objetiva terá 45 questões de múltipla escolha com tempo de resolução das questões igual para digitais e impressas.

O Instituto tem confirmados 129.033 candidatos potiguares que se inscreveram para o Enem impresso e 2.126 para o Enem Digital, totalizando 131.159 candidatos no Rio Grande do Norte. Em todo o Brasil, se inscreveram 5.687.271 para o Enem impresso e 96.086 para o Enem Digital, totalizando 5.783.357 candidatos nesta edição.

O total de inscritos confirmados representa um aumento de 13,5% em relação ao quantitativo do ano passado. A maioria dos interessados em fazer o Enem 2020 já finalizou os estudos: 65,6% concluíram o ensino médio em anos interiores, um total de 3.794.543 participantes.

As provas digitais serão realizadas apenas em Natal, mas o Inep não informou os locais à reportagem da TRIBUNA DO NORTE. Segundo a assessoria do órgão, a exigência é de que os locais autorizados tenham, ao menos, duas salas adequadas ou dois laboratórios de informática, com dois computadores, no mínimo. Técnicos farão visitas para conferir esses locais. Não será possível fazer a prova digital em computador particular.

As Forças Armadas irão prestar apoio logístico ao Ministério da Educação (MEC). O aval para a atuação das Forças foi dado pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, por meio de portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) da última quarta-feira (18) mesma data em que, a Central de Atendimento do Inep iniciou o período de solicitação para o atendimento especial dos participantes inscritos nas provas do ENEM que estão dentro do grupo de risco para a covid-19. O pedido deve ser feito até às 23h59 do dia 7 de janeiro de 2021 através da Central de Atendimento (0800 616161).

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