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Papa Francisco: seis anos de Pontificado

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Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal

Queridos irmãos e irmãs! Há seis anos, completados no último dia 13, era eleito o 266º Papa, o Cardeal de Buenos Aires, Argentina, Dom Jorge Mario Bergoglio. Ele assumiu o nome, inédito até aquele momento, de “Francisco”. A evocação do santo italiano, conhecido como o “Poverello (Probrezinho) de Assis”, já indicava que o novo Papa elegia a humildade e a simplicidade como marcas de sua missão como Pontífice. Quase programáticas são suas primeiras palavras, dirigidas à multidão reunida na Praça de São Pedro: Irmãos e irmãs, boa-noite! Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma… E agora iniciamos este caminho, Bispo e povo… este caminho da Igreja de Roma, que é aquela que preside a todas as Igrejas na caridade. Um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos sempre uns pelos outros. Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade… E agora quero dar a Bênção, mas antes… antes, peço-vos um favor: antes de o Bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que me abençoe a mim; é a oração do povo, pedindo a Bênção para o seu Bispo. Façamos em silêncio esta oração vossa por mim… Agora dar-vos-ei a Bênção, a vós e a todo o mundo, a todos os homens e mulheres de boa vontade. Sinodalidade, sentimentos de fraternidade e não de superioridade, humildade de reconhecer que o Espírito Santo não está apenas naqueles que tem o dever do ministério sacerdotal, mas em age em todos os batizados, cuja oração sincera chega aos ouvidos de Deus.

Um projeto novo, uma pastoral que seja anúncio de misericórdia e não de poder, o novo Papa expressou no diálogo com os jornalistas, no dia 16 de março, afirmando o porque de sua escolha do nome “Francisco”: “Na eleição, tinha ao meu lado o Cardeal Cláudio Hummes, o arcebispo emérito de São Paulo e também prefeito emérito da Congregação para o Clero: um grande amigo, um grande amigo! E quando os votos atingiram dois terços, surgiu o habitual aplauso, porque foi eleito o Papa. Ele abraçou-me, beijou-me e disse-me: «Não te esqueças dos pobres!» E aquela palavra gravou-se-me na cabeça: os pobres, os pobres. Logo depois, associando com os pobres, pensei em Francisco de Assis. Em seguida pensei nas guerras, enquanto continuava o escrutínio até contar todos os votos. E Francisco é o homem da paz. E assim surgiu o nome no meu coração: Francisco de Assis. Para mim, é o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e preserva a criação; neste tempo, também a nossa relação com a criação não é muito boa, pois não? [Francisco] é o homem que nos dá este espírito de paz, o homem pobre… Ah, como eu queria uma Igreja pobre e para os pobres!”. Nestes últimos meses, quando Papa Francisco insiste que a causa dos abusos na Igreja tem a sua raiz no “clericalismo”, não é difícil reconhecer que esse desejo, expresso não só naqueles primeiros dias de Pontificado, mas em documentos importantes de seu magistério, é o remédio para a renovação da Igreja: Igreja e poder é um perigoso  enlace; Igreja mais preocupada em riquezas do que com a vida dos homens e mulheres, especialmente dos mais pobres e dos abandonados, dos que vivem nas periferias de nossas cidades, é uma Igreja que não respeita o ensinamento do Mestre.

Mas, a grande novidade, certamente não ausente dos Pontificados anteriores, porém, mais ressaltado e mais enfatizado, está centrada no tema da alegria. Ela está presente no documento programático, a Exortação Apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, Evangelii gaudium. Papa Francisco é consciente de que a Igreja vive uma nova etapa evangelizadora, uma mudança de época, mais do que uma época de mudanças (como já tinha diagnosticado o Documento de Aparecida de 2007, que teve como coordenador de redação, o próprio Cardeal Bergoglio). E, nesta nova etapa evangelizadora a alegria de ter encontrado Jesus Cristo é a base para o compromisso missionário, razão pela qual a Igreja vive no mundo. Essa alegria brota do mistério da misericórdia, condição de nossa salvação, celebrada e festejada no Jubileu Extraordinário de 2015-2016, solenemente aberto no 50º aniversario de conclusão do Concílio Vaticano II. Traz-nos muita alegria e satisfação que o Papa latino-americano seja considerado “filho do Concílio”, isto é, um cristão-sacerdote-bispo gerado e formado como fruto da renovação da Igreja, operada pelo Espírito Santo, alegria permanente para os homens e as mulheres. Essa mesma alegria que atinge e renova o amor, pois no amor dos homens e das mulheres, resplandece a Amoris laetitia.

Celebremos esses seis anos de Pontificado. E façamos aquilo que Francisco tanto pede: rezemos por ele.

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